Publicado em: 17 de maio de 2019 08h05min / Atualizado em: 21 de maio de 2019 11h05min
Quatro laboratórios da UFFS - Campus Chapecó são os primeiros da Instituição a serem certificados pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) para que pesquisadores trabalhem com organismos geneticamente modificados. A certificação foi concedida recentemente e dá a possibilidade de que os pesquisadores trabalhem com organismos geneticamente modificados que não sejam potencialmente patogênicos e com material genético que não os faça potencialmente patogênicos.
O procedimento até a certificação é bastante rigoroso e burocrático. O pedido é submetido à CTNBio, já com a indicação do nível de biossegurança que se deseja, com um dossiê que contém, entre outros documentos, três níveis de plantas: 1) uma planta do laboratório, com o posicionamento dos equipamentos, 2) uma planta que posiciona o prédio no qual o laboratório se insere e 3) uma planta que demonstra a localização do prédio no conjunto de prédios do campus. Além disso, o currículo de toda a equipe técnica envolvida com os estudos (professores e técnicos administrativos em Educação que atuam nos laboratórios em questão) e os projetos de pesquisa que serão executados e que necessitam dessa certificação também foram avaliados. Conforme o professor Sérgio Luiz Alves Junior, presidente da Comissão Interna de Biossegurança (CIBio) da UFFS, o Certificado de Qualidade em Biossegurança 1 (CQB) foi concedido aos laboratórios de Bioquímica e Genética, de Apoio, de Microbiologia e de Cultura de Célula, todos localizados no bloco 1. Ainda segundo o professor Sérgio, para o CQB 1, que foi solicitado pela comissão, a CTNBio confia na Comissão Interna de Biossegurança, que avaliou, previamente, a solicitação dos pesquisadores interessados e encaminhou os documentos chancelando o pedido. “Então, a CTNBio, em posse desses documentos, avalia se aquilo que a Instituição solicitou é condizente com o nível de biossegurança e com o que a estrutura predial pode oferecer”.
A CTNBio considerou que um dos protocolos enviados pela UFFS não era condizente com CQB 1. Então, sugeriu que a Instituição fizesse o processo para pedir o CQB 2 ou excluísse o referido protocolo do pedido. Nesse momento, segundo o professor, a CIBio/UFFS julgou prudente retirar o projeto e manter o nível inicialmente solicitado. “Estamos hoje com nível 1, o que não impede que futuramente, se tivermos com nova adequação de procedimentos e da própria estrutura dos laboratórios, a gente possa conseguir chegar a outros níveis. O principal é que com a certificação é possível qualificar as pesquisas”, informa o professor, membro da CIBio e representante do Campus Chapecó, Leonardo Leiria.
O professor Sérgio destaca ainda que a sociedade precisa de mais informação adequada sobre esse tipo de pesquisa. “Há um dogma sobre os organismos geneticamente modificados, como se fosse algo prejudicial à sociedade, e não é verdade. Por exemplo, você pode consumir insulina humana produzida em um organismo geneticamente modificado ou consumir insulina suína. E isso, graças à Engenharia Genética. É importante ressaltar que a Engenharia Genética não serve única e exclusivamente para a obtenção de um produto comercializável. Ela serve para que se consiga estudar os genes isoladamente. Ela nasceu justamente da ideia de se estudar genes isoladamente. Isso só é possível se você fizer uma transformação genética. Então, esse credenciamento abre muitas possibilidades de pesquisa e num nível de impacto muito maior. Quando se mede produção científica, você não mede só por número de produção, mas, sim, por qualificação da produção, e isso gera um impacto de produção muito maior”.
Pesquisas
Uma das pesquisas que vem sendo desenvolvida na UFFS é do professor Sérgio; é uma pesquisa com leveduras para a produção de uma segunda geração de etanol combustível (menos poluente que a gasolina). Para que a produção, a partir de resíduo, seja possível e economicamente viável, é necessário ter micro-organismos para atuar no processo, com características otimizadas. Segundo o professor, uma das possibilidades de obter esse micro-organismo é por meio de modificações genéticas nele. “Sabemos que existe um micro-organismo altamente adaptado ao ambiente para a produção da primeira geração, mas ele carece de alguns genes que o tornariam ótimo para a produção da segunda geração do combustível. E sabemos também que esses genes podem ser encontrados em outras espécies. E se esses genes forem inseridos nesse micro-organismo industrial, ele será capaz de conduzir de maneira otimizada, também, a segunda geração do combustível. Hoje temos duas frentes de trabalho: encontrar na natureza um micro-organismo que já tenha todas as características para o ambiente industrial – o que é bastante difícil já que o ambiente industrial requer seleção - ou fazer uma seleção de genes e inseri-los no micro-organismo já adaptado à indústria. Até então não poderíamos atuar nas duas frentes, mas agora, a certificação permite que trabalhemos nas duas frentes”, explica.
As linhas de pesquisas do professor Leonardo Leiria e da professora Margarete Dulce Bagatini são voltadas a moléculas com potencial antitumoral. “Podemos isolar genes com ação antitumoral, utilizar modelos em animais ou em cultura de células, para verificar a ação desses genes frente a fármacos ou a compostos vegetais, fitoterápicos, extratos que possam ter alguma ação e ver qual a potencialidade disso. Nos abre caminhos bem amplos”. Ele aponta, que também há outros caminhos para serem desenvolvidos: “para o câncer, por exemplo, com o crescimento da farmacogenética e farmacogenômica, para conhecer genes candidatos, que você só vai conhecer com potencial antitumoral para depois fazer uma varredura nos pacientes que tenham esses genes”.
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
20 de dezembro de 2024
Passo Fundo
20 de dezembro de 2024
Pós-Graduação
20 de dezembro de 2024
Cerro Largo
20 de dezembro de 2024
Erechim