Estudantes levam histórias e folclore para a fronteira Brasil – Uruguai
Futuros professores desenvolveram habilidades em apresentações teatrais

Publicado em: 20 de setembro de 2024 12h09min / Atualizado em: 24 de setembro de 2024 11h09min

Teatro, folclore, cultura e língua. Estudantes e professores da UFFS – Campus Chapecó foram para a fronteira Brasil – Uruguai para participações no Festival Artístico das Fronteiras e no Festival Folclórico das Fronteiras.

Trata-se da terceira edição projeto de Extensão “Letras del Alma”, do curso de Letras: Português e Espanhol, coordenado pelo professor Santo Gabriel Vaccaro, que neste ano teve a parceria do grupo de teatro “Contracapa”, coordenado pela professora Solange Labbonia. Pelo projeto, participaram os estudantes Ana Raquel Garcia da Silva, Isabela Machado Recktenvald, Náthaly Alberti e Gabriel César Moura da Silva; e, pelo grupo de teatro, a aluna do curso de Geografia Mariana Parnoff da Cruz. Também houve uma contação de história à distância proferida pela aluna de Letras Stefany Alencar Lira.

Conforme o professor Santo Gabriel, a primeira das apresentações foi realizada no Instituto Livramento, na cidade de Santana de Livramento. Nessa instituição, aconteceu o Festival Artístico das Fronteiras, organizado por ele e pela professora Solange, da UFFS, e das professoras parceiras dos projetos, Magna Regina Felipette Lima e Jussara Ucha Moreira.

“Foi uma apresentação teatral incrível sobre duas cenas do livro Dom Quixote de la Mancha, de Miguel de Cervantes Saavedra. O espetáculo “As aventuras de Dom Quixote”, que teve uma duração aproximada de uma hora, apresentou o ritual no qual o conhecido fidalgo é nomeado cavaleiro andante e o famosíssimo episódio dos moinhos de vento. Vai ser muito difícil esquecer essa irrepetível experiência”, conta ele.

No dia seguinte, ainda no Instituto Livramento, o grupo apresentou “Lendas do Folclore Brasileiro” – apresentação que combinou com a data, a semana do folclore do país. “Alunos, alunas, professoras do Instituto e nós (claro) vibramos com as lendas do Saci Pererê, do Boitatá, da Mula sem cabeça e do Curupira. Também escutamos atentamente a lenda do Negrinho do Pastoreio, contada pela própria diretora do Instituto, professora Jussara. Outro dia inesquecível. Este é o terceiro ano que trabalhamos no Instituto e, sempre, sentimo-nos em família”.

No terceiro e último dia, 22 de agosto (Dia do Folclore Brasileiro), a apresentação foi no marco do Festival Folclórico das Fronteiras, na escola Vitéllio Gazapina. O grupo apresentou lendas, mas houve algumas surpresas. Aos relatos do Saci, do Boitatá, da Mula e do Curupira, somou-se uma apresentação conjunta sobre a lenda da Iara, na qual participaram a aluna do curso de Letras Stefany (à distância), a aluna da escola Vivian Patrícia Soares dos Santos e a professora da Escola Vitéllio Gazapina Daiane Cristina Quadros Gonçalves.

Segundo Laura Hanauer, o projeto é destinado especificamente à apresentação de trabalhos literários e culturais em escolas localizadas na fronteira entre Brasil e Uruguai. As atividades são desenvolvidas no mês de agosto para celebrar o Dia do Folclore Brasileiro. Para participar da viagem, os estudantes elaboraram atividades para apresentar nas escolas. Muitas delas são feitas durante as horas de prática das disciplinas de literatura espanhola e hispano-americanas e já constituem parte dos projetos de extensão.

Ana Raquel Garcia da Silva, que apresentou a lenda Curupira, conta que a experiência superou suas expectativas. “Experimentei o quanto o folclore faz parte da vida das pessoas como sociedade, e mais, o quão rica é a cultura no Brasil, de norte a sul do nosso país”.

A estudante de Geografia Mariana Parnoff da Cruz considera que a experiência foi incrível. “Uma das apresentações mais marcantes foi a contação de histórias no Instituto do Livramento, onde contei a lenda do Saci Pererê para as crianças. A alegria delas e a interação durante a contação fez meu amor pelo teatro crescer ainda mais. A cultura influencia e é influenciada pelo ambiente em que está inserida. Pude observar isso na cidade Santana do Livramento, na fronteira com o Uruguai, lá essa interação é visível nas paisagens, nos idiomas e nas interações entre as pessoas, no dia a dia. Para mim, como estudante de geografia, futura professora e também como amante do teatro, essa experiência mostrou como a arte pode ser uma ferramenta poderosa para explorar e entender o mundo ao nosso redor”.

“É sempre uma satisfação integrar ações de intervenção cultural fora de Chapecó, trazendo vivências para os graduandos que podem experimentar e também pensar em formas didáticas de levar literatura mais densa como a obra de Cervantes para o imaginário de jovens e crianças. Para nós, discentes, o contato mais informal com esse tipo de texto é uma ótima porta de entrada para quem ainda não se sentiu encorajado a encarar centenas de páginas de histórias fantásticas escritas séculos atrás e que nada têm a ver com nossa realidade”, avalia Gabriel César Moura da Silva. Ele diz ter certeza de que todo o envolvimento os aproxima cada vez mais da carreira docente; a satisfação de concluir as apresentações renova o interesse e o gosto pela literatura e pela manutenção da empolgação em em seguir pensando formas leves e marcantes de levar conhecimento para o ensino básico brasileiro.

Oportunidade de aprendizado. É assim que Náthaly Alberti encara a experiência. Somado a isso, ela aponta que a vivência a possibilitou a interação com a língua da fronteira, que carrega particularidades únicas, além do próprio espanhol. “Nas primeiras apresentações todos estavam um pouco nervosos. Começamos arrumando o cenário e nos ambientando com o local, colocando as luzes, som e toda a aparelhagem. Enquanto uns organizavam aqui, outros colocavam o figurino ali. Uma das melhores coisas que o teatro proporciona é a oportunidade de trabalhar em equipe. No fim as apresentações foram incríveis! Ver as crianças e professoras rindo, interagindo conosco e se surpreendendo com a máquina de fumaça tornou tudo mágico. Acredito que todo professor deveria se aventurar nesse mundo teatral, muita da desenvoltura e habilidade que temos que ter em sala de aula são aprofundadas em oficinas ou grupos teatrais, com o ‘Contracapa’, grupo que surgiu na UFFS administrado pela professora Solange Labbonia, que contribuiu muito com as apresentações das lendas em Santana do Livramento. Por fim só posso agradecer pela oportunidade de ter vivido essa viagem, foi muito bom estar em tão boa companhia em um lugar tão distinto. Houve muita risada, passeios por moinhos de vento, vídeos, conversas e aprendizado. Por fim, três vivas para os contadores de histórias! Viva! Viva! Viva!”.

O professor Santo Gabriel, por fim, ressalta a importância da colaboração do grupo de contação de histórias e de teatro “Contracapa”. “A colaboração deu-se em forma de ensaios sobre as lendas apresentadas e empréstimo de itens de cenário, de figurino, de iluminação, além de uma máquina de fumaça e caixa de som. Por último, agradecer a nossa eterna colaboradora e bolsista voluntária, Laura Hanauer, sempre presente nas nossas atividades”.