Publicado em: 03 de agosto de 2017 11h08min / Atualizado em: 04 de agosto de 2017 09h08min
Analisar os impactos na carreira e no desempenho profissional de mulheres que sofrem ou sofreram assédio moral no trabalho. Esse foi o objetivo principal do trabalho de conclusão de curso da estudante do curso de Administração, Tainá Bruna Morandi, sob a orientação da professora Kelly Benetti Tonani Tosta.
Para fazer essa análise, foram caracterizadas as situações em que mulheres sofrem o assédio moral, as consequências na saúde e no trabalho decorrentes do assédio moral sofrido, como também a desigualdade de gênero como fator agravante do assédio moral contra mulheres. Foram levantadas também a percepção de mulheres em relação às práticas de prevenção e combate ao assédio moral e à desigualdade de gênero presente no ambiente de trabalho.
A ideia da pesquisa, segundo Tainá, surgiu do seu próprio questionamento sobre o porquê de tantas condições serem exclusivamente aplicadas para mulheres. “Sempre me questionei por que mulheres tem que estar sempre vinculadas a atividades domésticas e por que as atividades organizacionais mais fáceis são atribuídas às mulheres, entre tantos outros questionamentos que também foram essenciais para que eu escolhesse esse tema”, explicou.
Para ela, não há dúvidas que o assédio moral contra mulheres é alarmante e torna ainda mais dificultosa a ascensão profissional da mulher, o que justifica a importância do tema. “Desse modo, é importante que o assunto seja cada vez mais discutido, para que o debate sobre assédio moral ganhe a atenção das organizações e da sociedade como um todo”, refletiu.
Resultados
A pesquisa demonstrou resultados alarmantes. Cerca de 74% das mulheres relatou ter sofrido assédio moral no exercício de suas funções, sendo que quem mais pratica o assédio moral são as chefias (71%) do gênero masculino (57%). Ainda, a desigualdade de gênero é um fator agravante do assédio moral contra mulheres no ambiente de trabalho, pois há uma visível desigualdade de oportunidade de ascensão profissional (71%) para mulheres em relação aos homens.
Dentre as 11% respondentes que são mães, 56% delas respondeu ter sido prejudicada por ser mãe, seja para ocupar um cargo ou ser contratada por alguma organização. De modo geral, é nítido que as mulheres têm um longo caminho a percorrer em busca de igualdade no ambiente organizacional. “As empresas necessitam pensar de forma estratégica, a fim de diminuir a violência moral contra as mulheres e dar condições igualitárias de carreira e ascensão profissional para ambos os gêneros. As mulheres ainda são fortemente vistas como fragilizadas e submissas, o que facilita a ocorrência das desigualdades organizacionais e dificulta para que elas ocupem funções de altas responsabilidades”, avaliou Tainá.
Nesse sentido, para a estudante, existe a necessidade da criação de políticas organizacionais efetivas, que fomentem um ambiente da não permissão do assédio e garantam que o assediador seja punido e a vítima saiba como denunciar e tenha a quem recorrer. “Desse modo, as mulheres serão encorajadas a efetuar as denúncias e a prática do assédio moral poderá diminuir, proporcionando, além de um ambiente saudável de trabalho, uma cultura de valores morais nas organizações”, ressaltou.
Avaliação da pesquisa
Tainá compreende que a pesquisa foi um passo necessário para trazer o tema à tona, pois como as denúncias ainda são tímidas, é como se isso não acontecesse. “E é um problema sério, com graves consequências para as pessoas e também para as organizações. Mais de 3/4 das mulheres sofrerem algum tipo de violência constante no ambiente de trabalho é um fato gravíssimo e a pesquisa deu voz a essas pessoas que são sistematicamente silenciadas, inclusive culturalmente. O trabalho não pode ser encarado como sinônimo de sofrimento. Desconstruir a cultura machista é um trabalho de formiguinha, que precisa ser feito diariamente”, concluiu.
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