Publicado em: 21 de dezembro de 2016 13h12min / Atualizado em: 09 de março de 2017 13h03min
Abraços, carinhos e sorrisos. É dessa forma que pacientes, familiares e equipe do Hospital da Criança receberam Sofia, uma cachorrinha participante do “Cãopanheiro: Promovendo a saúde e a qualidade de vida de crianças e adolescentes por meio da intervenção assistida por animais”. O projeto surgiu da ideia da estudante de Enfermagem da UFFS – Campus Chapecó, Bruna Narzetti, e aceita com empolgação pela professora Crhis Netto de Brum.
Os primeiros contatos entre Bruna e Crhis – duas pessoas muito apaixonadas por animais, mas que até então não se conheciam – aconteceram no início do ano. Desde março, elas buscaram referências, bibliografia (raras, especialmente as nacionais), estudaram, contataram pessoas que já têm essa experiência, escreveram o projeto, levaram-no a instâncias – como a Comissão de Ética no Uso de Animais (Ceua) da UFFS, o hospital, a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar e o Centro de Estudo do hospital –, conseguiram parceiros, como o major Parizotto, do Corpo de Bombeiros de Xanxerê, que já realiza projeto parecido, e, finalmente, foram ao hospital com a cachorrinha pela primeira vez.
Sofia é uma cachorrinha idosa, calma e com treinamento. Tomou banho – conforme os protocolos recomendam –, foi verificada por um veterinário e recebeu um atestado de saúde para poder entrar no hospital. Por enquanto, quando ela e Summer, um golden retriver que fazem parte do Canil da República Pet e, também, do projeto, forem levar alegria aos pacientes, ficarão na sala de recreação.
Com o tempo e conforme o avançar do projeto, segundo Crhis, há a intenção de que os cães sejam levados nos quartos. Também, nesses primeiros dias, os cães farão somente visitas: com animais e pacientes se reconhecendo e interagindo. Depois, a ideia é que haja a “intervenção assistida por animais”, uma etapa mais avançada, quando se usam materiais e os cachorros para contribuir com a saúde das crianças. Um exemplo é uma brincadeira em que o paciente joga uma bolinha para o cão pegar.
Pelo menos oito crianças, sendo três pacientes oncológicos, brincaram com Sofia logo no primeiro dia em que ela esteve no hospital. Mas os acompanhantes e funcionários – desde os dos serviços gerais, passando pelos profissionais da saúde e chegando até ao setor administrativo – não passaram indiferentes à presença da cachorrinha.
Conforme Bruna, as reações foram de um certo espanto por ver um animal no hospital, que já era seguido de um sorriso . “Uma paciente de uns seis a sete anos abriu a porta e, quando viu a Sofia, suspirou, quase não acreditando no que via. Foi logo brincar com a cachorrinha”, relata. Outro menino, de pouco mais de um ano, de acordo com Crhis, abraçava Sofia e amassava o pelo com as mãozinhas.
“É muito gratificante essa possibilidade de levar um cuidado diferente aos pacientes em um ambiente mais isolado”, comemora Crhis. “Até com os familiares as conversas são outras. É, de fato, um outro olhar para a questão hospitalar”, ressalta ela. “Foi emocionante ver as crianças felizes. Superou todas as expectativas”, confirma Bruna. A receptividade dos profissionais do Hospital da Criança também, conforme elas, foi muito positiva, o que facilitou a trajetória do projeto e atitudes as quais as componentes do grupo agradecem muito.
As idas ao Hospital da Criança serão semanais, com exceção do período de férias da professora. Mas em 2017, os autistas atendidos na Apae de Chapecó também passarão a ter um dia por semana com os cães. Para o futuro, ainda mais material científico será gerado com o projeto: Bruna fará o TCC com essa temática, avaliando a efetividade das intervenções com os cães na saúde das crianças. Pesquisas com base nas atas do trabalho são mais uma fonte para futuras pesquisas e projetos.
Também estão no projeto a estudante Angélica Zanettini, formanda em Enfermagem, o professor Samuel Spiegelberg Zuge, da Unoesc (instituição parceira), a professora da UFFS – Campus Chapecó, Tassiana Potrich, a proprietária da República Pet e tutora da Sofia, Suelyn Galli, a veterinária da mesma pet, Merlin Moura, a Karoliny Franz, tutora do cão Summer. Fazem parte da história do projeto, ainda, o major Parizotto do Corpo de Bombeiros de Xanxerê (que faz adestramentos e está à frente de um projeto naquela cidade), a professora Ariane Guedes, que foi docente da UFFS e agora está na UFPel, a mestranda Viviane Ribeiro Pereira, também da UFPel (que faz a dissertação com este tema). A parceria institucional também está caminhando: uma pesquisa multicêntrica – UFFS, equipe de Xanxerê e UFPel – resultará do trabalho; e a UFFS está contribuindo para que FURG, com a professora Amanda Brum, e Unoesc encaminhem projetos parecidos. Futuramente, o Corpo de Bombeiros de Chapecó estará mais envolvido, já que há cães em treinamento.
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