Projeto de Extensão incentiva crianças do Ensino Fundamental a ler
Contação de histórias e Maleta Literária compõem as atividades do projeto

Publicado em: 12 de junho de 2018 16h06min / Atualizado em: 15 de junho de 2018 17h06min

Crianças sentadas numa sala, ouvindo atentamente. Quem não acredita nessa cena, não conhece o projeto de Extensão "Contação de Histórias da Literatura Nacional e Incentivo à Leitura – Anos Iniciais", desenvolvido pelas estudantes do curso de Pedagogia Victória Louise de Paula Santos Carminatti, Keli Salí Schepaniak e Renata Ocampo Mandracio. A proposta faz parte dos projetos desenvolvidos pelo PET-ALL do Campus Chapecó, e as estudantes bolsistas são orientadas pela coordenadora do Projeto, Ani Carla Marchesan, e pelo tutor do PET-ALL, Eric Duarte Ferreira.

O Projeto objetiva promover contações de histórias infantis de obras nacionais para crianças do Ensino Fundamental, fomentando a leitura e contribuindo para a formação humana, cultural e intelectual dos alunos, já que os livros selecionados abordam assuntos do cotidiano infantil e são discutidos, na forma de debate, ao final de cada contação.

O Projeto foi iniciado em outubro de 2017. Os livros são selecionados para as crianças do Ensino Fundamental I da Escola Básica Municipal Clara Urmann Rosa e cada apresentação é diferenciada: utilizam-se diferentes recursos que valorizam as obras e sua contação, fazendo com que os estudantes se encantem e busquem as obras. E o encantamento é visível nos olhos das crianças que acompanham as contações.

Durante o tempo em que o Projeto está na escola, foram contados os livros: Lalina menina, de Jaqueline Miotto Zolet (2005); O negrinho do pastoreio, de Monteiro Lobato (2007); Cocô de Passarinho, de Eva Furnari (2013), Faca sem ponta, galinha sem pé, de Ruth Rocha (2009); e A velhinha maluquete, de Ana Maria Machado (1998).

Para a professora e coordenadora do projeto, Ani Carla Marchesan, as contações de histórias incentivam o prazer pela leitura, estimulam a imaginação das crianças, além de desenvolver o senso crítico, aprimorar a linguagem oral e criar o hábito de escutar histórias, estimulando a concentração. “Já para as estudantes que desenvolvem as atividades, além de contribuir para a formação acadêmica, inserindo-as nos espaços não formais de educação, há o desenvolvimento do senso crítico durante as escolhas dos livros e a responsabilidade”, explicou.

Repercussões
A bolsista Victória Louise afirmou que a execução do projeto proporcionou a liberdade de se basearem em um referencial teórico que defende uma educação libertadora e que valoriza os aspectos sócio-históricos de cada indivíduo. “Além do mais, nos aproximamos da realidade da escola pública, o que nos faz perceber como se dá a luta por uma educação pública de qualidade e os esforços de transformar o currículo e a estrutura da escola em algo menos engessado e limitado”.

Ainda para ela, perceber os olhares atentos, os sorrisos e as indagações causadas nas crianças durante as contações foi algo estimulante. “Notamos que a cada contação os educandos mostraram-se mais falantes, mais participativos e mais críticos. Isso mostrou que conseguimos criar uma relação de confiança e respeito, em que todos se sentiam confortáveis para se expressar. As crianças perceberam que não há apenas um modo de ler um livro, nem apenas um modo de contá-lo e muito menos um ponto de vista relevante sobre cada história”, refletiu.

Para a bolsista Keli Salí Schepaniak, o projeto enriquece a formação das crianças, estimulando a reflexão crítica sobre aspectos abordados na obra e isso desenvolve um impacto na transformação social destes sujeitos em formação. “Ainda a comunidade acadêmica se envolve, já que os voluntários, em geral, são estudantes da UFFS, assim antes mesmo da conclusão do curso podem desenvolver atividades de Extensão, divulgando a UFFS como agente promotora de projetos deste cunho, consolidando a via de mão dupla com a comunidade na qual a Universidade está inserida”, afirmou.

Na escola, as opiniões sobre o desenvolvimento do projeto também são positivas. A pedagoga do 1° ao 5° ano, Patrícia Resmini, avaliou as atividades como maravilhosas por, principalmente, fazer com que despertassem o interesse dos estudantes pela leitura. “Aguçou muito a curiosidade deles, que sempre voltavam das contações falando das histórias, melhorou a expressão oral, o interesse pelos livros”.

A parceria com a Universidade também é destacada pela pedagoga. “Essas parcerias ajudam muito, pois são pessoas diferentes, pensando e fazendo coisas novas, interagindo, é muito positivo”, concluiu.

Maleta Literária
O projeto “Maleta Literária” é uma experiência dentro do projeto de contação de histórias. A ideia surgiu após as bolsistas perceberem que os alunos da escola sentiam vontade de contar as histórias dos seus jeitos e que faltava espaço para isso.

Para dar vazão a essa vontade, foi proposto para as professoras da escola a "Maleta Literária". Foram compradas maletas plásticas, identificadas com o nome da turma e entregues às professoras. As maletas são levadas para casa pelos alunos com livros e com um caderno de registros. O aluno lê com a família o livro e, no retorno da maleta, ele conta para a turma a história lida (além de registrar a história no caderno de registros).

O objetivo também é fomentar a leitura prazerosa nas crianças, desenvolvendo senso crítico, aprimorando a linguagem (oral e escrita), estimulando a concentração, a responsabilidade e a criatividade. Procura-se também incentivar nos educandos a expressão e, principalmente, que o educador, que é sem dúvidas o mediador central do percurso formativo, participe ativamente do legado deixado pelas petianas que executam o projeto “Contação de histórias”.

Para a bolsista Renata Ocampo Mandracio, as crianças mostraram-se bastante empolgadas com a ideia, pois, a partir dela, puderam exercitar a imaginação e tornar-se pequenos contadores de histórias para seus colegas e familiares. “Ao final, recebemos muitos elogios de professoras e funcionárias da escola, que nos contaram como as crianças estão mais interessadas na literatura e empolgadas com todas as novidades que trouxemos, e também como melhoramos ao longo das contações. Tudo foi muito proveitoso e emocionante. Acredito que as professoras continuarão estimulando os alunos com as leituras e pequenas contações através da maleta literária”, relatou.