Publicado em: 21 de julho de 2017 10h07min / Atualizado em: 25 de julho de 2017 15h07min
O trabalho “Mulheres camponesas no Oeste de Santa Catarina: a vigilância em saúde ambiental por meio de práticas integrativas”, que tem coautoria da professora do curso de Medicina do Campus Chapecó, Jane Kelly Oliveira Friestino, recebeu o prêmio “Ações desenvolvidas por movimento social que contribuíram para o aprimoramento da vigilância em saúde”, depois de ser apresentado na Mostra nacional de experiências bem-sucedidas em epidemiologia, prevenção e controle de doenças - 15° Expoepi, na modalidade Intervenção Social, em Brasília-DF.
O trabalho apresentado teve como objetivo relatar a experiência do Grupo de Mulheres Camponesas de Palmitos-SC na busca de reunir pressupostos da Epidemiologia Ambiental à ações de promoção da saúde por meio das práticas integrativas e saberes medicinais.
Na sua prática, o Movimento das Mulheres Camponesas buscou aplicar métodos da Epidemiologia Ambiental para compreender as relações entre o meio ambiente e a saúde, atentando para as características especiais do ambiente que interferem no padrão de saúde da população. A partir de uma experiência anterior, de formação de hortos medicinais distribuídos no município, foram realizadas oficinas de plantas medicinais e aromáticas para tratar temas do cotidiano dessas mulheres como, por exemplo, desmatamento, perda de fertilidade de solo, contaminação pelo uso intensivo de agrotóxicos e produção agroecológica.
Embora a prática tenha sido realizada nas propriedades familiares, com presença dos participantes in loco, as oficinas foram ministradas por profissionais que atuam na área no município, incluindo um assistente social, um técnico agrícola de uma instituição local e líderes comunitárias engajadas no tema.
Durante o ano de 2015, foram realizadas oficinas programadas sistematicamente, atendendo seis grupos de fitoterápicos do município, contribuindo para a formação de lideranças locais, com exposições de plantas medicinais trazidas pelas participantes, proporcionando um momento de discussão sobre o uso. Também foram realizadas rodas de conversa sobre substâncias químicas toxicológicas e princípios farmacológicos das plantas, bem como forma segura e correta da colheita, armazenamento, preparo e posologia.
Para a professora Jane, as oficinas tornaram-se um espaço de interlocução entre os diferentes saberes presentes no território, além de serem consideradas um laboratório vivo para tratar de práticas integrativas, como é o caso dos fitoterápicos e saberes medicinais. “Esses espaços de troca de experiências foram marcados pelo protagonismo dos atores sociais no desenvolvimento de cada comunidade. Foram momentos de aproximação com a comunidade sobre um tema de saúde que podem proporcionar a elaboração de políticas públicas, para que sejam compatíveis com a realidade local”, concluiu.
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