Publicado em: 06 de setembro de 2016 14h09min / Atualizado em: 04 de janeiro de 2017 11h01min
Estudantes de Pedagogia e de Letras da UFFS – Campus Chapecó estão aprimorando seus saberes, de forma prática, em espaços não formais de aprendizagem. Trata-se de mais uma ação do Programa de Educação Tutorial (PET) Assessoria Linguística e Literária. As atividades acontecem no Abrigo Municipal e no Verde Vida.
Conforme a coordenadora geral, professora Mary Stela Surdi, o PET – Assessoria Linguística e Literária tem foco no Ensino, na Pesquisa e na Extensão. No abrigo e no Verde Vida, os estudantes são estimulados a atuarem na Extensão, já que é uma conexão entre a Universidade e a comunidade. “A missão do PET é fazer ações que permitam vivências aos estudantes, com uma formação mais sólida”, afirma ela.
Sobre serem espaços não formais de aprendizagem, a professora considera um desafio. “São necessárias dinâmicas próprias para trabalhar com esse público, porém a experiência contribui muito com uma formação mais ampla, já que o estudante precisa levar em conta todo o contexto destas crianças e adolescentes, ou seja, toda a complexidade da realidade”, pontua.
Para ela, todos ganham com o PET: estudantes, que aprendem com as vivências; a Universidade, que ganha visibilidade; e os espaços, que recebem as atividades. Além disso, é mais uma forma de inserção da UFFS na comunidade. “Mostramos a Universidade como um espaço possível às crianças e adolescentes. Se estamos lá, eles também podem estar aqui”, ressalta ela.
Além das estudantes, professoras voluntárias atuam nas duas frentes: Lisaura Beltrame, de Pedagogia, no Abrigo; e Cláudia Rost Snichelotto, de Letras, no Verde Vida.
Conforme Lisaura, que atua há seis meses na orientação das bolsistas, as atividades lúdicas e educativas têm três focos: para bebês, crianças até cinco anos e pré-adolescentes. A principal questão é que sejam momentos prazerosos, com histórias, músicas, poesias e momentos de brincar. Segundo ela, o Abrigo recebe muitas doações, mas o trabalho que precisa ser feito é ressignificar, tanto brinquedos, como espaços.
“Não é um trabalho muito fácil. Na Pedagogia preparamos os futuros profissionais mais para a atuação nas escolas e acabamos não discutindo tanto os espaços não formais de aprendizagem”, avalia. No Abrigo, segundo ela, às vezes há uma resistência por parte dos mais velhos. “É necessário preparar as bolsistas para estarem apropriadas das realidades”, indica.
E o trabalho com o Abrigo pode ir além. Conforme a professora, as interrogações que ficam depois de cada ida ao local são possíveis fontes de pesquisas. Embora desafiador, a professora acredita que a preparação, os estudos, a produção de materiais e a própria vivência trazem uma contribuição muito significativa às estudantes.
É o que sentiu a agora pedagoga Gianna Marin. Formada recentemente, em agosto, ela atuou no Abrigo no ano de 2013 e durante seis meses de 2016. “Sem dúvidas foi uma das melhoras experiências que tive durante minha trajetória acadêmica, contribuiu muito para minha formação, ampliou meus horizontes, demonstrou que a área de atuação do pedagogo não se limita à sala de aula, uma vez que vários espaços necessitam de saberes pedagógicos. Lidar com diferentes situações neste espaço ajudou a compreender a importância do profissional em pedagogia na sociedade”, explica ela.
Atualmente estão no Abrigo as petianas Genessi Dall Agnol, Keli Salí Schepaniak, Suélen Alessandra Barro e Michele de Melo Nenes. Para Michele, a experiência é, de fato, desafiadora. “Apesar das crianças terem uma história de vida difícil, elas são como quaisquer outras crianças - que precisam ser acolhidas e atendidas com todo cuidado e carinho. E com certeza esse trabalho exige muito de nós de estar sempre planejando e preparando as atividades. Com certeza estou levando uma grande experiência tanto na vida pessoal como na vida acadêmica”, frisa a petiana.
No Verde Vida, a professora Cláudia relata, também, desafios e potencialidades. Lá, as estudantes Ana Paula Reis e Francine Mendes trabalham com reforço escolar de Português, especialmente nas habilidades linguísticas e oralidade. São aproximadamente três horas com os adolescentes.
Para tanto, fazem encontros quinzenais presenciais de planejamento e trocam informações praticamente todos os dias pela internet. Estimulam a escrita, identificam problemas e procuram analisar os casos e pensar nas respostas a cada um deles. Nas atividades, levam filmes, conversam, pedem trabalhos escritos.
Conforme a estudante Ana Paula, o contexto é especialmente importante. “Às vezes eles não apresentam muitas perspectivas de vida. Temos que apresentar algumas possibilidades de mudança. É por isso, também, que falamos sobre a possibilidade de estudarem na UFFS, estudarem e talvez poderem melhorar o padrão de vida”, ressalta.
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