Publicado em: 05 de julho de 2018 12h07min / Atualizado em: 06 de julho de 2018 10h07min
À primeira vista, muita gente pode se perguntar qual a relação do tema “Violência contra os idosos” e a Medicina. Um grupo da quarta fase do curso da UFFS – Campus Chapecó mostrou, em um vídeo de dois minutos, o quanto os dois assuntos têm a ver. E mais: quanto o assunto é importante e, ao mesmo tempo, pouquíssimo abordado.
Foram leituras, aprofundamento, pesquisa, produção de conteúdo, filmagens e edição. No último mês, o vídeo foi “lançado” para contribuir com o “Junho Violeta”, campanha de conscientização e mobilização contra a violência à pessoa idosa. O grupo foi formado pelos estudantes Brenda Thomas, Maurício Lanzini, Sofia Belfort Bomfim, Gabriela Costa Massarani e Emely Hertz Bonetti.
O trabalho – praticamente um processo: planejado, estudado e analisado – levou quatro meses para ser realizado e fez parte das atividades de Ensino e Extensão do componente curricular Saúde Coletiva, ministrado pela professora Agnes Crunivel. Segundo ela, uma das propostas do curso é atuar com metodologias ativas de ensino. Nesse caso, a ideia era que os estudantes se envolvessem de maneira diferente do tradicional e que fizessem “algo de fácil compreensão para a população sobre um assunto que pouco é divulgado”.
“O que vimos de vantagem, também, é que fazendo o vídeo não apenas aprenderíamos, mas estaríamos servindo a população de alguma forma”, ressaltou Gabriela. “Li que no Brasil são quase 50 mil pessoas com cem anos ou mais. A tendência da nossa população é o envelhecimento, e precisamos oferecer um envelhecimento com qualidade. Precisamos mudar essa cultura (de pouca valorização dos idosos), não só aos adultos, mas também com as crianças” destacou ela.
A relação do assunto com a Medicina, assim, logo ficou clara. “Para nós, a Medicina trabalha com pessoas. Como futuros profissionais de saúde, toda testemunha de agressão contra um idoso ou de suspeita de qualquer tipo de violência tem que ser notificada. Isso dentro do Estatuto do Idoso ultrapassa aos profissionais de saúde: serve a todo o cidadão. É um compromisso que temos como profissionais e como cidadãos”, frisou Maurício. Ele também apontou que é é necessária uma mudança cultural. “Temos que ter essa transição além da demográfica (quando cada vez mais pessoas estão envelhecendo mais e temos que lidar com isso na Saúde Pública), a cultural, entendendo que os idosos estão cada vez mais presentes no nosso cotidiano e como vamos adaptar nossa sociedade frente a esse fenômeno”.
Sofia lembrou que, muitas vezes, não é fácil identificar casos de violência. “Nem sempre a pessoa vai chegar com um hematoma ou um braço quebrado. Às vezes, ela estará apenas cabisbaixa. Por isso é importante abordar esse assunto. Precisamos saber como identificar essas pessoas para depois poder planejar ações para diminuir esse quadro”. Complementando, Gabriela indicou que a violência não é somente física e pode estar oculta – pode ser medicamentosa (quando alguém próximo medica o idoso inadequadamente de propósito), verbal, psicológica.
Brenda ainda destacou que naturalmente o idoso recorre mais aos serviços de saúde. “Com os problemas de violência, piora o quadro do idoso. E nós precisaremos identificar esse tipo de situação”.
O trabalho foi bastante proveitoso, na opinião dos estudantes. Gabriela contou que nunca havia se colocado no lugar do idoso. “Depois da experiência – com leitura de artigos e pesquisas – passei realmente a entender o que passam os idosos. Mudou não só a forma com que estou agindo com os meus familiares, como acredito que, com certeza, ajudará muito no meu atendimento aos pacientes idosos”.
A professora Agnes explicou que uma das etapas do trabalho do grupo foi visitar o Centro de Convivência dos Idosos (CCI) para ter o contato mais próximo. “Foi uma visita que mexeu muito com eles, no sentindo da humanização, entender as necessidades, conhecer a história de cada um e o papel da sociedade frente a esses desafios. Senti um desenvolvimento muito grande deles a partir dessa visita”. Outro grupo, segundo ela, visitou famílias acolhedoras, que recebem idosos em casa para os cuidados, mas também para a integração com as pessoas.
Na turma, além do grupo que estudou a violência contra os idosos, foram formados outros dois: o primeiro estudou o cuidado com o idoso nas residências, e o segundo, a promoção e preparação para o envelhecimento saudável.
O componente curricular já está encerrado, mas o aprendizado ficou. E a lembrança – aos futuros médicos e todos os cidadãos – também: no caso de violência, disque 100. A denúncia pode ser anônima. O vídeo pode ser assistido na página da UFFS - Campus Chapecó no Facebook.
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