O Auditório do Bloco dos Professores ficou lotado para a aula inaugural da Especialização em Ensino de Língua e Literatura e para a Aula Magna do curso de Letras do Campus Realeza. O evento foi realizado na última sexta-feira (6), sendo o foco da palestra a "Prática de Análise Linguística e sua relação com os gêneros discursivos", ministrada pela professora Dra. Terezinha da Conceição Costa-Hübes (Unioeste - Cascavel). A abertura do evento também contou com uma apresentação do Grupo Teatral La Broma, que fez uma encenação poética do poema Cantiga de Enganar, de Carlos Drummond de Andrade.

Sobre a temática, a palestrante apresentou concepções de linguagem e teorias sobre a prática de análise linguística, destacando como estão presentes em todos os documentos pedagógicos, que fundamentam o ensino da Língua Portuguesa. "Hoje o ensino da Língua Portuguesa é pensar na prática de leitura, de produção de texto, de análise linguística", destacou Terezinha.

Professora Dra. Terezinha da Conceição Costa-Hübes durante a palestra (Ariel Tavares/UFFS)

A pesquisadora fundamenta-se na concepção dialógica de linguagem presente em estudos de Mikhail Bakhtin e João Wanderley Geraldi, assim como em outros pesquisadores nessa mesma área. A palestrante destacou que ainda a gramática de Língua Portuguesa é ensinada de maneira descontextualizada, com frases soltas, apesar de haver tentativas de se trabalhar com a prática de análise linguística em textos de efetivo uso na sociedade.

"Se trabalha com a leitura, a produção de texto, mas a prática de análise linguística ainda não está bem esclarecida. Se olharmos para os livros didáticos, que subsidiam o trabalho do professor em sala de aula, iremos encontrar tentativas, mas eles ainda não dão conta de sustentá-la", apontou a professora com base em pesquisas realizadas em seu programa de pós-graduação e outros pelo Brasil.

A coordenadora do curso de Especialização, Sabrina Casagrande, comentou que o trabalho com a Língua Portuguesa na escola, a partir de uma abordagem de prática de análise linguística, tem um grande potencial para a construção da cidadania. "Se o professor continua trabalhando somente com nomenclatura, por exemplo, esse é um verbo x, um substantivo y, não chamando atenção para como esses elementos podem produzir sentido na língua, nos diferentes espaços em que ela se realiza, ele não estará construindo conhecimentos sobre a língua para a construção dessa cidadania", disse.

Grupo Teatral La Broma fez uma encenação poética do poema Cantiga de Enganar, de Carlos Drummond de Andrade (Ariel Tavares/UFFS)