Publicado em: 24 de abril de 2019 13h04min / Atualizado em: 25 de abril de 2019 14h04min
Blackflies, jejene, piuns, casaquinhos-de-couro ou como se conhece na região, borrachudos. Esses organismos que vivem em ambientes de rios, são um dos grupos de insetos mais abundantes dentre a fauna dos ambientes de águas correntes, com 2.351 espécies válidas. Eles estão presentes em quase todas as regiões do planeta, com exceção da antártica. No Brasil, são listadas 93 espécies e no Rio Grande do Sul, existem 30 espécies de borrachudos. As picadas desses insetos podem ocasionar uma série de problemas a seus hospedeiros (aves, mamíferos e seres humanos), como incômodos, reações imunológicas e transmissão de doenças.
Como na região da bacia do rio Piratinim localizada no noroeste do Rio Grande do Sul há problemas com borrachudos, também chamados de simulídeos, a pesquisadora Tieli Cláudia Menzel realizou um estudo para compreender quais são as espécies que existem nesta bacia hidrográfica e como estão distribuídas. A pesquisa foi realizada durante seu mestrado em Ambiente e Tecnologias Sustentáveis da UFFS – Campus Cerro Largo. “Essas informações colaboram com programa controle do Simulídeos no Rio Grande do Sul”, explica Tieli. Ela também informa que os estudos com esse viés no Brasil foram realizados, até então, principalmente nos biomas da Amazônia e Mata Atlântica. “No Pampa, o estudo é inédito, ou seja, foi realizado pela primeira vez. Ainda, em geral, a variação das espécies em escalas menores (no caso a escala local deste estudo) é estocástica, ou seja, aleatória, não se repetindo da mesma forma em outro local. Assim, são necessários mais estudos, abrangendo também outros biomas e um grande número de localidades para comparação de resultados”, acrescenta.
Ela avaliou quase 10 mil larvas e pupas (formas imaturas dos borrachudos), coletadas em 2017 e 2018, identificando a presença de 9 espécies diferentes de borrachudos nessa bacia. “Simulium pertinax, que é considerada a espécie que mais exerce influência negativa na qualidade de vida das pessoas no sul do Brasil, foi coletada em maior número, representando 45,62% de toda amostra”, afirma. Essa espécie está presente em maior quantidade nos ambientes de nascente, e mostram preferência por locais estreitos e mais frios. “Isso indica que as medidas de controle mais urgentes podem ser aplicadas nesses ambientes”, explica.
As espécies Simulium orbitale e Simulium jujuyense preferem áreas de foz que apresentam maior temperatura da água e são mais largos.
Foram selecionados seis diferentes riachos do rio principal, sendo dois localizados na região do Alto Piratinim (arroios Chuní e Itú), dois no médio Piratinim (arroios Ximbocú e Santana) e os outros dois no Baixo Piratinim (arroios Ivaí e Guaracapa). Em cada riacho foram definidos três pontos amostrais: trecho de nascente, trecho médio, e foz. Em todos os locais foram coletadas também as variáveis ambientais como temperatura, pH, condutividade elétrica, oxigênio dissolvido, pressão atmosférica, salinidade, largura dos riachos e presença ou ausência de cobertura do dossel.
Tieli destaca que “estudos nesse sentido são muito importantes, pois podem auxiliar no planejamento da conservação ambiental, já que é necessário entender a situação de um ecossistema para elaboração de métodos de controle eficientes, prezando pela integridade dos ambienteis aquáticos”, argumenta.
A dissertação está intitulada “Distribuição Espacial e Temporal de Simuliidae (Diptera:Culicomorpha) em uma Bacia Hidrográfica do Bioma Pampa, no Sul do Brasil” e foi orientada pelo professor da UFFS Milton Norberto Strieder e coorientada pelo professor David Augusto Reynalte Tataje. Mais informações sobre o estudo podem ser solicitadas pelo e-mail: tielimenzel@hotmail.com.
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