Boletim climático do trimestre indica chuvas abaixo da média e com distribuição irregular
A estimativa é de poucas e mal distribuídas precipitações para os meses de dezembro, janeiro e fevereiro na região das Missões.

Publicado em: 20 de dezembro de 2021 17h12min / Atualizado em: 21 de dezembro de 2021 08h12min

O boletim climático do trimestre dezembro-janeiro-fevereiro (DJF), elaborado pelos professores da UFFS - Campus Cerro Largo, Anderson Spohr Nedel e Sidinei Zwick Radons apresenta a influência do fenômeno La Niña, no Oceano Pacífico Equatorial (região do Niño 3.4 apresentou Temperatura da Superfície do Mar - TSM).  No Oceano Atlântico Sul, a  TSM tem mostrado um aquecimento no litoral sul do Rio Grande do Sul e do Uruguai.

As últimas rodadas dos modelos climáticos mantêm a influência da La Niña para todo o verão, com auge nos meses de novembro (passado) e dezembro. Segundo a Nacional Oceanic Atmospheric Administration (NOAA), há uma probabilidade de 95% de continuidade do fenômeno nos meses de verão, e 60% de chance de um período neutro (normalidade), durante os meses de abril a junho. Apesar de haver de chuvas abaixo da média (no mês de dezembro), os meses de janeiro e fevereiro tendem a apresentar chuvas próximas à normalidade; em caso de persistência das anomalias positivas nas temperaturas das águas no Atlântico (Sul), devem ocorrer precipitações na região. A estimativa é de o total de precipitações no trimestre DJF ficar ligeiramente abaixo do normal (especialmente devido a dezembro). Para dezembro, os modelos estimam chuvas bem abaixo da média climatológica (que é 161 mm). Para janeiro e fevereiro, os acumulados de chuva devem ficar dentro do normal na região (que é 143,5 mm e 165 mm, respectivamente), considerando a média climatológica 1981-2010 da estação meteorológica de São Luiz Gonzaga/INMET.

As precipitações no mês de novembro foram irregulares, mal distribuídas e bastante abaixo da normalidade na região das Missões (Figura 1).

Com relação às temperaturas, os modelos climáticos estimam para os meses de dezembro, janeiro e março, temperaturas acima da normalidade, devendo atingir valores próximos a 40°C. Destaca-se, porém, o fato de que as noites/madrugadas do mês de dezembro devam apresentar temperaturas abaixo da normalidade, portanto, mais frias do que o normal. A média das temperaturas na região para o mês de dezembro é 25°C; 26°C para janeiro; e 25°C para fevereiro (considerando a estação INMET/São Luiz Gonzaga/1981-2010).

As temperaturas no mês de novembro experimentaram marcas elevadas na região, chegando aos 40 graus em São Luiz Gonzaga no dia 24, em uma condição pré-frontal (Figura 2). Em Porto Xavier, onde mais choveu, chegou-se ao valor de 128 mm (80% da normal), enquanto que em Cerro Largo (centro), choveu apenas 56 mm, cerca de 35% da normal climatológica, que é de 161 mm. Assim, reitera-se a recomendação de atenção especial dos produtores ao conforto térmico animal (stress térmico por calor), especialmente de bovinos leiteiros, aves e suínos, que são cadeias muito importantes na região. O estresse por temperaturas elevadas pode causar severos prejuízos nestas atividades, impactando a produção diária de leite e o ganho de peso.

A condição meteorológica no trimestre dezembro-janeiro-fevereiro é muito importante para o enchimento de grãos da cultura do milho safra, implantação do milho safrinha e da cultura da soja no Rio Grande do Sul. No mês de novembro, a ocorrência de chuvas em geral apresentou valores muito heterogêneos (Figura 1). Ainda, essas chuvas ocorreram de maneira concentrada em alguns dias, proporcionando algumas janelas para a semeadura da soja. Entretanto, a cultura do milho tem demonstrado desenvolvimento abaixo do razoável até o momento, devido ao déficit hídrico, pois esta cultura é muito exigente em água. O prognóstico de chuvas abaixo da média no mês de dezembro é preocupante para as culturas de milho e soja, com potencial para prejudicar o seu enchimento de grãos e o desenvolvimento inicial, respectivamente. A diminuição da intensidade do fenômeno La Niña no início de 2022 segue como um sinal de esperança para a safra de soja que está se iniciando. Confirmando esse prognóstico, ainda é possível que haja uma safra satisfatória na região.

Recomenda-se que os agricultores mantenham diálogo constante com os profissionais que acompanham o planejamento e a execução de sua produção, visando estabelecer as melhores estratégias para minimizar impactos de possíveis condições meteorológicas adversas.

 

**O boletim climático e interpretação agronômica faz parte do Projeto de Extensão "Difusão da previsão meteorológica e climática a comunidade regional" coordenado pelo professor Anderson Spohr Nedel, com a colaboração do professor Sidinei Zwick Radons.