Publicado em: 30 de setembro de 2024 14h09min / Atualizado em: 30 de setembro de 2024 14h09min
O boletim climático trimestral de 2024 (setembro, outubro e novembro) coordenado pelo professor Anderson Nedel, com colaboração do professor Sidinei Radons – da UFFS/Campus Cerro Largo, apresenta para os próximos três meses tendência de precipitações abaixo da normalidade climática na região das Missões.
As temperaturas das águas da superfície (TSM) no oceano Pacífico tropical se apresentaram (nas últimas semanas) com valores ligeiramente abaixo do normal, e, apesar de caracterizarem um período de neutralidade climática, indicam, para os próximos meses (SON), possibilidade de desenvolvimento do fenômeno do La Niña (fraca), o que acarretará em diminuição (e má distribuição) das chuvas (abaixo do normal) na região das missões do Rio Grande do Sul. A maior intensidade do fenômeno La Niña deverá ocorrer nos meses de novembro e dezembro. A previsão da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), mostra haver possibilidade deste fenômeno persistir até o primeiro trimestre de 2025.
A previsão por conjunto de modelos climáticos estima precipitações ligeiramente (pouco) abaixo da normalidade para o trimestre. Para os meses de setembro e outubro as precipitações devem ficar pouco abaixo da média climatológica (que é 147mm e 264mm, respectivamente). Para novembro (mês do trimestre com maior influência do La Niña) as projeções são para ocorrências de chuvas abaixo da normalidade (que é de 170mm). Ressalta-se, entretanto, que precipitações devem ocorrer de maneira mal distribuída na região e manter como característica grandes volumes de chuva ocorrendo em curtos períodos de tempo (como já vem acontecendo) e vir acompanhadas, pontualmente, de temporais isolados, queda de granizo e ventos fortes.
Com relação às temperaturas, os modelos climáticos estimam um trimestre com comportamento bastante acima do normal para trimestre, especialmente, setembro e novembro.
A Figura 2 (a, b) apresenta uma comparação das precipitações e temperaturas do ar ocorridas na estação meteorológica do campus da UFFS/Cerro Largo, em 2024, 2023 e suas respectivas climatologias.
Agronomicamente, o período entre setembro e novembro é de grande importância para a colheita do trigo e para a definição da produtividade da primeira safra de milho no Rio Grande do Sul. Além disso, esse trimestre marca o início do plantio da soja. A previsão de chuvas abaixo da média traz, por um lado, boas expectativas para os agricultores, que vislumbram uma boa colheita de trigo. Por outro, a redução das chuvas pode comprometer o enchimento dos grãos de milho e dificultar o estabelecimento das lavouras de soja.
O produtor deve, junto com o profissional que lhe oferece assistência técnica, avaliar o melhor momento para a semeadura da soja e demais atividades, levando em consideração as previsões climáticas futuras, que já fornecerão uma perspectiva para o verão de 2023. Um leve adiamento do plantio pode ser vantajoso, considerando uma possível redução da intensidade do La Niña nos meses de janeiro, fevereiro e março. No entanto, para o trigo, é essencial que o agricultor aproveite os períodos adequados para a colheita. Diante da previsão de temperaturas acima da média, será necessário também cuidar do conforto térmico dos animais, já que essas condições podem gerar estresse calórico, com consequentes perdas na produção.
É recomendável que os agricultores mantenham uma comunicação constante com os profissionais que auxiliam no planejamento e execução de sua produção, buscando estratégias para reduzir os impactos de possíveis adversidades climáticas.
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