Publicado em: 04 de abril de 2018 16h04min / Atualizado em: 05 de abril de 2018 11h04min
Um passo importante foi dado na UFFS – Campus Cerro Largo em direção à acessibilidade. Desde o segundo semestre de 2017, o Campus conta com uma servidora técnica que tem a função de tradutora entre surdos e ouvintes, ou seja, tradutora intérprete de Língua Brasileira de Sinais – Libras e Português. A sua atuação vai desde acompanhar a comunidade acadêmica surda em salas de aula e em atividades acadêmicas, bem como participar de palestras e eventos em que necessite tradução. Conversamos com Cláudia Cristina de Oliveira Soares, que nos contou como é o seu trabalho e os desafios para a Instituição.
Ascom – Cerro Largo: Qual a importância de se disponibilizar um intérprete de Libras no Campus?
Cláudia: O intérprete de Libras tem a função de ser o canal comunicativo entre surdos e ouvintes. Assim, podemos dizer que a importância do intérprete de Libras no Campus se faz necessário para ser o tradutor entre pessoas que compartilham línguas e culturas diferentes. Atualmente, não temos alunos surdos no campus e, sim, uma professora surda no ensino de Libras.
Ascom – Cerro Largo: Quais são os desafios encontrados no meio acadêmico para a inclusão?
Cláudia: Algumas questões são específicas da educação inclusiva no ensino superior. Entre elas identificamos três níveis de desafios a serem enfrentados: a tomada de posição das instituições sobre os objetivos e a elegibilidade dos alunos para seus cursos; a necessidade de formação pedagógica dos professores do ensino superior para a educação inclusiva; e uma prática educativa que propicie a participação de alunos e professores no reconhecimento das diferenças e na criação de estratégias para a superação das dificuldades que surgirem. No caso das pessoas surdas, as barreiras ainda são inúmeras, e a falta de conhecimento de sua língua e de sua cultura, sem dúvida, é o maior desafio encontrado para a inclusão das pessoas surdas.
Ascom – Cerro Largo: Quais são as atitudes que a comunidade acadêmica deve ter para auxiliar na inclusão?
Cláudia: A frase mais repetida por todos nós que trabalhamos com a inclusão de pessoas com deficiência é: “a inclusão é um processo”. Falar que a inclusão é um processo significa dizer que ela muda na medida em que avança. Encontram-se dificuldades e pode-se dar passos para trás até descobrir outros caminhos – a partir da interação com as pessoas, com os fatos e com as circunstâncias de cada tempo e momento. Significa também dizer que ela nasce dentro de cada um de nós, mesmo naqueles que já se consideram ‘inclusivos’. Sempre teremos algo a aprender.
Então, por que não procurar saber um pouco mais sobre e de que forma auxiliar na inclusão das pessoas como um todo? É um dos nossos desafios!
Ascom – Cerro Largo: Na sua visão, quais são as possíveis melhoras ou mudanças (infraestrutura, ensino, inclusão) que deveriam acontecer no Campus?
Cláudia: Como cheguei recentemente, procurei me inteirar das ações já realizadas no Campus. Nas leituras das reportagens realizadas pelo Setor de Comunicação, em conversa com colegas do Setor de Acessibilidade, acadêmicos atendidos e na observação, pude ter um conhecimento de como está a acessibilidade em nosso Campus. Podemos pontuar que várias foram as ações realizadas para assegurar a acessibilidade a todos. Entre elas, podemos citar a reforma de adequação da infraestrutura para tornar o prédio da Unidade Seminário acessível a qualquer pessoa e o oferecimento de cursos de Extensão de Braile e de Libras.
Uma questão que talvez pudéssemos ampliar são os espaços para falar sobre a acessibilidade na Universidade, tendo por objetivo garantir aos estudantes com necessidades educacionais especiais estar na universidade e ter acesso a todos os espaços disponíveis tanto na Universidade quanto fora dela. Efetivando formas para a permanência dos alunos com necessidades educacionais especiais através de seminários de práticas inclusivas, atividades estas para discutir e debater a inclusão de indivíduos com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Pois não se trata apenas de dar acesso, mas de encontrarmos possibilidade de permanência desses alunos.
Ascom – Cerro Largo: Defina sua profissão numa frase.
Cláudia: O intérprete de Libras é o profissional que domina a língua de sinais e a língua falada do país e que é qualificado para desempenhar a função.
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