Publicado em: 23 de abril de 2015 09h04min / Atualizado em: 23 de abril de 2015 09h04min
Representantes indígenas de dois povos presentes no Rio Grande do Sul, o Guarani e o Kaigang, estiveram presentes no evento “Diálogos entre Culturas: conhecendo os povos indígenas” realizado na tarde de quinta-feira (23) no auditório do Bloco A da UFFS – Campus Cerro Largo. Eles apresentaram diferentes aspectos de sua cultura, memória histórica e visões de mundo para a comunidade acadêmica e regional, com o fim de quebrar paradigmas socialmente construídos.
Uma das representantes foi a indígena do povo Kaigang, Laísa Arlene Sales Ribeiro, que é formada em Biologia e já está em busca de um mestrado. “Tirei proveito do conhecimento dessa sociedade e levei para minha aldeia, lugar onde quero ficar. Mas nem por isso vou deixar de vir conversar com vocês”, diz. Laísa refere-se ao fato de que mesmo estando trabalhando em sua aldeia, não deixa de palestrar fora dela e, mesmo tendo estudado em uma universidade, cujo sistema de ensino é bastante diferente do sistema dos indígenas, não deixou de manter sua identidade kaingang. Ela ressalta ainda que tem perfil em redes sociais, possui carro, e-mail e “mesmo assim, continuo indígena”. Seguindo seus passos, hoje três integrantes de sua aldeia frequentam os cursos da UFFS – Campus Cerro Largo.
O cacique guarani da Aldeia Nova, localizada em Santo Ângelo, Arnildo Romeo, argumenta que existem culturas muito diferenciadas no Brasil e todas devem ser respeitadas. “Nós guaranis respeitamos mais o branco do que ele nos respeita. Porque não maltratamos quem está perto de nós”, afirma. Para o cacique Ariel Ortega da Aldeia Alvorecer, localizada em São Miguel das Missões, existe uma imagem muito romantizada do indígena: vestindo cocar e tanga, pintado e seminu. “Quando vou conversar com crianças não indígenas nas escolas, dizem-me que não sou mais indígena. Meus antepassados, antes da chegada dos europeus, viviam naturalmente, mas depois isso foi mudando. E mesmo assim eu me sinto indígena”, argumenta. Os indígenas explicam que não há motivos para o uso do cocar e da tanga pois não faz parte da cultura de seus povos.
Laísa, Arnildo e Ariel têm nomes indígenas, mas utilizam esses por “força do sistema”. Eles fazem parte dos cerca de 36500 indígenas presentes no Rio Grande do Sul, segundo o último censo do IBGE (2010). Arnildo e Ariel representam o segundo maior povo indígena do Brasil (o Guarani) e Laísa representa o terceiro (o Kaigang). Em escala maior, eles estão entre os 900 mil indígenas presentes no Brasil, país com a maior diversidade étnica da América Latina. Nesse território, a América Latina, existem 45 milhões de indígenas, quase 10% de toda sua população.
O evento foi promovido pela Comissão de Acesso e Permanência Indígena na Universidade, em conjunto com o Conselho de Missão entre Povos Indígenas (COMIN) e em parceria com o Núcleo de Apoio Pedagógico (NAP) do Campus Cerro Largo.
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
25 de novembro de 2024
Eventos
25 de novembro de 2024
Ingresso
22 de novembro de 2024
Informe UFFS
22 de novembro de 2024
Nossa UFFS