Clube de leitura “Sementes: leituras antirracistas” terá primeiro encontro em março
Proposta é a divulgação e leitura coletiva de obras de autores negros, indígenas, africanos e da diáspora negra

Publicado em: 26 de fevereiro de 2024 17h02min / Atualizado em: 27 de fevereiro de 2024 17h02min

A divulgação e leitura coletiva de obras de autores negros, indígenas, africanos e da diáspora negra é o foco do clube de leitura “Sementes: leituras antirracistas”, que terá no dia 30 de março seu primeiro encontro. Criado como projeto de extensão pelo grupo de pesquisa Cultura, Política e Diversidade,  com o Núcleo de Estudos e Pesquisas Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI) e o Programa de Pós-Graduação em Educação da UFFS – Campus Chapecó, o clube é aberto a todos os interessados na temática, que poderão participar dos encontros on-line.

Serão realizados encontros a cada dois meses, por meio da plataforma Webex, com até duas horas e meia de duração. Como explica a professora Claudete Gomes Soares, uma das idealizadoras do clube, a ideia é que em um primeiro momento o mediador faça uma apresentação rápida da obra e do autor, e, na sequência, traga alguns temas e questões de destaque. “Mas o nosso objetivo é promover uma conversa sobre a obra com as pessoas que tiveram a oportunidade de fazer a leitura. A nossa expectativa é que os participantes tenham feito a leitura e se sintam à vontade para dividir a forma como foram afetados pela obra, e que nesse movimento possamos de fato produzir um espaço de leitura coletiva”, pontua.

Primeiros encontros

Em 2024 serão cinco encontros. Confira a seguir as datas e obras previstas para cada um deles.

30 de março – "Torto arado", de Itamar Vieira Junior

25 de maio – "Canção de ninar menino grande", de Conceição Evaristo

10 de agosto – "As alegrias da maternidade", de Buchi Emecheta

19 de outubro – "Sobrevidas", de Abdulrazak Gurnah

7 de dezembro – "A mulher de pés descalços", de Scholastique Mukasonga

Mediadores

Conforme Claudete, os mediadores são, basicamente, pessoas que têm um histórico de colaboração com as atividades do NEABI. “São jovens pesquisadores do campo das relações étnico-raciais e alguns utilizam obras literárias como fonte. As mediadoras das sessões ‘Torto arado’, ‘As alegrias da maternidade’ e ‘A mulher de pés descalços’ serão, respectivamente, Gerlini Mendes, Thallia Faller e Priscila Rochaestão, que estão tendo ou tiveram alguma ligação com essas obras enquanto pesquisadoras”.

"Matheus Eduardo Borsa, que será o mediador da sessão ‘Canção de ninar menino grande’, pesquisa paternidades e masculinidades negras. Taynara Aparecida Ferreira da Silva, que mediará a sessão ‘Sobrevidas’, é uma historiadora com pesquisas na área da teoria da história a partir das questões étnico-raciais”, comenta.

De acordo com Claudete, os mediadores foram escolhidos em razão de trazerem para o grupo a sensibilidade para o tema das práticas antirracistas e o olhar crítico sobre as forma como povos e indivíduos têm suas experiências e subjetividades afetadas pelos marcadores raça, classe, gênero, etnia e localização geográfica.

Acesso as obras

O clube não terá condições de disponibilizar o acesso as obras devido a questões relativas a direitos autorais. “Como o nosso trabalho, nessa primeira edição, é também um trabalho de divulgação e promoção de autores e autoras negros e negras, africanos e africanas, entendemos que é importante que os participantes adquiram as obras. Ser antirracista é também problematizar a forma como os recursos são divididos, inclusive os editoriais e autorais. Quem são os autores e autoras que estão nas nossas estantes? Quem tem informado as nossas percepções sobre o mundo e sobre as relações de poder? Pelo o que e por quem temos nos deixado afetar?”, enfatiza Claudete. Ela sugere que os participantes adquiram as obras em dupla ou trio, para tornar o custo mais baixo.

A ideia do clube

Claudete conta que a ideia surgiu em conversas com estudantes de graduação e pós-graduação que colaboraram com atividades do NEABI ou que estavam desenvolvendo suas pesquisas no campo das relações étnico-raciais. Segundo ela, muitas dessas pessoas não estão mais na UFFS, mas existia a vontade de manter a conexão, apesar das distâncias, “pelos nossos interesses de pesquisa e posições na luta antirracista. Queríamos viabilizar um espaço de partilhas, encontros e afetos e entendemos que um clube de leitura poderia produzir esse efeito”.

A escolha das obras também veio de forma coletiva. Segundo Claudete, em dezembro de 2023 o NEABI realizou, no encerramento da Semana de Combate ao Racismo: existências e resistências, uma mesa de divulgação das pesquisas que os colaboradores do núcleo estavam realizando. Naquele momento se percebeu que havia um interesse pela literatura produzida por autores negros e africanos, então foi proposto aos participantes da mesa que fossem os primeiros mediadores do clube de leitura e que indicassem as obras para essa atividade. Foi assim que se chegou as obras já programadas.

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