Publicado em: 07 de outubro de 2021 10h10min / Atualizado em: 07 de outubro de 2021 20h10min
Relacionar áreas e mostrar como aplicar essa interdisciplinaridade em salas de aula de escolas de fronteira. No projeto "Escola Intercultural de Fronteira e Currículo Base do Território Catarinense”, que tem suas origens em 2013, professores da UFFS, dos campi Realeza e Chapecó, ofertam formação didático-pedagógica aos professores da Escola de Educação Básica Irineu Bornhausen, do município de Dionísio Cerqueira (SC), e de mais nove escolas da região de fronteira.
Recentemente, a formação foi em “Jogos, brincadeiras e música”, com participação dos professores Alexandre Paulo Loro (UFFS – Campus Chapecó), cuja formação é em Educação Física, e Alysson Custódio do Amaral, que atua com música.
Conforme o professor Alexandre, apesar das limitações impostas pelo formato virtual, foi possível “tocar” os professores da escola com o contexto de Arte, Educação Física e Línguas. Apesar de nem sempre muito valorizada, a área das linguagens, na qual estão inclusas Arte e Educação Física, na opinião do professor, são fundamentais para a formação humana, “do ponto de vista da estética, da sensibilidade, da sensação cinestésica, da apropriação do conhecimento do mundo pelo corpo. É uma aprendizagem mais afetiva, mais humana, na qual as pessoas incorporam os conhecimentos por meio das dinâmicas trabalhadas”.
Com a nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC), segundo o professor Alysson, está colocada a interdisciplinaridade, “muito falada, mas pouco vivenciada”. Ele relata, que, em um determinado momento da formação, uma professora de Física comentou que sua disciplina pouco tinha a ver com a música. “Aí fui trazendo todas as conexões da física com a música, a começar pelo som, que são ondas. Isso trouxe uma reflexão: talvez o equívoco da escola seja colocar os conhecimentos em caixinhas, chamadas disciplinas, que deixam as pessoas um pouco distantes do todo. Meu sonho, como educador, era que as crianças entendessem a escola nesse sentido orgânico, nessa vivência orgânica, podendo experimentar todos os campos”.
O encontro, que contou com 37 professores, iniciou com música. Alysson cantou “Merceditas” e, a partir de então, passaram a fazer as conexões entre as áreas. Depois foi apresentado um vídeo produzido pelo professor Marcos Roberto da Silva, com o contexto histórico da música Merceditas, abordando a questão literária. Outro momento importante foi o resgate de brincadeiras da infância, o que, segundo o professor Alexandre, é relevante no território de fronteira: “valorizar praticas, na escola dessa região, que tenham interfaces do Brasil – Santa Catarina e Paraná – e Argentina”.
O professor Marcos, um dos precursores do programa, ressalta que a pesquisa está intrínseca na atuação dos professores. “E, mesmo em uma música e na cultura na qual a região é tão imersa, há curiosidade para se despertar. A curiosidade é produzida e fomentada em sala de aula. A intenção foi mostrar que, mesmo algo que está tão perto da gente, pode ser aprofundada, pesquisada em sala de aula. Que isso não pode ficar isolado”. O vídeo teve a intenção de lançar luz a esses aspectos, destaca o professor.
O projeto
No “Escola Intercultural de Fronteira e Currículo Base do Território Catarinense – 2° edição” os professores utilizam uma metodologia que pretende estimular diálogos teóricos e práticos de aspectos relativos às temáticas abordadas na BNCC e currículo base do território catarinense. Além disso, a ideia é desenvolver um espaço de diálogos e reflexões sobre a atuação docente e os processos de ensino e aprendizagem no contexto de fronteira.
“Jogos, brincadeiras e música” é um dos módulos previstos. Os demais são: Alfabetização, letramento e produção textual; Neurociência e bem-estar; Teatro e contação de história; Oficinas lúdicas de matemática; Educação financeira na prática; Metodologias ativas; Robótica e linguagem computacional.
O projeto ainda se relaciona com as licenciaturas, já que se propõe à construção de diálogos entre escola e universidade, abrindo espaço para um alargamento do olhar sobre a escola como espaço de formação. Também, as questões relativas ao ensino-aprendizagem se entrecruzam com as questões do ensino, da pesquisa e da extensão, articulando esse tripé aos diversos saberes e conhecimentos que se podem construir a partir das vivências das ações previstas para as escolas da região de fronteira.
Com tantas pessoas e tantos conhecimentos envolvidos, a pesquisa também ganha com as vivências no projeto. Uma tese, “Entre espaços, sujeitos e línguas: a produção da fronteira em Dionísio Cerqueira-SC, Barracão-PR (Brasil) e Bernardo de Irigoyen (Misiones, Argentina) nos relatos de viagens”, foi apresentada pela professora Marilene Aparecida Lemos na Unicamp. Outra está em fase de finalização: “Línguas e Fronteiras no Sul do Brasil: Um olhar sócio-histórico”, do professor Clóvis Alencar Butzge, na UFSC.
Dois livro também já foram publicados: “De frente para a fronteira: reflexões sobre educação em área de fronteira” (2014), com a organização dos professores precursores do projeto, Ana Carolina Teixeira Pinto e Marcos R. da Silva; e “Programa escolas interculturais de fronteira 10 anos” (2015), organizado pelos mesmos professores.
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