Basta ver os registros fotográficos feitos por Christele Fanfan para perceber o quão realizada ela se sentiu ao participar da 28ª edição do evento The AFS Youth Assembly, realizado em Nova Iorque, nos Estados Unidos, de 11 a 13 de agosto. O amplo sorriso estampado no rosto reforça o que ela define como uma experiência incrível, em especial por poder levar a um evento internacional, como delegada, seu estudo a respeito da educação em países subdesenvolvidos como o Haiti, onde nasceu. Christele é estudante da sexta fase do curso de Pedagogia no Campus Chapecó.

Ela diz que logo que soube do evento se interessou em participar e contou com a ajuda de amigos e professores para conseguir viajar, mas garante que todo o esforço valeu a pena. Christele conta que o evento reuniu jovens estudantes de mais de 100 países, que apresentaram projetos de soluções para diversos dos problemas mundiais. Foram abordados temas como desenvolvimento sustentável, educação de qualidade, extrema pobreza e soluções, meio ambiente, igualdade de gênero, racismo, entre outros.

Além das apresentações dos jovens, houve ainda palestras e uma feira de oportunidades, que permitiu que os delegados fizessem inscrições para grandes universidades como Oxford e Harvard, além de oferecer oportunidades de trabalho na Unesco, Unicef, OMS, entre outras organizações. Christele foi contemplada com uma bolsa de estudos de pós-graduação e doutorado e afirma que vai aproveitá-la assim que encerrar sua graduação.

“Foi incrível, encontrei muitos jovens de muitos países, aprendi muito nas conferências, nos debates, nos seminários, pude fazer várias intervenções e apresentações”, comenta. Christele levou para o evento seu projeto intitulado “Educação inclusiva, gratuita e de qualidade nos países subdesenvolvidos”, que, segundo ela, será o tema de seu trabalho de conclusão de curso.

“Nos países subdesenvolvidos como meu país, o Haiti, a educação é a área que recebe menos recursos financeiros, mesmo sendo um elemento tão importante para o desenvolvimento do país. Temos um monte de jovens com dificuldade de entrar na universidade após o ensino médio, porque tem poucas universidades públicas e a quantidade de candidatos aprovados no concurso público todo ano não representa nem 40% dos jovens que precisam entrar numa universidade pública. O resto luta para estudar num país estrangeiro, entra numa universidade privada que é bastante cara, ou aprende um curso técnico ou entra direto no mercado do trabalho para ajudar os pais”, explica.

“Como disse Nelson Mandela, a arma mais poderosa é a educação, mas é muito negligenciada nos países pobres, onde na maioria das vezes o foco do povo é a sobrevivência, as necessidades básicas. A educação não é gratuita, então precisam fazer uma escolha entre sobreviver ou estudar. Eu digo sempre que, como aqui no Brasil, a educação infantil e fundamental tem que ser gratuita, ser inclusiva e de qualidade, porque é um direito”, completa Christele.

Conforme ela, neste contexto, ONGs como Unesco, ONU e Unicef têm a missão de contribuir para que esse direito seja respeitado. “Eles investem na educação sem seguimento, sem continuidade, entregam 10 bilhões de dólares, por exemplo, para construir escolas num país pobre, porém depois esse dinheiro acaba não sendo usado para esse objetivo. Elas não sabem o que é feito ou não, o trabalho das ONGs tem que ser constante, firme e com resultados positivos e efetivos”, enfatiza.

O evento

A The AFS Youth Assembly (Assembleia de Jovens) é promovida pela AFS Intercultural Programs, uma organização não governamental internacional, sem fins lucrativos, com sede em Nova Iorque, fundada em 1915. A sigla AFS remete ao antigo nome da entidade: American Fiel Service. A proposta da entidade é ajudar a construir um mundo solidário por meio do intercâmbio cultural entre os povos. O tema do evento foi “Breakthrough to a Better Future” (Avanço para um futuro melhor).