Publicado em: 10 de junho de 2020 12h06min / Atualizado em: 10 de junho de 2020 14h06min
Idosos com doenças crônicas dos municípios de Pinhalzinho, Águas de Chapecó, Cordilheira Alta e Jardinópolis estão recebendo um acompanhamento de saúde por telefone em função da Covid-19. Os contatos são feitos por estudantes dos cursos de Enfermagem e Medicina da UFFS – Campus Chapecó. A ação faz parte do Projeto de Extensão “Promoção da saúde mental e monitoramento do autocuidado em pessoas idosas em tratamento de doenças crônicas”, selecionado pelo Edital Nº 259/GR/UFFS/2020.
As ligações só começaram depois de estudos, discussões e a produção de um manual com as melhores práticas para o teleatendimento em saúde (baixe o arquivo abaixo). Conforme o coordenador do projeto, professor Anderson Funai, a ideia é, nessa época de pandemia, acompanhar como estão os pacientes já atendidos pelas secretarias de saúde em questões da saúde como um todo. Para isso, o grupo estabelece uma conversa com os idosos, por telefone, sobre assuntos como alimentação, exercício físico e saúde mental.
A estudante Eduarda Valcarenghi, uma das bolsistas do projeto, aponta que, até o momento, o balanço é muito positivo. Segundo ela, os idosos, em geral, têm boa adesão, conversam e relatam sobre seus cotidianos e condições de saúde. “Quando a gente vai desligar, eles falam: ‘que legal que estão fazendo isso, eu precisava falar com alguém!’. E ficam felizes quando digo que vou ligar novamente”.
Georgia Klaus relata experiências bem parecidas, e aponta possíveis razões para que os idosos queiram e gostem de conversar. “Eles estão carentes, gostam de conversar. Às vezes, algumas ligações duram até 30 minutos. A maioria está bem positiva, mas como as famílias reduziram as visitas, eles estão mais sozinhos e preocupados com os familiares”.
O acompanhamento dos idosos é semanal e, buscando criar um vínculo – mais difícil de acontecer, em geral, por telefone –, cada integrante do grupo liga para os mesmos pacientes. Quando as bolsistas percebem que há questões mais profundas ou que o idoso não está bem, é acionada a secretaria de saúde do município onde ele reside. Depois, em alguns casos elas seguem fazendo contatos, e, em outros, a secretaria assume o atendimento presencial.
Estudos e aprendizagem ativa
A cartilha – uma espécie de guia para os teleatendimentos – foi criada, revisada (cooperativamente) pela profissional Cristiane Mayumi Morinaga e enviada a profissionais de vários lugares e com várias formações, relata o professor. De acordo com ele, independente do profissional (psiquiatras, psicólogos, enfermeiros, agentes de saúde), todos compreenderam e consideraram o material importante para dar um norte nos acompanhamentos por telefone.
Um dos pontos mais importantes para que esse roteiro funcione, conforme o grupo, é a maneira de perguntar. Os questionamentos precisam ser abertos, evitando uma resposta única e direcionada. O objetivo é que o paciente faça seu relato sem uma “indução” da resposta. “Geralmente os pacientes sabem o que o profissional quer ouvir. Então, a ideia é um manejo da conversa para uma intervenção a partir da experiência do próprio paciente. A ideia é não dar soluções, mas construir junto com o paciente. Isso contribui também para a formação dos profissionais, no desenvolvimento de habilidades de comunicação”, destaca o professor.
Algo bastante importante, ainda segundo o professor, com relação ao processo de produção do manual, é que durante todo o estudo e a escrita houve um protagonismo das estudantes. “A ideia do projeto partiu de mim, assim como os trâmites para a submissão. Porém, a construção das ações se deu muito mais pelo protagonismo das estudantes, baseada da metodologia de aprendizagem ativa”, pondera ele.
Embora as quatro bolsistas – Eduarda Valcarenghi (Enfermagem), Georgia Baldo Klaus (Medicina), Eduarda Luiza Maciel da Silva (Enfermagem) e Julia Canci (Medicina) – só conhecessem as colegas do mesmo curso antes do projeto e mesmo com a interação restrita ao virtual, o trabalho fluiu. Todas concordam que a ajuda mútua sempre existiu e que podem contar umas com as outras. Para além disso, há um respeito à carreira de cada uma e, segundo as estudantes, ter essa experiência na graduação fará grande diferença depois de formadas.
Além das bolsistas, participam do projeto como voluntários os estudantes de Enfermagem Mateus Guilherme Boeno e Andressa Vendruscolo dos Santos, e as professoras Angélica Zanettine, Marceli Cleonice Hanauer e Tatiana Gaffuri da Silva.
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