Graduandos propõem e lideram a realização de mandala de plantas medicinais e jardim sensorial em escola de Chapecó
Ações fizeram parte da primeira disciplina após a curricularização da extensão no curso de Agronomia

Publicado em: 05 de agosto de 2024 12h08min / Atualizado em: 06 de agosto de 2024 15h08min

O primeiro componente depois da curricularização da extensão do curso de Agronomia da UFFS – Campus Chapecó resultou em conhecimentos técnicos, autoconhecimento e novos espaços na Escola Estadual Antônio Morandini. Uma mandala de plantas medicinais e um jardim sensorial foram os resultados visíveis do trabalho realizado por estudantes da terceira fase do curso, com uma turma do nono ano e outra do Ensino Médio.

Mas, de fundo, várias questões foram trabalhadas. “Passado o medo inicial, a gente conseguiu levar o projeto e superar um pouco das nossas expectativas. Eu era uma que estava com medo, tinha uma expectativa meio baixa, mas conforme fomos conseguindo, fui me desenvolvendo, e a gente percebeu que eu estava agregando conhecimento. Tenho um pouco de dificuldade de falar em público e  fui perdendo isso durante a matéria também. Conversei com os meus colegas e eles também foram percebendo uma melhoria no conhecimento geral, tanto prático quanto teórico”, comenta a estudante Ana Júlia Falchetti da Silva.

Primeiro, os professores do componente curricular, Vanessa Neumann, Siumar Tironi e Inês Burg expuseram as ideias e abriram o diálogo. “Sempre foi um debate, assim, bem horizontal, pedindo nossas ideias, perguntando se a gente concordava, se a gente tinha alguma coisa a acrescentar”, conta Ana Júlia.
Depois, os estudantes foram para a escola, conversaram com a direção, assessoria, professores, e conheceram o local, para, então, montar um projeto visando levar conhecimento aos alunos e melhorar o espaço escolar. Na apresentação aos professores, receberam sugestões de melhorias e encaminharam ao diretor, que, com os professores da escola, decidiram quais projetos e com quais turmas seriam as implantações.

A turma de graduandos foi dividida em dois grupos e, a partir daí, conversava e planejava as ações em sala em uma semana e, na outra, ia para a escola para implementar os projetos. Com os estudantes da escola, os graduandos realizaram, além dos trabalhos práticos, apresentações sobre diversos assuntos, como reciclagem e cultivo de sementes.

Com essa compreensão e o planejamento finalizado, os graduandos passaram a ir todas as semanas para a escola para a implementação dos projetos. Com tudo pronto, no dia 12, durante a Feira de Ciências, aconteceu a entrega oficial da mandala e do jardim sensorial à escola.

No jardim sensorial foram feitos canteiros com a utilização de garrafa PET, já incentivando a reciclagem. Foram utilizadas diferentes plantas, com formas, cores, cheiros e texturas diversas, e os graduandos fizeram práticas de cultivos de sementes com os estudantes. Materiais como casca de árvores, pedaços de pinha, bambu e maravalha foram colocados nos canteiros para estimular o tato.

Na mandala, os graduandos levaram plantas medicinais não tão conhecidas, uma vez que algumas mais comuns já estavam plantadas no jardim da escola. Também destacaram as informações dos usos e para quais finalidades as plantas podem ser utilizadas, com as divisões de cada órgão do corpo representadas na mandala.

Para o assessor da Direção da escola, Gilberto Oliari, o maior ganho dessas atividades é a parceria com a universidade. “A gente precisa da universidade para pensar, para produzir conhecimento, e a universidade precisa da escola para desenvolver saberes, movimentos, enfim, fazer todo esse processo. E com certeza essa parceria permanece aberta, porque o trabalho desenvolvido foi de excelência de ambas as partes”.

A estudante Karina Carvalho, que ficou no grupo da mandala de plantas medicinais, ressaltou que, apesar de alguns desafios – como conseguir transporte para as mudas e adaptar a mandala conforme o espaço disponível na escola – a atividade foi muito positiva. “É uma nova disciplina dentro da matriz da agronomia. Antes não tínhamos essas disciplinas de extensão, então possibilitar que a gente consiga estar em contato com os alunos e precisarmos desenvolver metodologias de ensino promove uma formação não somente de profissionais técnicos, mas também profissionais que sabem educar, formar educadores populares mesmo, e que a gente consiga desenvolver metodologia e pedagogia nisso, levando o conhecimento da academia para pessoas leigas”.

Os três professores do componente curricular foram unânimes em dizer que a experiência foi bem-sucedida. “Queremos o protagonismo dos estudantes, e eles realmente conseguiram isso. Nós, regentes da disciplina, orientamos e indicamos que eles busquem orientação de outros professores. A ideia é que todos do curso se envolvam, o que pensamos que também será bom para o curso”, ressalta a professora Inês.

O professor Siumar frisou o quanto os estudantes se desenvolveram, tanto tecnicamente quanto na desenvoltura e na segurança. E mencionou que o aprendizado é para quem ensina, também. “Foi novidade, foi a primeira turma, fomos os primeiros professores com a disciplina”.

A avaliação, entretanto, apontou algumas limitações. Uma delas foi não haver uma turma nos anos finais do curso com o mesmo PPC. Isso porque, na concepção no novo plano do curso, os professores previram que estudantes no fim do curso contribuirão com os da terceira fase especialmente na parte técnica da disciplina. Entretanto, isso só aconteceu por esta ser a primeira turma na qual foi implantado o novo PPC incluindo a curricularização da extensão e, portanto, os graduandos não puderam contar com o auxílio de colegas em fases mais avançadas do curso.

Outro ponto foi a questão de adaptação de burocracias para transporte dos estudantes, além de, segundo os professores, a falta de orçamento específico para a aquisição de materiais e insumos, por exemplo. Ambos os temas já vêm sendo discutidos com as instâncias responsáveis.

Além dos momentos na escola, uma visita dos estudantes à UFFS – Campus Chapecó também foi viabilizada. “A maioria lá não conhecia a Universidade. E também a escola é estadual e eles têm apenas um laboratório de informática; não têm laboratório de química, física ou biologia, por exemplo. Então organizamos essa atividade, eles vieram aqui e passaram uma manhã conheceram vários laboratórios, fizeram uma prática de química; foram no laboratório de botânica, viram insetos, plantas, enfim, e os levamos na área experimental também, e fizemos uma prática lá de estaquia com eles. Tudo para mostrar o que a gente tem aqui e despertar um interesse futuro em, quem sabe, virem estudar aqui”, destaca a professora Vanessa.

 

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