Publicado em: 05 de abril de 2023 13h04min / Atualizado em: 13 de abril de 2023 09h04min
Em uma mão, o diploma; na outra, um CNPJ. Nos olhos, o brilho de perspectivas de futuro completamente diferentes do inicialmente esperado. Diferente e melhor!
Chegar ao fim de um curso de graduação e conseguir a aprovação em todos os componentes curriculares, vencer a pressão de anos de sobrecarga de estudo e soltar o grito de felicidade pela conquista já é bom. Porém, o gosto foi ainda mais saboroso para as, agora enfermeiras, Tainara Cristina de Oliveira, 23 anos, e Camila Olinda Giesel, 27 anos: no mesmo dia da colação de grau, 31 de março, elas conquistaram a materialização de um sonho “gestado” concomitantemente a uma parte da graduação.
Elas, com a professora Julyane Felypette Lima (e a partir do convite, do incentivo e da orientação da professora), e o estudante de Administração Allan Mafessoni, 21 anos, tiraram a ideia de uma empresa do papel. A “NatércIA” é voltada aos cuidados de pessoas com feridas crônicas, com o uso da tecnologia, e, justamente, no dia 31 de março, o grupo também conseguiu o CNPJ da empresa.
Mas o que veio antes foi bastante intenso. Como conta a professora Julyane, o início foi bastante incipiente: uma ideia, conversas com colegas de outras áreas, como Ciência da Computação e Administração, sobre a viabilidade da empresa, e a aproximação com o movimento “Empreende UFFS”.
No fim de 2021, os participantes do Empreende UFFS conseguiram a aprovação de quatro projetos no Programa de Apoio ao Empreendedorismo Universitário Inovador no Estado de Santa Catarina, da Fapesc. Dentre eles, o Health Tech Lab, sob a liderança da professora Julyane. Equipamentos, mobiliário e demais materiais necessários foram conquistados com o financiamento da fundação.
A interação com outros professores e estudantes, as formações oferecidas pelo Empreende UFFS e o espaço propício para trocas de experiências, o coworking e sala da Incubadora de Negócios (INNE), na sala 104 do Bloco A, proporcionaram mais conhecimento aos integrantes da NatércIA. “O Empreende UFFS teve um papel fundamental em todo processo. Recebemos orientações sobre quais editais eram mais indicados participarmos na fase de desenvolvimento em que estávamos. O espaço é propício para esse crescimento mútuo”, ressalta a professora Julyane.
Um dos editais indicados pelo professor Humberto Tosta, membro do Empreende UFFS, ao grupo, foi o Programa Nascer de Pré-Incubação de Ideias Inovadoras para o Ecossistema Catarinense de Inovação, uma parceria Fapesc, Sebrae e TXM. Foram sete meses de programa, desenvolvendo atividades dispostas em uma plataforma. A cada fase, era necessário cumprir todos os requisitos, como identificação da persona, do DNA da marca e do modelo de negócio.
Conforme Tainara, o programa trouxe clareza ao trabalho. “Antes, misturávamos coisas, deixávamos etapas para trás. Afinal, para nós, era tudo muito novo. Muitas coisas já tínhamos aprendido com o professor Humberto no Empreende. Porém, com o Nascer, seguimos um método. Isso contribuiu muito para chegar à criação da empresa”.
Além da parte técnico-reflexiva, o grupo foi a campo para conversar com as personas e validar as dores. Também, durante a trajetória, verificaram o modelo de negócio, e quais os processos da empresa, bem como o papel a ser desempenhado pelos participantes.
Pessoas com ideias de empresas de todo o estado participaram do Nascer. Nas regiões do estado, quem cumpriu todos os requisitos foi para as finais para fazerem suas apresentações (pitch – apresentação curta, de três a cinco minutos, que visa despertar o interesse de um investidor ou cliente pelo negócio), ao vivo, on-line. Na regional de Chapecó, dos cinco que foram à final, o grupo da NatércIA foi o segundo colocado, ficando atrás, por um décimo, de uma empresa que já tem, inclusive, uma patente de utilidade.
A professora destaca que a colocação foi uma surpresa incrível ao grupo. Porém, ao mesmo tempo, foi resultado de um trabalho intensivo, de aprendizado, de uma construção e um amadurecimento de todos os componentes do grupo.
“O processo foi muito marcante. Fui me apaixonando pelo empreender, por inovação. Exigiu de nós muita resiliência, mas gerou uma visão muito mais ampla, de que podemos construir novas ideias que ajudam as pessoas em uma área da saúde que ainda é deficitária, e com inovação. Não foi fácil fazer o TCC, elaborar e entregar o relatório final e tocar o projeto ao mesmo tempo. Mas fizemos muitas reuniões, nos ajudamos, nos organizamos muito para dar conta. Foi realmente muito gratificante”, salienta Tainara.
“Tenho certeza de que não quero parar de empreender. Sou formada em Enfermagem, quero continuar fazendo isso, quero olhar os muitos ‘furos’ que existem na saúde e seguir empreendendo. Quero melhorar o mercado de trabalho com novas tecnologias e auxiliando as pessoas com isso”, reforça Camila.
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