Pesquisa investiga repercussões da Covid-19 na assistência obstétrica
Questionário on-line vem sendo aplicado a grávidas e puérperas; segunda fase será com profissionais da saúde

Publicado em: 18 de junho de 2020 12h06min / Atualizado em: 19 de junho de 2020 08h06min

Uma pesquisa nacional está sendo conduzida pela professora da UFFS – Campus Chapecó, Erica de Brito Pitilin, em parceria com a Unochapecó e a Udesc. No trabalho “Implicações da Assistência Obstétrica no contexto da Pandemia pelo novo Coronavírus”, mulheres grávidas e as puérperas (até 42 dias pós-parto) estão respondendo a um questionário on-line.

O objetivo é investigar as repercussões da Covid-19 no contexto da assistência obstétrica: o que mudou, de fato, na rotina da gestação, do parto e do pós-parto com a pandemia. Numa segunda etapa, o projeto entrevistará profissionais de saúde, para também entender se a pandemia teve implicações nas orientações da assistência obstétrica.

Profissionais e pesquisadores de todo o país estão responsáveis por divulgar a pesquisa. A intenção é que o máximo de gestantes e puérperas possa ser alcançado, entendendo as eventuais diferenças que podem acontecer entre os estados e regiões do país.

Conforme a professora, para viabilizar a disseminação da pesquisa, o questionário está sendo feito on-line. “Claro que vai ter um viés de seleção pelo acesso à internet, mas estamos fazendo o possível para que mais mulheres sejam alcançadas”.

As perguntas são relacionadas ao contato com pessoas com a doença, se apresentaram sintomas e quais foram, se estão em isolamento social, etc. Também é perguntado sobre como está sendo gestar nessa época de pandemia e se houve mudança na rotina.

As orientações, conforme Erica, são que não há possibilidade do acompanhante entrar nas consultas, os exames que vêm sendo feitos são somente os essenciais. A principal pergunta, que motivou a pesquisa é se a via de nascimento foi alterada. Se, de repente, elas queriam ter parto normal e passaram a querer cesárea ou vice-versa.

Às puérperas, perguntamos também como está sendo esse período, já que não podem receber visitas e nem o apoio nos cuidados com o bebê nos primeiros dias de vida. Há, segundo ela, questões retroativas, sobre como foi o parto, se houve mudança na via de nascimento – não por escolha própria – e como foi o cenário do parto (já que nem acompanhante nem doula estão podendo entrar).

“Sabemos que mesmo na pandemia, o parto normal ainda é a melhor escolha. Inclusive para as gestantes que estão positivas para a Covid-19”.
A pesquisa já passou pelo Comitê de Ética da UFFS e, conforme a professora, também será institucionalizado. Aproximadamente 300 mulheres já responderam ao questionário – principalmente gestantes.

Experiência

Pelo que a professora conta que ouve das gestantes, elas estão inseguras, receosas e até um pouco tristes. “É um momento que a maioria sonhou bastante e nesse momento não pode fazer certas coisas que havia programado, como o pai não poder acompanhar os ultrassons. Vemos também que há mudança da via de nascimento – não por parte delas. Há profissionais induzindo uma cesariana sem necessidade. As diretrizes apontam que o parto natural ainda é a via mais indicada, mesmo para as mulheres testadas positivas para a Covid-19. Como o momento é muito desconhecido, e até para evitar mais problemas, alguns profissionais estão agendando cesarianas”, revela.

Quanto às puérperas, as maiores dificuldades estão em não terem ajuda de mães ou sogras nesse momento em que há uma adaptação de rotina e privação de sono. Outras limitações são, por exemplo, consultorias de amamentação, que agora são feitas on-line.