A pesquisa que busca avaliar a saúde mental da população durante a pandemia e entender se há consequências da covid-19 na saúde mental das pessoas já avaliou 35 voluntários em Chapecó. A pesquisa, com diversas instituições envolvidas, tem à frente, na UFFS - Campus Chapecó, a professora Zuleide Ignácio e tem como liderança geral a professora Gislaine Zilli Réus, do Laboratório de Psiquiatria Translacional da Unesc (Criciúma-SC).
Conforme a professora Zuleide, ainda não há análises estatísticas sobre as pessoas que foram pesquisadas. Entretanto, “o que chama atenção é o depoimento de pessoas que tiveram a doença, principalmente pessoas que foram hospitalizadas com sintomas mais graves. Essas pessoas informam que, além de sequelas físicas e cansaço, estão com problemas de memória e equilíbrio”.
A avaliação dos voluntários consiste em entrevistas sobre a condição psicológica e análises de material biológico (sangue e fezes). Em Chapecó, os pesquisadores farão a entrevista e análises de material biológico de, pelo menos, mais 130 pessoas – 50 que foram diagnosticadas com a doença há aproximadamente quatro a seis semanas e 80 que não foram diagnosticadas com a doença. Essa será a primeira de três etapas de entrevistas e coletas de materiais dos voluntários.
Na segunda etapa, os voluntários já terão passado pela doença há seis meses. Como muitas pessoas procuraram o grupo com o diagnóstico da doença de seis meses atrás, então a decisão foi iniciar a segunda etapa paralelamente à primeira.
Assim, quem quiser ser voluntário pode ter passado a doença entre quatro a seis semanas ou há seis meses. “Assim, teremos um estudo transversal e um estudo longitudinal”, comenta a professora. Na terceira etapa, o diagnóstico dos voluntários vai datar de um ano atrás.
Como ainda é necessária a avaliação de 130 pessoas, o agendamento segue aberto. Os interessados em contribuir com a ciência devem entrar em contato com a pesquisadora Zuleide pelo telefone (48) 99968-2966 ou pelo e-mail zuleide@uffs.edu.br.
Tanto a entrevista quanto a coleta são realizadas na estrutura da Reitoria da UFFS (na Avenida Fernando Machado, antigo Colégio Bom Pastor). Inicialmente, é feita a coleta de sangue dos voluntários e, depois, eles respondem a um questionário a respeito de sua saúde mental, aplicado por psicólogos, enfermeiros da área de saúde mental ou psiquiatras. Um espaço adequado foi destinado às entrevistas, e somente estarão presentes o profissional e o voluntário, garantindo o sigilo das informações.
Para que a estrutura da Reitoria pudesse ser adaptada e receber os voluntários, a professora comenta que foram fundamentais o auxílio da própria Reitoria da UFFS e da Direção do Campus Chapecó.
Importância da pesquisa para a ciência
“Os dados da literatura científica já trazem evidências de que a covid-19 e o estresse da pandemia estão prejudicando a saúde mental e a memória das pessoas. O nosso estudo está avaliando vários parâmetros biológicos do organismo (inflamação, processos metabólicos, algumas características genéticas, entre outros mecanismos do organismo) e a possível relação com os prejuízos cognitivos e na saúde mental”, ressalta ela.
De acordo com a professora, ainda, “a correlação desses parâmetros biológicos com a saúde mental será importante para conhecermos melhor os prejuízos que o vírus causa nas pessoas e possíveis estratégias de intervenção terapêutica. Além disso, esse é um estudo que investigará o efeito da covid-19 e do estresse por um tempo aproximado de um ano. Esse tempo é importante para verificar os efeitos de curto e longo prazo da doença. A ciência ainda não tem evidências, principalmente dos efeitos de longo prazo”, finaliza a professora.
Sobre a pesquisa
O projeto multicêntrico, intitulado “Investigação de marcadores neuroinflamatórios e de dano neuronal e suas relações com transtornos neuropsiquiátricos em sujeitos positivos para covid-19”, é coordenado pela professora Gislaine Zilli Réus (Laboratório de Psiquiatria Translacional da Unesc). Ele foi selecionado e conta com fomento do CNPq, pela Chamada MCTIC/CNPq/FNDCT/MS/SCTIE/Decit No 07/2020 – Pesquisas para enfrentamento da covid-19, suas consequências e outras síndromes respiratórias agudas graves.
Na UFFS – Campus Chapecó, o projeto é coordenado pela Professora Zuleide Maria Ignácio, do curso de Enfermagem e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biomédicas (PPGCB), e tem a participação das professoras Gabriela Gonçalves de Oliveira e Margarete Dulce Bagatini, dos cursos de Enfermagem e Medicina e também do PPGCB; dos professores Marcela Martins Furlan de Leo e Anderson Funai, do curso de Enfermagem, área de Saúde Mental; da psiquiatra e professora do curso de Medicina, Grasiela Marcon; do neurologista, neurocirurgião e professor do curso de Medicina Jorge Luiz Garcia Ferrabone, a psicóloga Cláudia Dall'Agnol e o psicólogo Silvio José Batista Soares, que também é estudante de Medicina. Também participaram do projeto estudantes de Iniciação Científica dos cursos de Medicina e Enfermagem e do PPGCB da UFFS.
Em Chapecó, há ainda a parceria da professora Marta Kolhs, da área de Saúde Mental do curso de Enfermagem da Udesc, e da professora Francine Cristine Garghetti, do curso de Psicologia da Unoesc, além da psicóloga Marta Elisa Brighenti, do IFSC.
Também estão envolvidas no estudo, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Campus Araranguá, The University of Texas Health Science at Houston (Estados Unidos) e McGill University e McMaster University (Canadá).