Publicado em: 10 de agosto de 2020 18h08min / Atualizado em: 10 de agosto de 2020 18h08min
Que a música promove saúde, a professora Jeane Barros de Souza Lima já sabia, afinal trabalha com isso há anos, já fez diversos projetos, pesquisas e gerou, com seus alunos, emoção em muita gente. Mas nesse momento de isolamento, em que não é possível estar presente, surgiu a dúvida: como levar o poder da promoção da saúde pela música?
A solução encontrada por ela e pelos estudantes que fazem parte do projeto "Musicagem" foi um vídeo, lançado durante a I Semana Acadêmica do curso de Enfermagem na noite de quarta-feira (5). E já está tocando o coração de muita gente.
O projeto nasceu há quase dois anos. Semanalmente, a professora e estudantes, em número máximo de dez pessoas, revesavam as visitas no Hospital Regional do Oeste (HRO) e Hospital da Criança.
Antes, é claro, eles escolhiam um repertório, com músicas que trouxessem uma mensagem de esperança nas letras, e ensaiavam. E, nos dois hospitais, cantavam para pacientes, familiares e funcionários.
Com a pandemia, esse contato não foi mais possível. Mas, como os relatos são de muitas dificuldades nesse cenário de Covid-19, tanto de pacientes quanto de profissionais, a professora achou que o grupo precisaria fazer alguma coisa.
Foi então que ela chamou os estudantes para gravarem o vídeo. A ideia é que o vídeo chegue aos profissionais do hospital. Em breve, essa ação será viabilizada para além dos compartilhamentos em redes sociais.
As tocantes experiências de estudantes
A estudante Débora Ceccatto, que faz parte do "Musicagem" há cerca de dez meses, conta que sempre gostou muito do projeto, afinal, a música sempre deixou seus dias melhores. “Vi no projeto uma maneira não só de promover saúde dos outros como promover a minha saúde também”.
As terças-feiras eram os dias mais esperados. “Toda semana eu ficava ansiosa para que a terça chegasse e eu pudesse expressar todo o amor que eu tenho pelo cuidado ao próximo por meio da música, e toda vez eu me emocionava mais. O 'Musicagem' auxilia muito no meu crescimento profissional e pessoal, a questão da empatia, a questão de olhar pra minha vida e tentar mudar o hábito que tenho de reclamar, muitas vezes de coisas fúteis, a questão de conhecer doenças e até mesmo perder o medo e anseio de dialogar com pacientes, familiares e profissionais de saúde”, ressalta.
Com a pandemia, veio a angústia de não poder ajudar, de ter que se afastar justamente quando as pessoas mais precisavam de apoio. “tivemos que paralisar as idas aos hospitais, mesmo sentindo que na verdade, esse seria o contexto em que mais precisaríamos promover a saúde e consequentemente o bem-estar das pessoas, pensamos em fazer o vídeo para que de alguma forma pudéssemos adentrar aos hospitais e dar essa luz aos profissionais que estão na linha de frente e aos pacientes internados, apenar que o vídeo também atinge pessoas fora do hospital em isolamento ou não, mas que nesse tempo de pandemia estão angustiados e muitas vezes com medo com todo essa circunstância de incertezas”.
A estudante revela sua grande intenção: “meu desejo é que esse vídeo impacte positivamente em todos que assistirem, que busquem ter esperanças, que busquem deixar seus medos de lado e como diz na música, ficar de frente pra luz, tentar pensar positivo, mesmo com tudo isso que tem acontecendo. Já tivemos muitos feedbacks positivos e isso nos dá a certeza que conseguimos alcançar nossos objetivos que era promover uma emoção boa em cada pessoa”.
Outra participante do grupo, Simone dos Santos Pereira Barbosa, da 9ª fase, lembra que depois da declaração de pandemia e do processo de isolamento, muitas coisas em sua vida mudaram. “No início de março estava começando as atividades do Estágio Curricular Supervisionado, fazendo planos para atuar nos locais de estágio seja no hospital ou nos outros serviços de saúde, analisando processos de concurso, processos seletivos de residência, de mestrado, pensando no pós-graduação, no ser Enfermeira, já que estou no último ano do curso”. Com a suspensão das atividades, ela precisou se adaptar, aproveitando o tempo com atividades online de projetos de extensão, atividades da própria UFFS e cursos disponíveis em plataformas digitais como UNASUS.
Há dois anos no “Musicagem”, desde que ele foi implementado, ela considera participar como uma alegria, “já que estamos promovendo a saúde por meio da música, não só daqueles que nos ouvem, mas também a nossa saúde. Realizar as ações no hospital me traz uma imensa alegria, paz no coração, sensação de contribuir para o bem do outro, levando bem-estar para indivíduos, familiares que estão em um processo difícil que é a hospitalização, além de promover a saúde dos profissionais da saúde, da equipe, e de meus futuros colegas de trabalho”.
Para ela, a música é uma ferramenta a ser utilizada para a promoção da saúde. Mas ela confessa que a música tem sido mais do que isso. “Por meio do programa pude ver a vida com mais delicadeza, enxergar, visualizar o outro, suas necessidades e que a vida temos que valorizar a vida. A melhor sensação é poder ver o sorriso deles, o carinho, o agradecimento, a sensação de bem-estar, a expectativa de nossa chegada nas expressões deles, e a minha satisfação e leveza por ter ajudado nesse momento”.
Sua vontade, agora, é que o vídeo possa chegar às pessoas – que estão hospitalizadas, os familiares, os profissionais de saúde e todos da sociedade – para entregar um pouco de paz, alegria, aconchego e esperança. “Acredito que possa levar a muitas pessoas um momento de leveza nesse período de pandemia que estamos vivendo. Acreditamos como diz a música, que sejamos como o girassol, de costas para o escuro e de frente pra luz”.
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