Publicado em: 25 de janeiro de 2018 11h01min / Atualizado em: 26 de janeiro de 2018 12h01min
Um projeto realizado, durante o Estágio Supervisionado, por duas concluintes do curso de Enfermagem da UFFS – Campus Chapecó mudou práticas no Hospital Regional do Oeste (HRO). O caminho até a mudança, entretanto, exigiu de Marceli Hanauer e Dulcimar de Oliveira muito estudo, planejamento, reuniões e engajamento.
O projeto “Implementação de Suporte Customizado para Caixa de Armazenamento Temporário de Material Contaminado Destinado à CME”, orientado pelas professoras Júlia Bitencourt, Grasiele Fátima Busnello e Sílvia Silva de Souza, foi realizado inicialmente na Oncologia, de acordo com a escolha das estudantes. Na unidade, elas realizaram o Diagnóstico Situacional, uma ferramenta utilizada pela Enfermagem para elencar fragilidades e potencialidades do setor. Com base nesse diagnóstico, foi feito um plano de ação para a reparação dessas fragilidades.
Elas perceberam que a Caixa de Material Contaminado ficava na sala de procedimentos, onde também ficam os materiais estéreis. “Achamos necessária a retirada da caixa desse local até porque há um espaço adequado – o expurgo – para armazenar temporariamente esse material. Só que até aquele momento não havia sido feito um projeto, um planejamento para isso; ou foi feito e não implementado”, explicou Marceli.
Elas procuraram a Coordenadora da Unidade, Veridiana da Silva Pinto, que pediu que as estudantes falassem também com o Enfermeiro Coordenador do Serviço de Controle de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (SCIRAS), Paulo Cesar da Silva. Segundo elas, Paulo gostou da ideia, mas lembrou que seria necessário um plano de ação, além de um argumento baseado em materiais científicos para "convencer" os colaboradores. “O desafio seria conscientizar toda a equipe de que aquele não era o local adequado e que havia um local ideal para colocar o material. Assim, o hospital ofereceria maior segurança aos colaboradores e usuários do serviço, vindo ao encontro do Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP)”, lembrou Marceli.
Então, as estudantes buscaram literatura (a RDC 15 prevê a necessidade de uma barreira técnica – pelo menos uma parede para separar o material estéril do contaminado) e desenvolveram um fôlder de educação permanente para implementar a mudança. Elaboraram um projeto piloto para o terceiro andar, que é constituído por três setores: Oncologia I, Oncologia II e Privativo.
Com o Coordenador da Manutenção, Álvaro Mees, elas planejaram um suporte para a caixa e para acondicionar perfurocortantes. As estudantes também levantaram o custo dos três suportes para o terceiro andar. Por fim, os três suportes foram confeccionados.
“Os colaboradores, no início, ficaram resistentes. Depois, se adequaram à nova rotina”, ressaltou Marceli. “Levamos o resultado para o enfermeiro, e ele falou que teríamos que juntar forças para algo maior: a implementação em todo o hospital. Precisaríamos apresentar o projeto e conversar com a enfermeira coordenadora da Central de Materiais Esterilizados, Cleonir de Oliveira, com a coordenadora da Higienização, Adriana Regina Barbosa, com a enfermeira coordenadora do Perfurocortante, Natália Meurer, com o engenheiro do trabalho, Anderson Carlin Ribeiro, para depois apresentarmos à gerente de Enfermagem, enfermeira Tania Tacca Zunkowski, que gostou muito da ideia e autorizou a implementação em todo o HRO”.
As estudantes já tinham o levantamento de quantos suportes e caixas seriam necessários. Inclusive, já haviam orçado todo o material. “Apresentamos o projeto e o levantamento de custos ao Diretor Geral, Osmar Arcanjo de Oliveira, que aprovou a implementação”.
Para que a ideia desse certo, era preciso que os colaboradores a adotassem. Nesse sentido, foi realizada a educação em saúde. “Solicitaram-nos, ainda, a escrita de um artigo e a divulgação do projeto. Foi um projeto da Universidade, que teve uma grande e importante repercussão no hospital”, orgulha-se Marceli.
Conforme a professora Júlia, “do ponto de vista do ensino-aprendizagem, foi excelente, porque elas perceberam a possibilidade que o enfermeiro tem de transformar a sua prática a partir da percepção crítica dessa prática, da elaboração de projetos e utilização de estratégias para a viabilização. Sair da universidade com o entendimento de que é possível ter ação proativa e transformadora. E isso tem que servir de exemplo”. Ela aponta ainda que muitos profissionais e estudantes reclamam sobre a pouca valorização dos enfermeiros, entretanto, indica o caminho. “A valorização vai ao encontro de ações que nós, enfermeiros, fazemos”.
A professora também destaca outra questão que o projeto fortaleceu. “Do ponto de vista da parceria instituição de saúde e instituição de ensino, o projeto foi excelente. O depoimento da direção de enfermagem é que é esse tipo de estudante que querem na Instituição: que ele esteja no hospital, faça a crítica e que consiga trazer soluções”, finaliza.
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