Publicado em: 26 de julho de 2024 13h07min / Atualizado em: 26 de julho de 2024 13h07min
Um e-mail na caixa de entrada de um dos principais nomes do mundo da pesquisa em sistema purinérgico e câncer gerou o início de um diálogo que poderá se tornar um acordo internacional importantíssimo para a UFFS, o Campus Chapecó e, mais especificamente, o Programa de Pós-Graduação em Ciências Biomédicas (PPGCB). A remetente, professora Debora Tavares de Resende e Silva, não esperava uma resposta, mas o que ocorreu depois foi muito mais do que uma simples resposta.
Era mais ou menos a metade de 2023 e as professoras Debora e Sarah Franco Vieira de Oliveira Maciel iriam para a Itália para um evento. Como acompanham o professor Francesco Di Virgílio, suas pesquisas e publicações, – já que ele é um dos maiores pesquisadores mundiais em sistema purinérgico e câncer, e o PPGCB tem o sistema purinérgico como uma das linhas de pesquisa – pensaram em tentar visitar o laboratório. Foi então que a professora Debora resolveu escrever para o professor Di Virgílio.
Com toda a humildade, explicou que elas eram jovens pesquisadoras e que gostariam de visitá-lo, conhecer o laboratório dele e, quem sabe, alinhar algumas possibilidades. “A gente não estava, naquele momento, vislumbrando que, de fato, conseguiríamos um acordo por ele ser quem ele é. Mas, aí, então, ele foi muito receptivo”, comenta a professora.
A partir daquele momento, eles começaram a trocar vários e-mails. Depois, foram à Itália e visitaram diariamente o laboratório durante uma semana, em fevereiro de 2024. Uma das passagens foi financiada pela UFFS, através do setor de relacionamento internacional da Agiitec, após demonstrarem a importância da viagem para o desenvolvimento do PPGCB e das pesquisas, e que mostraria a UFFS no exterior. A outra passagem foi custeada a partir de verbas de projetos desenvolvidos pelas professoras.
Além da troca de conhecimentos com os pesquisadores do laboratório, elas levaram uma lista de planejamentos que gostariam de executar no laboratório italiano – o que foi apoiado pelo professor Di Virgílio. Uma delas foi aproximar ainda mais as pesquisas e os grupos de pesquisadores, que teve um positivo do professor, também. “Penso que ele apoiou o acordo muito por ser uma universidade mais nova”. As outras relações que ele tem com pesquisadores da Sinalização Purinérgica aqui no Brasil – com pesquisas, com trabalhos no laboratório dele ou com parcerias – são com universidades maiores, mais renomadas, mais consolidadas: a UFSM, a UFRJ e a USP. “E, agora, nós. Acho que ele viu muito por esse lado de ajudar a nos desenvolver enquanto UFFS. E ele é uma pessoa maravilhosa. Acho que só pelo fato dele ser como ele é e quem ele é, que ele nos apoiou tanto.”, ressalta a professora Sarah.
Enquanto estavam na Itália, as professoras souberam que o professor Di Virgílio estaria no Brasil em maio e com um cronograma não tão corrido. Por isso, perguntaram a ele se, caso não houvesse oposição do grupo que o estava trazendo (da UFSM), gostaria de vir até a UFFS, conhecer a Instituição e fazer uma palestra ao grupo.
Em uma agenda bastante intensa e produtiva, e com recursos viabilizados pelo Campus Chapecó, o professor veio para a UFFS, palestrou, participou de reuniões com a Agiitec, diretoria de pós-graduação, professores e mestrandos do PPGCB.
Para seguir com o acordo entre as universidades, outras perspectivas já ficaram alinhadas. A próxima etapa será mais uma viagem das professoras para a Itália. Elas concorreram e foram aprovadas em um edital de mobilidade da Fapesc, e vão ao congresso que o grupo do professor Di Virgílio está organizando, – o Congresso Europeu de Purinas – em setembro. Além da participação no evento, ficarão por mais 14 dias para aprendizados e pesquisas no laboratório. Levarão materiais para pesquisas, farão capacitações imuno-istoquímicas e de cultivo celular. Ainda neste ano, estarão em outro grande evento com o professor Di Virgílio, em Santos.
Para o futuro, já há planos para que o professor venha, novamente, para palestrar em um evento de neuro-oncologia, do qual a professora Debora está à frente; e para o primeiro simpósio do PPGCB. Além disso, conforme elas, a intenção é que membros do grupo de pesquisa italiano participem de aulas da pós-graduação por videoconferência e como avaliadores em bancas.
Também há possibilidades de produzir artigos de revisão em conjunto – estudantes e professores daqui com a participação dele e de membros da equipe italiana.
Para tanto, elas estão atentas aos editais e participando de vários deles. “Sempre quando tem a possibilidade, colocamos essa previsão de passagens para fazer realmente esse intercâmbio, tanto o nosso ou de estudantes nossos, tentando viabilizar recursos e condições para isso”, frisa Debora.
O movimento mexeu com elas e com muitas pessoas envolvidas com o PPGCB. “Foi muito importante para os nossos alunos e até para nós, professores. Para a gente perceber que nós também somos um grupo de pesquisa, enquanto universidade, enquanto PPGCB, enquanto cursos de graduação, que são alunos, professores, mestrandos, pós-doutorandos que fazem pesquisa, que a gente tem condição de ter acesso aos melhores pesquisadores, às melhores pesquisas, às melhores técnicas, se nos esforçarmos para isso. Não é porque nós estamos em uma universidade jovem, no interior, que nós somos piores ou não somos merecedores. Foi muito legal poder trazer alguém que tem um carisma tão grande, acho que isso ajudou muito”, anima-se a professora Debora.
E a professora Sarah complementa: “ele realmente é muito carismático, muito didático, e foi muito bacana ver os alunos participando e fazendo perguntas, interessados e, às vezes, não entendendo tudo, por causa da questão da língua, mas tentando absorver ao máximo. E a gente teve um retorno muito legal de realmente ser uma realização, uma idealização, de ver que é possível. Para mim, é ainda acreditar que a ciência e a educação, óbvio, são capazes de mudar as expectativas e as possibilidades na vida das pessoas”.
Para finalizar, a professora Debora lembra que a UFFS está aberta para receber a todos que desejam desenvolver pesquisas e ampliar as possibilidades na ciência. “Estamos aqui, fazemos pesquisa também e as pessoas podem nos procurar, porque a gente estará aqui para acolher e dar a oportunidade de conhecer laboratórios, espaços e pesquisadores renomados, que, às vezes, parecem uma utopia, mas que, na verdade, é possível. Acredito que esse acordo vai propiciar, não só como ele já propicia, para os docentes melhorarem as suas formações, capacitações. Para aquela pessoa que acha que a universidade está tão distante, quando, na verdade, a gente é uma universidade tão inclusiva e com um potencial que a gente pode chegar no exterior. Um dos alunos que ficou mais envolvido conosco durante o momento em que o Di Virgílio estava aqui, que ficou extremamente emocionado, com os olhos marejados, porque ele nunca pensou que ele ia apertar a mão do Di Virgílio, que ele ia assistir uma palestra dele e que ele estaria tão próximo. Às vezes, os pesquisadores renomados que a gente lê tanto e a gente acha que estão tão distantes de nós, às vezes, a gente consegue ter acesso”. Começando por um e-mail.
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