Publicado em: 24 de maio de 2022 09h05min / Atualizado em: 24 de maio de 2022 15h05min
A Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) Campus Erechim conta agora com um aerogerador de pequeno porte. O equipamento foi instalado na semana passada, próximo aos laboratórios do Campus, para atividades do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária. O aerogerador soma-se à usina fotovoltaica (inaugurada em março) para incrementar as pesquisas sobre geração de energia limpa, visando o desenvolvimento de mais ações sobre o assunto. Na entrevista abaixo, o professor Marcelo Esposito conta os detalhes do novo equipamento e também do projeto de pesquisa que está coordenando.
Como esse projeto de pesquisa nasceu, como ele foi pensado?
Esse projeto de pesquisa é fruto da disciplina Energia Eólica do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária. Para que a disciplina tivesse uma estrutura melhor, foi necessária a aquisição desse aerogerador de pequeno porte. Junto com a aquisição surgiu o projeto de pesquisa, que leva em consideração vários fatores. Existem basicamente dois tipos de aerogeradores: o de eixo horizontal e o de eixo vertical. O de eixo vertical opera com ventos turbulentos, enquanto o de eixo horizontal com ventos de fluxo laminar. O aerogerador de eixo vertical pode ser usado em locais com edificações, como em cidades, por exemplo, onde há vento turbulento, enquanto o de eixo horizontal é preferível em campo aberto, sem turbulência. O nosso aerogerador é de eixo horizontal e foi instalado em um local com turbulência, já que o de eixo vertical precisaria de uma velocidade de vento maior, para gerar a mesma quantidade de energia que o de eixo horizontal no mesmo local. A parte central do projeto são os inversores usados para conectar os geradores de energia elétrica, sejam eles energia solar fotovoltaica e/ou energia eólica na rede elétrica da concessionária (no nosso caso, a RGE). A partir dos anos 2000 os inversores eólicos de pequeno porte deixaram de ser vendidos pelos principais fabricantes. O projeto de pesquisa consiste em desenvolver um sistema híbrido: sistema fotovoltaico e eólico. A vantagem desse sistema híbrido é que não teremos a geração de energia apenas quando tiver sol, poderemos gerar energia dia e noite, com o vento. Existe um problema: o inversor solar homologado pelo Inmetro que permite a conexão com a rede não serve para sistemas eólicos. É necessário um circuito de potência entre o aerogerador e o inversor solar que é conectado com a rede. É exatamente esse circuito de potência que nós estamos desenvolvendo. Então esse é o outro motivo para a aquisição desse aerogerador. Esse modelo de aerogerador é amplamente utilizado pelas universidades do País inteiro, portanto, tem-se um grande conhecimento teórico e prático sobre ele. A novidade que vamos trazer é esse conversor de corrente alternada para a corrente contínua (conversor CA/CC), que vai se conectar com o inversor solar.
Equipamento instalado próximo aos laboratórios também servirá para o desenvolvimento de pesquisas
A ideia então é produzir algo nacional, isso?
O conversor CA/CC já existe fora do País, na Europa mais especificamente, mas no Brasil ainda não. Só é possível comprar um inversor eólico via importação e ainda sem a homologação do Inmetro. O inversor solar você compra. O aerogerador você compra. Mas você não consegue comprar esse equipamento que permite transmitir a energia do aerogerador para o inversor solar. Então nós precisamos desenvolver um produto nacional para que possamos fazer essa conexão e tornar esse sistema híbrido. O inversor solar poderá ser usado para o sistema fotovoltaico e para o sistema eólico, sem ter que comprar um outro equipamento.
Como o projeto dialoga com a usina fotovoltaica do Campus?
Vamos usar dados da usina, que é de 400 quilowatts pico, e selecionaremos apenas 1,2 quilowatt para usar como comparação à energia gerada pelo aerogerador, que é de 1,2 quilowatt. Vamos comparar a geração com a mesma potência instalada, tanto eólica quanto fotovoltaica.
Os acadêmicos da UFFS também participam do projeto?
Sim. Temos de 10 a 20 alunos que são alunos das disciplinas Energia Solar e Energia Eólica. Então, além do projeto de pesquisa, todo esse material também é transmitido para a graduação. No projeto de pesquisa, nós temos mais três alunos e dois professores que estão atuando nesse projeto para que ele seja concluído.
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