Uma série de pesquisas realizadas na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Erechim, está monitorando a quantidade e as espécies de animais atropelados em trechos de rodovias entre Erechim/Aratiba e Erechim/Gaurama, na região do Alto Uruguai do Rio Grande do Sul. A ação está em desenvolvimento pelo Grupo de Pesquisa Biodiversidade e Conservação da Fauna e alguns dados já levantados foram apresentados no XI Congresso de Ecologia e I Congresso Internacional de Ecologia do Brasil, realizados em Porto Seguro (BA), entre os dias 15 e 19 de setembro.

Conforme o professor da UFFS – Campus Erechim e orientador de dois Projetos de Pesquisa desenvolvidos na área, Paulo Afonso Hartmann, as rodovias estão entre as mais evidentes alterações ambientais geradas pelo homem e causam inúmeros impactos negativos para a fauna da região, podendo, até mesmo, levar algumas espécies à extinção e colocar em risco espécies ameaçadas. Devido a esses fatores, o Grupo de Pesquisa vem avaliando o impacto gerado pelas rodovias RS-420 (Erechim-Aratiba) e RS-331 (Erechim-Gaurama) na fauna de vertebrados terrestres (aves, mamíferos e répteis).

Durante o ano de 2012, o grupo encontrou, no total, 157 animais atropelados de 32 espécies diferentes, sendo três ameaçadas de extinção: Leopardus tigrinus (gato do mato pequeno), Leopardus wiedii (gato maracajá) e Puma yagouaroundi (gato mourisco). Entre as espécies encontradas, as que se destacaram pelo número de atropelamentos foram Salvator merianae (lagarto), com 30 registos, e Didelphis albiventris (gambá da orelha branca), com 24 animais atropelados.

Além das taxas de atropelamento e reconhecimento das espécies atropeladas, são analisadas características da paisagem no entorno das rodovias, como a topografia e a vegetação. “A análise do entorno é de extrema importância para o conhecimento do habitat da fauna, determinando o tipo de vida das espécies que são atropeladas”, explica o orientador.

O Grupo de Pesquisa existe desde o início de 2012 e o monitoramento deverá seguir até o final de 2013, completando dois anos de amostragem.

Metodologia

As pesquisas sobre o impacto das rodovias na fauna da região vêm sendo desenvolvidas dentro de um projeto 'guarda-chuva' denominado "Fauna Silvestre e Rodovias: Padrões de Mortalidade e Possíveis Soluções”, ao qual foram vinculados cinco projetos de iniciação científica, financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs) e pela própria UFFS.

“Nós percorremos as rodovias três dias consecutivos por mês, georeferenciando e fotografando todos os animais encontrados atropelados. São percorridos trechos de 12 Km entre Erechim e Gaurama, e mais 12 Km entre Erechim e Aratiba”, explica Hartmann.quisas sobre o impacto das rodovias na fauna da região vêm sendo desenvolvidas dentro de um projeto 'guarda-chuva' denominado "Fauna Silvestre e Rodovias: Padrões de Mortalidade e Possíveis Soluções”, ao qual foram vinculados cinco projetos de iniciação científica, financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs) e pela própria UFFS.

Segundo ele, as pesquisas vêm sendo realizadas de acordo com métodos padronizados, o que permite a comparação com outros estudos no Brasil ou em outros países. “Devido à escassez de informações sobre ecologia de estradas no Brasil, há dificuldades até em órgãos governamentais licenciadores para tratar o assunto. Desse modo, as informações obtidas pela equipe do projeto servirão como ferramenta para a tomada de decisões no planejamento territorial, principalmente nos empreendimentos que envolvam implantação e manutenção de rodovias”, argumenta.

Congresso

Os resultados dos estudos realizados até o momento foram apresentados no Congresso de Ecologia pelos estudantes do curso de Engenharia Ambiental da UFFS – CampusErechim, Cassiane Kolcenti, Jéssica Mulinari e Tiago Rezzadori e pelo professor Paulo Afonso Hartmann. O grupo apresentou dois painéis intitulados: Atropelamentos de fauna em rodovias no norte do Rio Grande do Sul e Distribuição espacial dos atropelamentos de fauna em duas rodovias no norte do Rio Grande do Sul. Além deles, os trabalhos têm co-autoria da estudante Siane Luzzi e da professora da UFFS - Campus Erechim Marilia Hartmann.