Patrimônio ilustrado de Erechim: história, arte e memória na palma da mão
Projeto une ilustração digital e redes sociais para tornar acessível o patrimônio histórico de Erechim e sensibilizar sobre sua preservação

Publicado em: 29 de outubro de 2024 08h10min / Atualizado em: 29 de outubro de 2024 08h10min

No contexto urbano de Erechim, o patrimônio histórico edificado guarda camadas de memória que vão além das formas arquitetônicas visíveis. É sobre essa premissa que o projeto de extensão “Patrimônio Ilustrado de Erechim”, do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) Campus Erechim, vem desenvolvendo um trabalho de valorização e preservação cultural. Desde abril de 2023, a equipe do projeto tem utilizado a arte da ilustração digital como uma ferramenta estratégica para sensibilizar a sociedade sobre a importância da preservação do patrimônio local, com um enfoque especial no uso de plataformas digitais para ampliar o alcance dessas discussões.

Sob coordenação da professora Natália Biscaglia Pereira e com a colaboração da professora Melissa Laus Mattos e da arquiteta Ariane Pedrotti de Ávila Dias, do Departamento de Patrimônio Histórico da Prefeitura Municipal de Erechim, o projeto conta também com a participação voluntária de estudantes do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFFS: Tamara Andreia Carvalho, Eric Fassina, Lauhana Amanda Kern e Júlia Maria Nunes. Este coletivo une academia, gestão pública e a vivência estudantil em torno de um objetivo comum: promover a educação patrimonial de maneira acessível e atrativa, tanto para a comunidade local quanto para o público virtual.

Em um cenário de comunicação global cada vez mais pautado pela visualidade, o projeto “Patrimônio Ilustrado de Erechim” nasceu da percepção do papel central que as imagens desempenham na mediação de significados culturais. “Vivemos em uma sociedade onde o poder das imagens está cada vez mais relevante. Os desenhos, por sua natureza acessível e universal, transcendem barreiras de idade e cultura”, explica a professora Natália Biscaglia Pereira. A escolha da ilustração digital como principal linguagem do projeto visa exatamente a superação das barreiras geracionais e culturais, tornando o patrimônio histórico compreensível e atraente para diferentes públicos.

Através do Instagram, na conta @patrimonioilustrado.erechim, o projeto já disponibilizou mais de 20 posts com ilustrações e fotografias de edificações históricas, sempre acompanhadas de informações detalhadas que integram o contexto arquitetônico e cultural de cada bem. Classificadas em grupos como edificações em madeira, ecléticas, Art déco e modernas, as publicações são baseadas no Inventário do Patrimônio Edificado de Erechim, elaborado em 2016 por meio de uma parceria entre a UFFS e a Prefeitura. As postagens, além de atraírem a atenção de diversos públicos, têm gerado um retorno positivo, incluindo mensagens de usuários que compartilham memórias afetivas associadas aos edifícios ou contribuem com informações inéditas sobre as construções.

Ação no dia 18/10 distribuiu desenhos para colorir entre as crianças presentes na Feira Jovem (Fotos: Acervo pessoal)

O sucesso do projeto não seria possível sem a estreita colaboração entre a UFFS e o Departamento de Patrimônio Histórico da Prefeitura Municipal de Erechim, cujo apoio foi fundamental desde o início. “Há uma troca contínua de dados, informações e documentos que alimentam o trabalho da equipe de ilustração”, destaca Natália. Essa sinergia entre academia e poder público também é um elemento-chave na ampliação do conhecimento sobre o patrimônio edificado e na criação de novas formas de interação com a comunidade local.

O impacto almejado pelo projeto vai além da divulgação dos bens inventariados: ele visa fomentar uma discussão mais ampla sobre a preservação do patrimônio cultural na cidade. “Esperamos contribuir para a promoção e valorização do patrimônio cultural edificado, fomentando a discussão sobre a importância da preservação desses bens para a memória coletiva e para a qualidade de vida da população”, reforça a coordenadora.

Educação patrimonial e formação acadêmica

Além de sensibilizar a sociedade para a importância do patrimônio histórico, o projeto também se configura como uma rica experiência formativa para os estudantes de Arquitetura e Urbanismo envolvidos. Participando ativamente da coleta de dados, análise documental e produção de ilustrações, os alunos adquirem competências práticas no campo da documentação gráfica e na educação patrimonial, áreas essenciais para uma formação completa no campo da arquitetura.

O processo criativo das ilustrações é outro ponto de destaque. Inicialmente, foram testadas diferentes técnicas de representação gráfica, como aquarelas feitas à mão. No entanto, a equipe optou por uma abordagem digital, que se mostrou mais adequada para manter a uniformidade estética das postagens e para a reprodução das ilustrações em diversos formatos, como futuros cartazes ou produtos impressos. A escolha da ilustração digital também permite uma maior agilidade na produção dos desenhos, ao mesmo tempo em que oferece aos estudantes a oportunidade de desenvolver habilidades técnicas que serão úteis em sua futura atuação profissional.

Embora o projeto esteja previsto para ser encerrado no final de 2024, a equipe já vislumbra novas iniciativas que podem ser implementadas em futuras edições. Entre as propostas para expansão do projeto estão a criação de cartilhas de educação patrimonial, a produção de desenhos para colorir, mapas temáticos e pôsteres. Um exemplo é uma ação realizada no dia 18 de outubro, na Feira Jovem - Festival da Primavera da cooperativa Nossa Terra, quando foram distribuídos, entre as crianças do evento, desenhos para colorir.

Acompanhe o trabalho do projeto no Instagram: @patrimonioilustrado.erechim.