Publicado em: 04 de março de 2020 14h03min / Atualizado em: 04 de março de 2020 14h03min
O Brasil, segundo a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO), ocupa o lugar de maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Enquanto o comércio mundial de agrotóxicos cresceu 93% nos últimos dez anos, no mercado brasileiro esse acréscimo foi de 190%. Assim, o uso de plantas de adubação verde tem sido uma estratégia adotada pelos agricultores para reduzir a utilização de insumos químicos sintéticos.
Entretanto, as plantas de adubação verde são escolhidas, na maioria das vezes, de acordo com a época apropriada para o seu plantio e com a espécie cultivada em sucessão, sem levar em consideração, em muitos casos, possíveis influências alelopáticas da exsudação radicular e da degradação da palhada da espécie de cobertura sobre a germinação e o desenvolvimento das culturas de interesse econômico que virão em sequência.
Os compostos químicos liberados pelas plantas de adubação verde, durante seu desenvolvimento, por meio da exsudação das raízes ou durante a decomposição da parte aérea da planta podem causar prejuízos ou benefícios à cultura semeada em sua palhada.
Objetivando avaliar o potencial alelopático de plantas de adubação verde sobre a cultura do milho e das plantas espontâneas, Maicon Reginatto, orientado pelos professores Lisandro Tomas da Silva Bonome e Henrique von Hertwig Bittencourt, desenvolveu sua pesquisa no Programa de Pós-graduação em Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável da UFFS – Campus Laranjeiras do Sul.
O trabalho foi dividido em três experimentos que avaliaram o potencial alelopático de plantas de adubação verde sobre a germinação e desenvolvimento inicial da cultura de milho e de plantas espontâneas.
No primeiro experimento, avaliou-se o potencial alelopático do exsudato radicular, que são substâncias produzidas pelas raízes de plantas sobre a adubação verde, na germinação e crescimento de plantas espontâneas e do milho. No segundo experimento, foi avaliado o potencial alelopático do extrato aquoso da parte aérea de plantas de adubação verde na germinação e crescimento de plantas espontâneas e do milho. O terceiro experimento objetivou avaliar o potencial alelopático da degradação da palhada de plantas de adubação verde na emergência e no desenvolvimento inicial do milho.
Foram realizados bioensaios em laboratório para avaliar a fitotoxicidade, que é uma reação tóxica que uma substância pode provocar nas plantas e prejudicar seu desenvolvimento, do exsudato de raiz e do extrato aquoso e bioensaio em casa de vegetação para avaliar a fitotoxicidade da degradação da palhada.
O exsudato radicular da aveia preta foi o que apresentou maior fitotoxicidade ao desenvolvimento inicial das plântulas de milho e plantas espontâneas, seguida pelo exsudato radicular da ervilhaca peluda que também apresentou fitotoxicidade ao milho e às plantas espontâneas. O extrato aquoso que mais afetou o vigor e a germinação do milho foi o de ervilhaca peluda, seguido pela aveia preta e nabo forrageiro.
Os resultados demonstram que concentrações baixas dos extratos aquosos são menos fitotóxicas ao desenvolvimento inicial do milho, sendo que as plantas espontâneas apresentam maior sensibilidade. A ervilhaca peluda foi a planta que apresentou maior quantidade de fenóis totais (1,23 mg.g-1), seguido pelo nabo forrageiro (0,76 mg.g-1) e pela aveia preta (0,4 mg.g-1).
Foram identificados dez compostos fenólicos no extrato aquoso, sendo o ácido benzoico e o p-cumarico os mais abundantes, seguidos pelo ácido ferúlico e ácido p-hidroxibenzócio. As quantidades de palhada do nabo forrageiro e de aveia preta apresentaram menor interferência na emergência e no vigor do milho, sendo que a ervilhaca peluda foi mais prejudicial para o desenvolvimento inicial do milho, afetando a germinação e o vigor.
Estudos posteriores devem ser realizados avaliando essa interferência a campo e potencial inibitório dos compostos fenólicos encontrados sobre as plantas receptoras.
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