Publicado em: 06 de maio de 2020 14h05min / Atualizado em: 07 de maio de 2020 16h05min
O cultivo de hortaliças no período de outono e inverno requer alguns cuidados, iniciando pela escolha das espécies que serão cultivadas. Embora algumas plantas tenham um crescimento mais adequado em temperaturas altas, as baixas temperaturas também favorecem o desenvolvimento de determinadas cultivares, é o que explica a docente da UFFS – Campus Laranjeiras do Sul Cláudia Simone Madruga Lima.
“Em função das características e exigências, algumas plantas são mais adequadas e se desenvolvem melhor em temperaturas mais altas, por exemplo, o tomate, o melão e a melancia, da família das solanáceas e as cucurbitáceas. Porém, outras espécies se desenvolvem melhor em temperaturas baixas como, por exemplo, a família das brássicas, couve brócolis, couve-flor, couve manteiga, repolho e outras famílias como a beterraba, a cenoura o morango, que são espécies com indicação de cultivo neste período”, explica a professora.
A docente comenta que “o produtor deve fazer escolha das plantas que deseja cultivar considerando a exigência da planta em função da temperatura, além disso, o local onde serão cultivadas deve receber, no mínimo, quatro horas diárias de luz, para que ocorra o adequado desenvolvimento das plantas”.
A irrigação durante as estações mais frias é outro aspecto fundamental para o desenvolvimento das plantas. “A frequência da irrigação deve considerar o tipo do solo, cobertura e o manejo realizado e poderá ser realizada com intervalos maiores, podendo ser efetuada uma ou duas vezes por semana. Nos cultivos onde a irrigação era diária poderá ser efetuada a cada dois ou três dias, obviamente vai depender das características mencionadas anteriormente”, esclarece a professora.
A mudança na frequência da irrigação se deve ao fato de que “durante o inverno a água evapora de forma mais lenta e existe a tendência de permanecer mais úmido. Essa umidade pode favorecer o desenvolvimento de doenças, por isso é importante que a irrigação seja realizada durante o período da manhã, assim a água evapora ao longo do dia”, explica.
Outra questão que preocupa os produtores durante as estações mais frias é a formação de geadas. Sobre o assunto, a docente destaca que existem técnicas para evitar ou reduzir a formação dos cristais de gelo nas plantas, como por exemplo a utilização das malhas de sombreamento, conhecidas também como telas sombrite. O ideal é que se utilize telas com percentual de 70% de sombreamento. A cobertura dos canteiros deve ser realizada ao final da tarde e abertura no início da manhã.
Cláudia orienta que “os canteiros não devem permanecer o dia todo cobertos, pois as plantas necessitam da circulação de ar e penetração do sol, por isso a abertura das telas deve ser realizada no início da manhã, ainda mais levando-se em conta que o percentual de sombreamento é alto (70%)”.
Outra maneira de proteger as plantas da geada é a utilização dos túneis baixos, também chamados de miniestufas ou pequenas estufas, utilizadas no cultivo do morangueiro, por exemplo. Nessas estruturas arcos ou vergalhões são colocados a uma altura de 70 a 80cm, com distanciamento de 1,5m a 2m entre os arcos e coloca-se um plástico sobre a estrutura cobrindo todo o canteiro. Os canteiros devem ser cobertos ao final da tarde e abertos pela manhã. A docente comenta que “é imprescindível a abertura para a circulação de ar e penetração do sol nas plantas, pois manter as estufas fechadas aumenta a umidade e isso favorece a incidência de doenças”.
A aspersão é outra técnica que pode ser utilizada para evitar a perda de plantas devido a formação de geadas. A professora relata que “no final da tarde a aspersão de água é ligada e deve permanecer até o início da manhã seguinte. Essa técnica apresenta um gasto de água elevado, e até parece uma sugestão controversa, ainda mais em períodos de seca, mas ela é muito eficiente. Tecnicamente, durante a aspersão, a água passa do estado líquido para o estado sólido, em formato de cristais de gelo, ocorrendo um processo térmico onde a água transfere calor para as plantas. Esse processo mantém a planta aquecida, evitando que ocorra a cristalização das células, tecidos e a morte das plantas”.
Cláudia alerta que “embora o gasto de água seja elevado, o método é extremamente eficiente, porém, deve estar aliado ao monitoramento de formação de geadas, que pode ser acompanhado nos mais diversos sites que ofertam gratuitamente esse serviço, pois a aspersão deve ser utilizada somente em casos de formação de geadas”.
Durante o período das baixas temperaturas, também é comum a incidência de determinados insetos e doenças. “Entre os insetos, os mais comuns nesse período são as cochonilhas e os pulgões e as doenças mais frequentes são míldio e oídio, embora existam outras que também acometem os cultivos. Extratos e caldas naturais auxiliam no controle desses problemas fitossanitários, como por exemplo, para os insetos, a calda de fumo, calda com alho, com canela, álcool e detergente, ou calda com pimenta, cebola e alho. As aplicações semanais ou quinzenais auxiliam em relação ao controle desses insetos. A utilização da calda de leite também auxilia na redução da manifestação de algumas doenças, então existem maneiras de reduzir a incidência desses problemas com produtos que temos em casa”, salienta a professora.
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