Publicado em: 28 de fevereiro de 2023 14h02min / Atualizado em: 28 de fevereiro de 2023 15h02min
Visando agregar mais tecnologia e trazer mais uma alternativa aos processos de produção de alimentos, um projeto desenvolvido na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Laranjeiras do Sul adquiriu recentemente uma bioimpressora 3D. O equipamento permitirá a impressão de alimentos.
A iniciativa é do projeto de pesquisa “Gryllus assimilis como proteína alternativa para alimentação humana e animal”, coordenado pela professora Vania Zanella Pinto. O projeto é multidisciplinar e envolve os cursos de Agronomia, Ciências Biológicas, Engenharia de Aquicultura, Engenharia de Alimentos, Ciências Econômicas e os mestrados em Ciência e Tecnologia de Alimentos e em Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável.
A pesquisa foi iniciada em 2021 e busca estudar os efeitos do processamento dos grilos adultos e a sua estabilidade no armazenamento; avaliar o processamento, caracterização e desenvolvimento de produtos; além de avaliar a digestibilidade, qualidade nutricional, desempenho zootécnico e metabólico de tilápias alimentadas com grilo, entre outros. Além disso, a pesquisa pretende testar o uso de tecnologias emergentes, por exemplo, a elaboração de produtos com farinha de grilo, utilizando a tecnologia de impressão 3D de alimentos e outras estratégias inovadoras de processamento.
Conforme relata a pesquisadora Vania, “a impressão 3D é uma ferramenta muito comum na tecnologia de polímeros, materiais plásticos, e a bioimpressão 3D é comum para tecidos, é uma tecnologia de ponta no estudo de tecidos e medicina regenerativa. Na área de alimentos ela está nascendo como uma alternativa aos processos de produção de alimentos convencionais, como a extrusão”.
“Neste aspecto, a impressão 3D surge como uma grande possibilidade na produção de alimentos à base de células cultivadas, como a carne de laboratório como é conhecida. Com a bioimpressão 3D conseguimos produzir alimentos à base de proteínas isoladas, no caso do nosso projeto será a proteína de grilo, e transformar isso em um alimento que tenha textura, crocância, que tenha sabor, seja suculento e seja atrativo para o consumidor”, esclarece.
Para a pesquisadora, “na cultura ocidental não temos o hábito de comer insetos, então existe uma certa rejeição pois é algo novo, diferente e um tanto inusitado, mas podemos transformar o inseto em uma farinha e essa farinha em um alimento com uma estrutura 3D, com formato e características semelhantes ao que nós temos de memória afetiva, e assim conseguimos melhorar a aceitação pelos consumidores”, relata Vania.
A aquisição da bioimpressora 3D tem como objetivo possibilitar a transformação de proteínas alternativas em alimentos com formatos e texturas diferenciadas, imitando alimentos que conhecemos, como carne, biscoito ou vegetais, entre outros. Pensando em idosos que não conseguem engolir alimentos muito sólidos, produzir um alimento que facilite a ingestão e que seja atrativo, por exemplo.
Conforme o técnico de laboratório Augusto Pomari Fernandes, “com a bioimpressora 3D, o projeto ganha inúmeras possibilidades, permitindo explorar novas formulações, composições e formatos de alimentos, em tempo muito mais ágil. Poderemos idealizar uma composição e já imprimi-la no formato que se assemelha ao produto final e verificar as características físicas e a aceitação de quem vai consumir esse produto. Com o equipamento ganhamos, principalmente, tempo e mais agilidade nos processos, através de um mecanismo inovador”.
Sobre o preparo dos alimentos a professora explica: “no momento que fazemos o processo de bioimpressão obtemos, por exemplo, um produto parecido com macarrão, um bolo, então ainda precisa finalizar o preparo, fritar, assar, cozinhar, etc. Além disso, com a bioimpressão 3D conseguimos produzir formatos bem específicos, com riqueza de detalhes e reprodutíveis, por exemplo, a impressão de um macarrão em formato de pétala de flor”.
Fernandes complementa: “é uma oportunidade única para explorar novos cenários que antes não tínhamos acesso, poderemos desbravar diferentes formatos de alimentos, em diferentes propostas, colocar a nossa cabeça e a dos estudantes e pesquisadores para obter novas possibilidades, coisas modernas que são tendências globais e que agora estão aqui em Laranjeiras do Sul”.
Para os curiosos que têm interesse em conhecer a bioimpressora 3D e conferir seu funcionamento os pesquisadores explicam: “inicialmente teremos uma fase de adaptação e testes, até aprender a operar o equipamento, ofertaremos uma capacitação para que outros estudantes e pesquisadores possam utilizar a bioimpressora e, posteriormente, pensamos em promover alguns cursos de extensão, expor em eventos e feiras e, como é um equipamento portátil, poderemos até mesmo levar em escolas da região”, finalizam.
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