Publicado em: 06 de novembro de 2017 00h11min / Atualizado em: 13 de dezembro de 2017 15h12min
A estudante, Micheli Becker, do Mestrado em Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável, ofertado na UFFS – Campus Laranjeiras do Sul, representou a UFFS no 7º Simpósio Internacional de Nutrição e Saúde de Peixes (AquaNutri), realizado na Fazenda Experimental Lageado da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Botucatu-SP, no final do último mês.
Neste ano, o evento contou com palestras voltadas para novas técnicas de sanidade através do uso de imunoestimulantes para a ração, prevenindo dessa forma doenças no cultivo de peixes. Durante o Simpósio ocorreu também a apresentação oral dos seis melhores trabalhos submetidos ao evento, os quais concorreram ao prêmio Dr. Newton Castagnolli.
Um dos trabalhos indicados ao prêmio foi “In vitro evaluation of the antibacterial potential of plant extracts against Aeromonas hydrophila and Streptococcus agalactiae" (em português: Avaliação in vitro do potencial antibacteriano de extratos de plantas frente a bactéria Aeromona hydrophila eStreptococcus agalactiae), de autoria da acadêmica Micheli Becker em parceria com os autores: Maria Alice Nunes, Vanessa Gomes Silva, Luciano Tormen, Silvia Romão, Carlos José Raupp Ramos e Luisa Helena Cazarolli.
A pesquisa
O trabalho indicado ao prêmio buscou investigar o uso de plantas medicinais e suas propriedades antibacterianas na aquicultura, verificando o efeito antibacteriano in vitro das plantas: goiabeira (Psidium guajava), erva mate (Ilex paraguariensis), alho (Allium sativum), eucalipto (Eucalyptus sp) e pinus (Pinus elliottii), frente às bactérias Aeromonas hydrophila e Streptococcus agalactiae, que são responsáveis por doenças bacterianas em pisciculturas de água doce.
Para efetuar a pesquisa os autores prepararam extratos a partir das folhas das plantas, sendo que o efeito antibacteriano foi verificado pelo método de Concentração Inibitória Mínima (MIC) e pelo Teste de Sensibilidade Antimicrobiana (TSA).
Como conclusão, os autores identificaram que a bactéria Streptococcus agalactiae é resistente aos extratos hidroalcóolicos testados, porém a bactéria Aeromonas hydrophila demonstrou sensibilidade ao extrato hidroálcoolico da erva mate e da goiabeira, necessitando maiores estudos com o extrato dessas plantas, com diferentes formas de extração.
Conforme explica a professora Luisa Helena Cazarolli, orientadora do projeto de mestrado da estudante “a proposta do estudo foi fazer uma triagem de plantas medicinais das quais já existe na literatura descrições sobre a ação bacteriana e aplicar isso voltado para a Aquicultura, no cultivo de organismos aquáticos”.
Segundo a orientadora “atualmente dispomos de um conjunto de medicamentos que são usados para tratar doenças de organismos aquáticos, em especial de peixes, no entanto, é bastante complicado trabalhar com essas substâncias pois não se sabe até que ponto elas contaminam o meio ambiente onde esses animais se encontram e também até que ponto essas substâncias permanecem no organismo desses animais que posteriormente serão consumidos pelas pessoas, então a proposta foi buscar uma alternativa para essas substâncias químicas que não provoque danos ao meio ambiente e que não altere ou não permaneçam presentes nos animais”.
“Nesse sentido, escolhemos as plantas para fazer estudos in vitro e para nossa surpresa encontramos atividade antibacteriana bem significativa na erva mate”. A professora esclarece que, “além da erva mate a goiabeira também apresentou resultados positivos nos experimentos in vitro, porém foram inferiores se comparados aos resultados apresentados pela erva mate. Em função disso escolhemos a erva mate para prosseguir a pesquisa”, relata.
A docente explica que “estamos desenvolvendo a segunda etapa do projeto com os animais que receberam o tratamento com a erva mate e foram infectados, experimentalmente, com uma bactéria que é causadora de doenças em peixes com o objetivo de avaliar se in vivo essa planta também mostrará o mesmo tipo de resultado que ela demonstrou nos experimentos in vitro”.
A segunda fase do projeto, que é financiado com recursos do Núcleo de Estudos em Agroecologia (NEA – Cantu), já foi concluída e a mestranda está em fase de interpretação dos resultados.
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