Alunos do Internato Médico atuam na linha de frente contra a pandemia
Alunos atuam no atendimento à população e compartilham sentimentos de ansiedade e medo

Publicado em: 19 de abril de 2020 19h04min / Atualizado em: 20 de abril de 2020 09h04min

 

Em tempos de pandemia, alunos do Internato Médico da UFFS - Campus Passo Fundo permanecem em campo atendendo à população nesse período de isolamento provocado pelo novo coronavírus.

O Internato Médico da UFFS é constituído pelos componentes Estágio Curricular Obrigatório I, II, III e IV, caracterizados como formação em serviço, durante os quais o interno desenvolve atividades práticas e teóricas, sob supervisão e orientação de outras instituições concedentes ou parceiras. Atualmente, as cidades de Sertão, Pontão, Ernestina, Carazinho e Passo Fundo recebem alunos da UFFS para essa atividade, além do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) e Hospital de Clínicas (HCPF) em Passo Fundo e do Hospital de Caridade de Carazinho (HCC).

Além disso, os internos atuam nas áreas de Clínica Médica, Cirurgia, Obstetrícia e Ginecologia, Pediatria, Saúde Coletiva, Saúde Mental, Atenção Básica e Urgência e Emergência no SUS. Muitas delas, consideradas pelo fluxo do Ministério da Saúde, como a porta de entrada dos pacientes sintomáticos respiratórios.

Dessa forma, as atividades exercidas pelos alunos internos são de suma importância por estar na linha de frente da pandemia, em toda a região.

É o caso de Fernanda de Oliveira, acadêmica de medicina da 10ª fase, que está atuando no Cais Petrópolis na cidade de Passo Fundo. O local foi definido pelos gestores para atender somente casos de Síndrome Gripal e recebe doutorandos das três instituições que oferecem cursos de Medicina na cidade de Passo Fundo, além de médicos, equipe de enfermagem, farmacêuticos e residentes da Residência Multiprofissional.

O Cais Petrópolis faz a triagem, conforme preconiza o Ministério da Saúde, e possui ainda uma rede de farmácia móvel e uma ambulância disponível para levar pacientes aos hospitais de referência, caso os pacientes apresentem sinais de gravidade. Os pacientes que procuram o local recebem imediatamente uma máscara para garantir a segurança dos outros pacientes e da equipe do Cais.

Segundo Fernanda, existe espaço para higienização das mãos em todas as salas de atendimento e um local próprio para a paramentação. Quem atua por lá, utiliza equipamentos de proteção como avental, gorro, máscara descartável, protetores faciais. Além disso, o paciente fica a uma distância segura no atendimento.

A acadêmica reforça a importância de a população ficar em casa, pois o distanciamento social é muito importância para achatar a curva de transmissibilidade e diminuir o número de casos de COVID-19.

 

Medo e ansiedade

A preocupação com o avanço da COVID-19 no Brasil se mistura à vontade de ajudar a comunidade e de viver uma experiência única, que certamente trará conhecimentos enriquecedores aos internos.

É o caso da acadêmica do 10º semestre Mônica Barile, que está atuando na rede da Atenção Básica no município de Pontão/RS durante esse período da Pandemia. Segundo Mônica, a Unidade Básica de Saúde (UBS) de Pontão mantém apenas as consultas de pré-natal e os atendimentos por demanda espontânea de casos graves ou de pacientes com sintomas respiratórios.

Pelo telefone, a equipe orienta as pessoas com queixas simples e faz a triagem dos casos mais graves para comparecimento e atendimento presencial na Unidade. Além disso, aproveitam as ligações para reforçar a importância de as pessoas permanecerem em suas casas, de forma a evitar a contaminação pelo Coronavírus.

A acadêmica tem auxiliado na elaboração de uma estrutura, tanto física como dinâmica, para que a UBS se adapte às necessidades dessa nova situação. Dessa forma, pacientes com sintomas respiratórios recebem uma máscara, ainda no lado externo da UBS, e são conduzidos por uma entrada lateral da Unidade até a sala de atendimento aos sintomáticos respiratórios, onde recebem o atendimento dos profissionais devidamente paramentados.

Assim, a UBS conseguiu diminuir o número de pacientes que circulam diariamente no local, diminuindo a exposição da população à contaminação pelo Coronavírus.

De acordo com Mônica Barile, vivemos uma situação de medo e ansiedade. Temos medo de ficar doentes; temos medo de não conseguir recursos para atender todos os pacientes; temos medo de carregar o vírus para nossas casas e ver algum de nossos parentes ou amigos adoecerem.

O medo e a ansiedade nos fazem refletir sobre o valor que atribuímos às coisas. A Pandemia nos ensina que é preciso desacelerar e não deixar a vida passar em branco apenas pela janela do nosso trajeto. Estamos por meio dessa difícil trilha de pedras do Coronavírus, aprendendo, dia após dia, formas de ajudar uns aos outros e de contribuir de forma positiva nas vidas das pessoas com quem trabalhamos e convivemos, conclui a acadêmica.

 

 

 

 

 

 

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