Publicado em: 08 de abril de 2020 11h04min / Atualizado em: 08 de abril de 2020 18h04min
Um estudo promovido pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) buscou testar se alguns alimentos podem minimizar os efeitos da menopausa, proporcionando melhor qualidade de vida às mulheres que sofrem com os sintomas. Finalizada recentemente, a pesquisa apresentou resultados positivos ao avaliar a eficácia de barras de cereais ricas em fitoestrogênios, um composto presente naturalmente em alimentos como soja e linhaça.
Os alimentos ricos em fitoestrogênios têm ação muito semelhante ao estrogênio, hormônio feminino que, durante a menopausa, sofre redução severa, causando sintomas conhecidos como ondas de calor, suor excessivo, alterações de humor, entre outros. A partir disso, a pesquisa buscou criar uma barra de cereal, facilitando a ingestão desse tipo de alimento.
De acordo com o estudo realizado pela nutricionista Maiara Frigo, aluna de Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos da UFFS em Laranjeiras do Sul, a pesquisa contou com a participação de 43 mulheres da região Sudoeste do Paraná. “Esse estudo, diferente de outros na área, testou a utilização de dois tipos de fitoestrogênios combinados na formulação de um alimento que pudesse ser consumido no dia a dia pelas mulheres. A barra de cereal formulada tem como base proteína texturizada de soja e linhaça, além de outros ingredientes utilizados para fazer a aglutinação e dar consistência”, explicou.
Barra de cereal formulada tem como base proteína texturizada de soja e linhaça (UFFS/Divulgação)
A pesquisa separou as participantes em dois grupos, o primeiro recebeu a barra de cereal desenvolvida, já o segundo recebeu um biscoito de floco de arroz. As participantes responderam a questionários e fizeram exames sanguíneos no início e ao final de 90 dias, período em que consumiram os alimentos. “No grupo fitoestrogênios foram encontradas melhorias positivas nos sintomas da menopausa, além de alterações positivas nos exames hormonais e do perfil de lipídios do sangue das mulheres”, avaliou Frigo.
Por outro lado, em resposta aos questionários, ambos os grupos relataram melhora com o consumo dos alimentos, porém o grupo fitoestrogênios teve comprovada a diminuição dos sintomas da menopausa através do exame sanguíneo. “No grupo que recebeu os fitoestrogênios, observou-se alterações nos suores severos, que diminuíram a intensidade ou desapareceram em sua totalidade, o que é, possivelmente, explicado pelo aumento dos níveis do hormônio estradiol. Durante a pesquisa, com a ingestão dos fitoestrogênios da barra de cereal, houve um aumento desse hormônio, o que foi verificado através de exames sanguíneos”. O estradiol é um tipo de estrógeno que também diminui com a chegada da menopausa.
Ainda de acordo com a pesquisadora, a expectativa é que o resultado seja publicado em revistas científicas na área de alimentos, nutrição e saúde da mulher, assim como é vista a possibilidade de patentear o alimento desenvolvido. “No momento estamos em processo de análise para comercializar e patentear a barra de cereal elaborada, mas nosso foco é mostrar à população que sofre com os sintomas da menopausa que é possível consumir alimentos fontes de fitoestrogênios de uma maneira saborosa e de fácil consumo”, apontou Frigo.
Alimentos preparados para a pesquisa, sendo que 43 mulheres da região Sudoeste do Paraná participaram do estudo (UFFS/Divulgação)
A pesquisa trata-se de um projeto guarda-chuva que envolve estudos da aluna Maiara Frigo, do Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos da UFFS em Laranjeiras do Sul-PR , e das alunas Evayne de Barros e Paola de Bortoli, bolsistas do curso de Nutrição de Realeza, com a orientação das professoras Eloá Angélica Koehnlein e Jucieli Weber. O projeto recebeu financiamento da UFFS e também contou com o apoio da Gebana Alimentos do Brasil, responsável por doar os alimentos utilizados na elaboração das barras de cereais, assim como o da Prefeitura de Realeza, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, que financiou os exames laboratoriais.
Houve ainda a participação da professora Gisele Louro Peres, do curso de Licenciatura em Química, e da técnica Edineia Paula Sartori Schmitz, com o “Projeto de investigação do processo de produção e análise da lecitina de soja orgânica e sua aplicação em formulações de alimentos”, que conta ainda com a participação dos discentes Maicon Cauan Wagner, Alini de Almeida, Jéssica Scherer Baptaglin, do curso de Química, e de Eligiane Cardoso Ferreira, do curso de Nutrição.
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