Publicado em: 28 de agosto de 2017 14h08min / Atualizado em: 28 de agosto de 2017 22h08min
Para avaliar a qualidade da água na região Sudoeste do Paraná, a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Realeza conduziu uma pesquisa com objetivo de avaliar a contaminação por agrotóxicos em mananciais. Os resultados foram recentemente publicados na Revista Virtual de Química. O estudo é pioneiro na região e foi realizado nos municípios de Nova Prata do Iguaçu, Salto do Lontra, Ampére, Santa Izabel do Oeste e Planalto.
O trabalho leva em consideração a análise de 29 agrotóxicos, sendo oito quantificados nas amostras, os quais possuem os seguintes princípios ativos: Atrazina (herbicida), Epoxiconazol (fungicida), Fipronil (inseticida), Iprodiona (fungicida), Malationa (inseticida), Penoxulam (herbicida), Simazina (herbicida) e Tebuconazol (fungicida). "Nenhuma das amostras coletadas apresentou concentração acima do limite máximo de resíduos estabelecido pela legislação brasileira. No entanto, a presença desses compostos, mesmo em baixíssimas quantidades, é um alerta à população e às autoridades locais", destaca a coordenadora da pesquisa, Liziara da Costa Cabrera.
Boa parte desses compostos são utilizados nas principais culturas da região sudoeste: soja, milho e, em menor proporção, trigo e feijão. Porém, o penoxulam, conforme a pesquisa, é indicado somente para o controle de inços no arroz, ou seja, o composto possivelmente é utilizado em outras culturas, já que não há cultivo de arroz na região.
A pesquisa foi realizada nos anos de 2015 e 2016, quando foram coletadas amostras das margens dos seguintes rios: Rio Lontra, localizado em Salto do Lontra; Rio Sarandizinho, em Santa Izabel do Oeste e Ampére; Rio Santa Cruz, em Nova Prata do Iguaçu; Rio Siemens, em Planalto. O trabalho foi realizado em parceria com algumas Prefeituras Municipais e com a colaboração da Universidade Federal do Rio Grande (FURG).
Ainda segundo a coordenadora da pesquisa, as análises de agrotóxicos em água são escassos no Estado, principalmente na região Sudoeste. "As águas para abastecimento público das cidades envolvidas neste estudo são provenientes de mananciais. Entretanto, estudos desse tipo nesses municípios eram inexistentes até o momento. Isso serve de alerta para a importância desses monitoramentos ao longo prazo, a fim de garantir condições de saúde a população que é abastecida por esses mananciais", ressalta Cabrera.
Ainda de acordo com o estudo, somente no estado do Paraná foram consumidos pouco mais de 100 mil toneladas de agrotóxicos, em 2015. Deste total, 1.353 toneladas foram utilizadas apenas nos municípios participantes da pesquisa, o que representa 1,3% do consumo do Estado. "Tendo em vista o cenário do crescente uso de agrotóxicos, cuidados devem ser tomados para que essas concentrações encontradas não venham aumentar. Cada agricultor tem o direito de utilizar os agrotóxicos em suas plantações, dentro do recomendado. É necessário, porém, evitar que o uso desses compostos venha a refletir impactos que comprometam o bem-estar social e ambiental", salienta a coordenadora.
A pesquisa também é assinada pelos egressos do curso de Química da UFFS Marcos Geraldo Vieira, Gleiciéli Steinke e pesquisadores da FURG, químico Jean Lucas Arias e professor Ednei Gilberto Primel.
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