Pesquisa da UFFS e Unicentro sobre produção etanol conquista prêmio paranaense
Projeto busca efetivar a produção de etanol a partir das sementes de seringueira, considerado um resíduo no processo industrial do látex

Publicado em: 08 de outubro de 2024 13h10min / Atualizado em: 08 de outubro de 2024 13h10min

Nesta segunda-feira (7), saiu o resultado do Programa de Propriedade Intelectual com Foco no Mercado (Prime), edição de 2024, do governo do Paraná, e a pesquisa desenvolvida pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Realeza e a Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) foi o grande destaque da premiação. O projeto busca efetivar a produção de etanol a partir das sementes de seringueira, considerado um resíduo no processo industrial do látex.

A entrega da premiação ocorreu na abertura do evento Paraná Faz Ciência 2024, em Maringá. Os dez finalistas, entre eles o projeto da UFFS e da Unicentro, receberam um aporte financeiro no valor individual de R$ 200 mil para impulsionar o desenvolvimento das soluções inovadoras propostas. Os recursos são provenientes da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), do governo do Paraná.

Projeto da UFFS e da Unicentro recebeu aporte financeiro no valor individual de R$ 200 mil do governo do Paraná (ASC-UEM)

A ideia para a pesquisa partiu de uma demanda apresentada pela empresa Kaiser Agro, também parceira na iniciativa. O objetivo era conseguir desenvolver uma solução ambientalmente adequada aos resíduos gerados pelas florestas de seringueiras. As sementes destas árvores são consideradas um resíduo florestal e causam problemas de acidificação do solo. “A nossa solução envolve utilizar a semente de seringueira para a produção de etanol que hoje é considerado uma energia limpa. Com isso, conseguimos uma destinação para a semente e agregamos valor a ela que até então não possui nenhum destino comercial”, explicou o professor da UFFS, Letiere Cabreira Soares.

Segundo os pesquisadores, entre os maiores produtores de seringueiras no país, está o estado de São Paulo com uma área de 200 mil hectares. Anualmente, cada hectare acumula cerca de mil quilos de sementes. “Com base na nossa tecnologia, a partir de 3,91 quilos de semente conseguimos produzir um litro de etanol, sendo assim estimamos uma produção de cerca de 51 mil metros cúbicos de etanol por ano. A partir do valor praticado em 2024, acreditamos que o etanol de seringueira pode movimentar mais de R$ 210 milhões por ano”, projetou Letiere Cabreira Soares.

Quanto aos recursos da premiação, os pesquisadores explicam que serão destinados para aumentar a escala de produção do etanol, isso envolve a parceria com uma empresa do ramo de combustíveis no município de Guarapuava. Parte dos recursos também será aplicado no custeio de bolsas de pesquisa, na aquisição de equipamentos e insumos para os projetos.

As pesquisas para o aproveitamento das sementes das seringueiras iniciaram em 2019, a partir do acordo de cooperação entre a UFFS, a Unicentro e a Kaiser Agroforest. As sementes têm sido alvo de outros 13 projetos de pesquisa e envolvem a produção de biocombustíveis, como também aplicações ambientais, cosméticas e alimentícias. Os resultados já renderam três depósitos de patentes nacionais e um depósito internacional. O grupo de pesquisa ainda recebeu outras duas premiações, uma da Associação Paulista de Produtores e Beneficiadores de Borracha e outra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.

Para saber mais sobre os projetos desenvolvidos pelo grupo de pesquisa, acesse os perfis @gpers.uffs e @gpbiosaude.uffs, no Instragram. O projeto de produção de etanol foi desenvolvido pelos professores da UFFS Letiere Cabreira Soares, Dalila Moter Benvegnú e Fernanda Oliveira Lima, o professor da Unicentro André Lazarin Gallina, pelo estudante de pós-graduação em Bioenergia da Unicentro Giovano Tochetto e pelos estudantes da UFFS Gabriel Rohling (Química) e Katharine Margaritha Satiro Braz (Ciências Biológicas).

Sobre o Prime

O Programa de Propriedade Intelectual com Foco no Mercado (Prime) tem o objetivo de transformar os resultados de pesquisas acadêmicas em novos produtos, serviços e negócios. O foco da iniciativa é capacitar os pesquisadores para as diferentes demandas do mercado, a partir de perspectivas jurídicas, de prospecção de financiamento e aperfeiçoamento das inovações, entre outros temas.

O programa é coordenado pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), com financiamento do Fundo Paraná de fomento científico e tecnológico, dotação orçamentária administrada pela pasta. A Fundação Araucária e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Paraná (Sebrae/PR) atuam como parceiros da ação, incluindo a aplicação dos conteúdos de aprendizagem das oficinas.

*com informações da Agência Estadual de Notícias