Publicado em: 29 de agosto de 2013 10h08min / Atualizado em: 04 de abril de 2017 14h04min
Na cultura popular, o extrato da casca da Persea cordata, popularmente conhecida como “abacateiro-do-mato” ou “pau andrade”, é muito utilizado no tratamento de feridas cutâneas. Para comprovar esse conhecimento de forma científica, professores da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Realeza encabeçaram uma pesquisa, e o resultado desse trabalho comprovou o poder cicatrizante e anti-inflamatório da casca da árvore.
Conforme explicam os responsáveis pela pesquisa, professor Valfredo Schlemper e professora Susana Regina de Mello Schlemper, a descoberta torna possível o desenvolvimento de novos medicamentos a partir da Persea cordata, além de viabilizar pesquisas de cunho preservacionistas, já que é uma espécie em extinção.
“A partir do estudo etnofarmacológico, percebemos que a planta era usada por erveiros, mateiros, povos indígenas e, principalmente, tropeiros. No meio rural, a casca do "pau andrade'' era muito utilizada para curar doenças de pele em animais, como equinos, bovinos e, inclusive em humanos. Para a comprovação de seus efeitos, foram utilizados modelos experimentais de inflamação de pele em ratos de laboratório com as frações semipurificadas obtidas das cascas da árvore”, comenta Valfredo.
O próximo passo no estudo é isolar o princípio ativo do "pau andrade" para que seja possível a criação de um medicamento. “Esse desafio já passou na mão de vários químicos, mas ainda não foi possível isolar o princípio ativo principal da planta. Futuramente, a UFFS irá contar com o laboratório de fitoterapia, que será atrelado à pós-graduação. Assim, poderemos dar continuidade ao estudo”, detalha Valfredo.
Segundo o professor, a árvore sobrevive apenas em remanescentes muito bem preservados de florestas de araucárias. No passado, o "pau andrade" era encontrado desde o Rio Grande do Sul até Minas Gerais, mas devido à intensa exploração madeireira na região Sul e a devastação das florestas, hoje a planta é encontrada apenas em alguns nichos da Serra Catarinense, e região de Guarapuava e Palmas, no Paraná. “A pesquisa também tenta motivar o estudo da planta no aspecto agronômico. Sabendo as formas de reprodução e propagação, conseguimos salvar a espécie”, destaca Valfredo.
O resultado da pesquisa, que foi realizada em parceria com a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e a Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac), será publicado na revista inglesa Journal of Ethnopharmacology (Qualis A1 da CAPES, na área das Ciências Agrárias), da editora Elsevier, com o título “Antiedematogenic effects of the polar fractions of Persea cordata Mez. (Lauraceae) on microvascular extravasation in rat skin” que, traduzido para o português, significa: “Efeito antiedematogênico das frações polares de Persea cordata Mez. (Lauraceae) sobre extravasamento microvascular em pele de rato”.
Os professores da UFFS pesquisam a Persea cordata desde 1997. Estudos anteriores comprovaram que a planta possui, também, ações bactericidas, antiespasmódicas (evita cólicas) e, atualmente, antiedematogênica, ou seja, anti-inflamatório e cicatrizante.
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