Publicado em: 11 de julho de 2013 10h07min / Atualizado em: 05 de abril de 2017 13h04min
Preocupada com a qualidade da água nas propriedades rurais do Sudoeste do Paraná, a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Realeza está desenvolvendo um projeto de extensão que analisa as caraterísticas físico-químicas e a presença de micro-organismos na água utilizada na produção leiteira da região. O trabalho atende a produtores rurais dos municípios de Ampére, Santo Antônio do Sudoeste, Pinhal de São Bento, Bela Vista da Caroba e Realeza.
Os produtores participantes respondem a um questionário sobre a água utilizada na propriedade e, na sequência, serão feitas coletas mensais do material para análise. “Por enquanto, o questionário foi aplicado em propriedades de Realeza e Santo Antônio do Sudoeste, sendo que estamos iniciando o trabalho de análise físico-químico e microbiológico”, explica o coordenador do projeto, professor Clovis Piovezan.
Na análise físico-química, são verificados o pH (acidez ou basicidade da água), a turbidez (quantidade de sólidos insolúveis, exemplo areia ou terra) e a cor (compostos solúveis que dão a coloração a água, exemplo madeira ou folhas). “Nesse aspecto, os locais analisados estão dentro dos padrões estabelecidos, porém para realizar a análise microbiológica dependemos de um centro de análises, de Francisco Beltrão, então é um processo um pouco mais demorado”, afirma Piovezan.
Entretanto, o resultado completo em uma das propriedades pesquisadas mostra a contaminação microbiológica da água por bactérias da classe coliformes (fecais e totais - esse último, é material orgânico em decomposição, como folhas ou galhos). “Quando aparecem coliformes na água, é um indicativo de que outras bactérias também estarão presentes. Nesse local, o produtor rural tem alguns animais com mastite, sendo que em um deles a doença era causada por uma bactéria da classe pseudomonas. Na análise da água, foi encontrada a presença dessa bactéria, sendo que a mesma água é utilizada no sistema de ordenha da propriedade”, relata Piovezan.
De acordo com o professor, a intenção do projeto de extensão não é fiscalizar a propriedade rural, mas promover análise da água e posterior conscientização dos produtores. “Vamos oferecer métodos simples e de baixo custo para que isso se reflita, por exemplo, na melhoria da qualidade de produção de leite. Melhorando as características da água fornecida aos animais e na limpeza dos equipamentos de ordenha, o produtor pode ter uma produção de 10 a 20% maior”, salienta Piovezan.
O início das atividades
A partir de um projeto de pesquisa que promove a análise da qualidade da água nas propriedades rurais do município de Realeza, iniciado em 2012, surgiu a proposta de ampliação, culminando na criação do projeto de extensão “Análise da qualidade da água nas propriedades rurais do Sudoeste do Paraná”, que iniciou suas atividades em abril deste ano.
Vinculado ao Programa de Educação Tutorial (PET) de Medicina Veterinária, o projeto de extensão verifica a qualidade da água com base na Portaria 518 do Ministério da Saúde, a qual estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade.
O projeto é coordenado pelo professor Clovis Piovezan, com a colaboração do professor Adolfo Firmino da Silva Neto, tutor do PET, e os bolsistas Thaís Wagner, de Medicina Veterinária, Claúdia da Motta Machado e Edson Frozza, acadêmicos de Química.
Futuras parcerias
De acordo com o professor Clovis Piovezan, já foram iniciadas tratativas de parcerias com a Sanepar, companhia de saneamento do Paraná, e a Empresa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/PR) e ambas apresentaram interesse no projeto. “No primeiro caso, a Sanepar demonstrou interesse para alimentarmos o banco de dados e, em troca, a companhia poderia oferecer a realização de análise microbiológica”, explica.
Já no caso da Emater/PR, a empresa está realizando um mapeamento da bacia hidrográfica da região, quando registrada a fonte de água, a intenção é que a UFFS realize a análise. “Em alguns pontos, os técnicos da Emater encontraram garrafas de agrotóxicos próximas à fonte de água, mas para detectar a presença de defensivos agrícolas precisamos adquirir um equipamento chamado Cromatógrafo a gás, do qual já realizamos um pedido de compra ao setor responsável”, comenta Piovezan.
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