Publicado em: 11 de maio de 2021 14h05min / Atualizado em: 12 de maio de 2021 16h05min
Dia 12 de maio é o Dia Mundial da Enfermagem, que homenageia as (os) enfermeiras (os) no país e no mundo. Convidamos o coordenador em exercício do curso de Enfermagem da UFFS – Campus Chapecó, Cláudio Claudino da Silva Filho, para falar sobre essa data e a importância da profissão, principalmente, em tempos de pandemia. Leia a entrevista abaixo:
UFFS - Por que 12 de maio é o Dia do Enfermeiro?
Cláudio Claudino da Silva Filho - 12 de maio é o Dia do Enfermeiro e Dia Mundial da Enfermagem, como homenagem ao nascimento da britânica Florence Nightingale, uma pioneira da enfermagem moderna, que nasceu em 12 de maio de 1820. Nightingale foi uma jovem que se rebelou contra o papel submisso que as mulheres exerciam na sociedade de sua época, destinadas ao casamento e à maternidade. Por isso, ela se tornou enfermeira (profissão normalmente exercida por freiras). Ela se destacou por organizar e chefiar uma equipe de enfermeiras voluntárias que partiram para linha de frente da Guerra da Crimeia (1853-1856) onde tratavam dos soldados feridos. Depois, na volta a seu país natal, também desenvolveu grandes esforços para melhorar as condições de tratamentos dados a pobres e indigentes. Além disso, foi ela quem lutou para dar à atividade um caráter profissional, fundando a Escola de Enfermagem do Hospital St. Thomas, que depois receberia seu nome. Lá foram lançadas as bases do ensino de enfermagem e de lá saíram as primeiras enfermeiras diplomadas
Qual a importância de se comemorar essa data?
Florence Nightingale é considerada precursora da Enfermagem, e essa data lembra que ser enfermeira (o) é uma profissão que requer bastante estudo e dedicação ao longo de no mínimo cinco anos de graduação/bacharelado. Isso é, desde sua época, Florence nos instigou a desromantizar o papel de cuidar, que, na saúde, deve ser alinhado a saberes técnico-científicos, profissionalização, cientificidade e reconhecimento pelo poder público, inclusive com salários dignos. Reconhecer a Enfermagem como ciência e como profissão tão importante quanto qualquer uma das demais categorias da área de saúde, é uma luta histórica de nossa classe.
O que significa ser uma (um) enfermeira (o)?
Ser enfermeira (o) é aliar competências, conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para cuidar do ser humano em todos os seus ciclos de vida. A profissão se guia por dimensões como: assistencial, gerencial, educativa, investigativa, ético-política, dentre outras. Isso é, faz muito mais que assistência e que procedimentos técnicos em usuários dos serviços de saúde. Pode atuar em unidades básicas de saúde (sobretudo na Estratégia de Saúde da Família), hospitais, SAMU, UPA, clínicas, empresas, auditoria, vigilância à saúde (epidemiológica, ambiental, sanitária, de saúde do trabalhador), gestão e gerenciamento de serviços e de secretarias municipais, estaduais e do Ministério da Saúde, equipe técnica do Ministério da Saúde e demais órgãos oficiais, consultorias/assessorias em empresas, enfermagem forense, resgate aeromédico, estética, dentre diversos outros campos de atuação, sempre em expansão.
No imaginário do senso comum, há ainda muitos equívocos sobre quem é e o que faz a (o) enfermeira(o) dentro da equipe de saúde e de enfermagem.
Como é, nesse contexto de pandemia, pensar sobre a profissão e sua importância?
A pandemia de covid-19 trouxe muita visibilidade às condições de trabalho das (os) profissionais de enfermagem, muitas vezes indignas, insalubres e totalmente em descompasso com o que precisariam e/ou o que mandam as legislações vigentes da categoria (por exemplo, dimensionamento de pessoal insuficiente para serviços de alta complexidade, disponibilização de EPIs inadequados para proteção, etc.). Contraditoriamente, justamente por essa visibilidade já historicamente reivindicada pela categoria, parece avançar no Senado o projeto de lei que prevê um piso salarial para enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, além de parteiras da rede pública e privada. A proposta (PL 2.564/2020) reconhece essa batalha, já que 65% da força de trabalho do setor de saúde é da área de enfermagem, atualmente sem piso e sem carga horária mínima. 23% dos profissionais do setor que morrem no mundo no combate à pandemia de covid-19 são brasileiros e o Brasil não tem 23% da população mundial, então o número de vítimas aqui é muito maior do que em outros países, demonstrando que o problema está também nas condições de trabalho, no estresse, na longa jornada e nos dois ou até três expedientes que os trabalhadores são obrigados a cumprir.
A Enfermagem se sacrificou na linha de frente da pandemia, e só em um período dramático o PL avança (ou parece avançar) no Senado, o que nos faz questionar, até quando irá essa aparente “valorização” da categoria? Esperaremos outra pandemia? Quando a equipe de Enfermagem, além dos aplausos, ganharão condições mínimas e dignas de trabalho?
Fale um pouco sobre a graduação em Enfermagem.
A Enfermagem é uma profissão de nível superior e exige graduação. O curso tem duração mínima de cinco anos, com carga horária mínima de 4.000 horas, 20% das quais dedicadas ao estágio supervisionado. Os estudantes são preparados englobando expertises que vão desde o exame físico do paciente, manipulação de ferramentais tecnológicos e tratamento de feridas até o atendimento de emergências e a realização procedimentos invasivos próprios da enfermagem, como a inserção de cateter venoso central. É a (o) líder da equipe de enfermagem e possui um protagonismo destacável Brasil agora como liderança de equipes de saúde. Deve possuir na sua formação acadêmica forte interação interprofissional, para que saiba atuar em equipe no futuro, bem como saiba dialogar e gerenciar melhor a equipe de enfermagem sob sua liderança.
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