Docente da UFFS fala das características do “novo pico” de transmissão da covid – 19
O médico pneumologista Tiago Teixeira Simon diz que as festividades de final de ano podem representar um agravante

Publicado em: 17 de dezembro de 2020 16h12min / Atualizado em: 18 de dezembro de 2020 17h12min

Nas últimas semanas, o Brasil vive um aumento de casos de transmissão de covid-19. O professor da Universidade Federal da Fronteira Sul Tiago Teixeira Simon faz uma reflexão sobre a situação atual da pandemia. Para o médico pneumologista, é importante manter os cuidados que vinham sendo reiterados para evitar a exposição ao vírus, principalmente neste período, quando as pessoas tendem a se reunir para as festividades de final de ano.

Acompanhe a seguir as considerações de Tiago Teixeira Simon:

Estamos vivendo uma segunda onda de contaminação de covid-19? Quais as características deste novo momento?

Tiago Simon - Na verdade, estamos vivendo um segundo pico, uma segunda crista ainda na primeira onda de contaminação de covid-19. Diferentemente da Europa, onde houve uma redução significativa e sustentada de casos, com um segundo crescimento caracterizando a “segunda onda”, isso não aconteceu no Brasil. Aqui houve, sim, redução inicial de casos, mas não foi sustentado

Qual o tamanho do problema dessa nova onda? Sua abrangência?

O problema parece atingir proporções maiores do que o primeiro pico vivenciado em julho, com mais pessoas acometidas em um espaço de tempo menor, especialmente indivíduos mais jovens, levando proporcionalmente a um maior número de internações hospitalares e também a mais casos de ocupação de leitos de CTI. A abrangência parece ser nacional, embora visualizemos situações diferentes em diferentes cidades e estados, visto a continentalidade do nosso território, com locais apresentando maior e outros menor índice de casos.

As pessoas têm a percepção adequada do problema?

Infelizmente, nem todas as pessoas tomaram consciência do problema e suas consequências, seja por menosprezarem a doença, por já terem sido acometidas ou mesmo por não pertencerem a “grupos de risco”.

Na sua opinião, o que acarretou o agravamento nos últimos dias? Houve um afrouxamento nos cuidados?

Quando ocorreu a onda de calor em setembro/outubro, houve uma redução significativa de novos casos, possivelmente devido ao próprio calor (no qual o vírus tem dificuldade em sobreviver) e aos cuidados que vinham sendo mantidos pela população. Entretanto, parece, sim, ter havido um descuido maior, talvez por uma falsa sensação de confiança e segurança de que a doença estava controlada e indo embora. As pessoas cansaram de se cuidar, enquanto o vírus não cansa.

Quais são as principais situações em que as pessoas estão expostas, principalmente com a chegada do verão e das festas de final de ano?

São momentos nos quais há uma maior tendência a aglomerações, sejam em ambientes abertos ou fechados, o que pode acarretar em maior transmissibilidade do vírus.

Pessoas aparentemente sadias (assintomáticas) também podem ser transmissoras? Como isso pode ocorrer?

Embora não seja frequente, pode haver a ocorrência da doença em pessoas com poucos ou, mesmo, nenhum sintoma. Elas podem não demonstrar clinicamente a doença, mas são potenciais transmissores. Um exemplo disso são as crianças, pois poucas desenvolvem sintomas da doença, mas podem ser vetores de disseminação.

O senhor poderia falar dos cuidados que as pessoas devem manter para evitar a contaminação?

Seguem valendo as “regras de ouro”, que não têm custo e valem muito: evitar levar as mãos ao nariz, boca e olhos; lavar as mãos frequentemente com água e sabão e usar álcool gel na ausência destes; usar máscaras; manter distanciamento social (1-2m de distância entre uma pessoa e outra) e, especialmente, evitar aglomerações.

“Estamos vivenciando um momento único na história da humanidade, e o que mais destaco é a necessidade de empatia; afinal, cuidar de si é cuidar dos outros”.

 

Acompanhe abaixo vídeo com o professor Tiago Teixeira Simon: