Egressa da UFFS dedica-se ao estudo da climatologia
Eduarda Agnolin, que fez licenciatura, bacharelado e mestrado na UFFS, atualmente é doutoranda na UFSC e bolsista na Universidade de Moncton, no Canadá

Publicado em: 18 de fevereiro de 2025 17h02min / Atualizado em: 18 de fevereiro de 2025 17h02min

Em 2016, Eduarda Agnolin mudou-se de sua cidade natal, Rondinha (RS), para Erechim, também no estado gaúcho, para começar o curso de licenciatura em Geografia na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). A afinidade dela com a área foi tamanha, que após encerrar a licenciatura, em 2021, ingressou nos cursos de bacharelado e mestrado, também na UFFS, os quais concluiu em 2023. Mas ela não parou por aí, em março de 2024 iniciou doutorado em Geografia na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e atualmente também atua como bolsista na Universidade de Moncton, no Canadá.

Eduarda encantou-se com a área da climatologia e foi nela que focou seu trabalho de conclusão de curso da licenciatura, intitulado “Estudo da temperatura de superfície na área urbana de Erechim-RS”. “A pesquisa teve como objetivo caracterizar o fenômeno de ilhas de calor e frescor na área urbana de Erechim, por meio de imagens de satélite”, lembra.

No mestrado ela deu continuidade aos estudos do clima no município gaúcho, com sua dissertação, intitulada “O clima urbano no subtropical: um estudo de caso sobre a temperatura do ar em Erechim-RS”. “Nela aprofundei a análise sobre a variação da temperatura do ar na área urbana e entorno próximo de Erechim, assim como foi possível aprender a técnica de instalação de sensores termo-higrômetros, espacialização e discussão de dados coletados”, relata.

A climatologia segue sendo o seu foco no doutorado. “Atualmente, minha tese está centrada em 'Mudanças climáticas e eventos extremos no noroeste do RS: impactos das ondas de frio e calor'”. E a pesquisa para o doutorado ganhou um importante reforço no início deste ano, com a conquista de um bolsa na Universidade de Moncton, no Canadá, sob a orientação da professora Geisa Silveira da Rocha.

Eduarda conta que a bolsa tem duração de três meses e suas atividades incluem pesquisas sobre a vulnerabilidade socioespacial a ondas de calor em Grand Moncton, área metropolitana da cidade de Moncton, localizada na província de Novo Brunswick, no Canadá. Além da coleta de dados, análise e participação em eventos acadêmicos. “A experiência tem sido extremamente enriquecedora, tanto profissionalmente quanto pessoalmente, permitindo ampliar minha visão sobre a climatologia”, comenta.

Ser bolsista não é uma novidade para Eduarda, ela conta que teve oportunidade de exercer este papel em diferentes momentos em sua passagem pela UFFS. “Fui contemplada com bolsas de pesquisa vinculadas aos programas PIBID e fui bolsista em dois projetos de iniciação científica e tecnológica da Fapergs, com a temática ilhas de calor e posteriormente ilhas de frescor, o que me permitiu desenvolver estudos iniciais sobre Erechim e a temperatura”, diz. Ela conta, ainda, que também participou de estágios na área ambiental e de dois projetos de monitorias: “Monitora dos Trabalhos de campo nos cursos de graduação em Geografia” e “Monitora do projeto Integração de práticas pedagógicas e iniciação à docência para a formação de professores em Geografia”.

“Ao avaliar minha trajetória desde a graduação até agora, percebo o quanto cada etapa contribuiu para meu crescimento acadêmico e profissional. O que me motiva a seguir os estudos é compreender melhor o mundo ao nosso redor e gerar conhecimentos que possam impactar positivamente a sociedade. Poder contribuir com soluções para mitigar seus efeitos das mudanças climáticas, como a melhoria no planejamento urbano e preparar comunidades vulneráveis para enfrentar eventos extremos. Entendo que a busca por respostas sobre como o clima afeta diferentes regiões e populações traz desafios intelectuais instigantes, incentivando o desenvolvimento de novas habilidades analíticas, tecnológicas e científicas”, diz Eduarda.

Orientação

A trajetória de Eduarda na UFFS foi acompanhada de perto pelo professor Pedro Murara. Ele conta que “desde seus primeiros passos na graduação, sempre percebi nela uma grande dedicação à pesquisa e uma curiosidade intelectual que a impulsionou a se aprofundar em temas desafiadores, especialmente na área de climatologia. A sua evolução ao longo dos anos é visível e, para mim, um reflexo direto do seu empenho, da sua paixão pelo conhecimento e da sua capacidade de superar desafios”.

“No início, como orientador na iniciação científica, já percebia sua habilidade de lidar com temas complexos e sua capacidade de organização e rigor científico. Ao longo do mestrado, essa evolução se aprofundou, e ela foi capaz de desenvolver um trabalho de pesquisa robusto e de qualidade, sempre com uma busca constante pela excelência. O crescimento acadêmico da Eduarda foi além das habilidades técnicas; ela também se tornou uma profissional mais autônoma, confiante e capaz de enfrentar os desafios da pesquisa de maneira mais madura e crítica”, afirma Murara.

“Ela também demonstrou um excelente trabalho em equipe, uma característica essencial para o sucesso em qualquer área de pesquisa. Sua capacidade de colaborar, compartilhar ideias e buscar soluções em conjunto é uma das qualidades que a distingue como pesquisadora e profissional. É um prazer observar como ela contribui ativamente para o desenvolvimento coletivo dos projetos nos quais está envolvida”, comenta o professor.

“Como educador, é uma enorme satisfação ver minha orientação se transformando em uma contribuição significativa para a sua formação acadêmica e profissional. A Eduarda é um exemplo claro de como a dedicação e a orientação adequada podem moldar uma trajetória de sucesso. Ao observar sua evolução, sinto uma imensa sensação de realização. Saber que fui parte desse processo, que contribuí para seu crescimento, é uma das maiores recompensas que a carreira de um professor pode oferecer”, diz Murara.

Como ressalta o professor, Eduarda tem contribuído significativamente para a produção acadêmica, com artigos publicados em revistas de conceito A1 no Qualis na área de Geografia. “Esse é, sem dúvida, um motivo de muito orgulho, pois reflete não apenas a qualidade de seu trabalho, mas também a relevância e o impacto da sua pesquisa na comunidade científica”, destaca.

Parceria também no Canadá

Eduarda está trabalhando junto com Murara no Canadá. “Atualmente, estou atuando como pesquisador em um projeto que avalia o impacto das mudanças climáticas na área urbana e seus reflexos nos extremos climáticos, desenvolvendo atividades de adaptação aos extremos climáticos. Este projeto é de grande relevância, pois busca entender como as mudanças climáticas afetam as áreas urbanas, e é com grande satisfação que pude convidar, com uma cota de bolsa, a Eduarda para fazer parte dessa iniciativa”, afirma.

“A Eduarda foi indicada por mim, já que parte do projeto aqui visa caracterizar as ondas de calor e frio na Grande Moncton, e esse é o tema da sua pesquisa de doutorado na UFSC, no Brasil. Ela segue se aprofundando nos estudos de clima urbano, e sua presença aqui, em Moncton, será fundamental para ampliar suas perspectivas, especialmente ao ter contato com técnicas e modelagens climáticas avançadas, que são essenciais para sua formação acadêmica. Essa experiência será sem dúvida um ‘plus’ em sua formação, na sua carreira”, enfatiza Murara.

De acordo com Murara, um dos aspectos que sempre enfatiza para seus alunos e orientandos é a importância de dominar um outro idioma. “Com o crescente número de oportunidades no exterior, como esta aqui no Canadá e outras que temos em parceria com a Universidade de Torino, na Itália, acredito que é crucial para o crescimento acadêmico e profissional de todos. Essas relações internacionais são uma excelente forma de ampliar os horizontes, aprender novas metodologias e expandir as redes de colaboração”, pontua.

“Vale ressaltar que todo esse trabalho só é possível devido ao esforço coletivo do grupo de discentes que atuam comigo no Grupo de Estudos do NETAP (Núcleo de Estudos Território, Ambiente e Paisagem) e no Laboratório de Hidroclimatologia do Campus Erechim. São esses alunos e alunas que, com seu empenho e dedicação, fazem com que esses projetos se tornem realidade e avancem continuamente”, destaca Murara.

“Minha relação com o professor Pedro Murara vem de longa data, e acredito que a parceria se mantém pela admiração pelo trabalho do mesmo e afinidade de interesses acadêmicos e pela confiança mútua no desenvolvimento de projetos. A colaboração ao longo dos anos fortaleceu nosso trabalho conjunto e possibilitou avanços significativos nas pesquisas”, afirma Eduarda.

Futuro

“Minha área de interesse profissional está voltada para a geociências, com o objetivo de atuar como professora, auxiliando os alunos a compreenderem o mundo de maneira crítica e ampla. Além do ensino, meu foco está nas ciências da natureza e na climatologia, especialmente na análise da vulnerabilidade aos eventos extremos. Busco unir conhecimento acadêmico e aplicação prática para contribuir com a sociedade, promovendo a adaptação e a resiliência diante das mudanças climáticas e seus impactos”, finaliza Eduarda.

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