Com a realização do “I Encontro sobre diversidade na UFFS: políticas de inclusão indígena”, a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) inicia uma fase de discussões sobre as políticas que a instituição adotará a partir de agora em relação às formas de inclusão das comunidades indígenas em seus cursos. O evento aconteceu no auditório da Unidade Seminário da UFFS – Campus Chapecó com a presença de estudantes e servidores da UFFS, representantes de entidades e de comunidades indígenas da região e professores palestrantes convidados. As atividades foram transmitidas por videoconferência para os demais campi e traduzidas simultaneamente por linguagem de sinais.

Durante a abertura do Encontro, na noite de terça-feira 29, o vice-reitor da UFFS, Antonio Andrioli, declarou que aquele “era um momento grandioso para a instituição, apesar do pouco tempo de existência, pois este é um assunto que já preocupava as pessoas que participaram da construção da Universidade”. Andrioli mencionou ainda que as formas de acesso dos indígenas também foram tema de discussões durante a Conferência de Ensino, Pesquisa e Extensão (Coepe), realizada durante o ano de 2010.

A diretora de Extensão e presidente da Comissão de Políticas Indígenas, Mônica Hass, informou que atualmente estudam na UFFS dois indígenas na graduação e um na pós-graduação, e que este número já foi maior. “Em abril de 2012 foi constituída uma comissão, com representantes dos cinco campi, para discutir ações afirmativas relacionadas aos vários segmentos desfavorecidos da sociedade, entre eles as comunidades indígenas”. Segundo ela, “este é um primeiro momento de sensibilização, que será seguido por outros com intenção de ouvir os principais interessados no assunto e depois a elaboração de uma política institucional com a colaboração de todos os cinco campi”.

O palestrante convidado para a abertura do evento foi o professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), José Otávio Catafesto de Souza, o qual falou sobre “Políticas Especiais para Grupos Originários no Brasil”. No início de sua fala, informou que atualmente existem 700 mil índios no território brasileiro, em 225 sociedades diferentes. “A grande maioria está situada no Norte do Brasil, sendo que na região Sul os indígenas estão reunidos em pequenas áreas”, informou. Catafesto fez uma explanação sobre as diferenças de pensar e a cosmologia ameríndia. Depois comentou sobre a questão indígena no Brasil e as políticas especiais para os povos indígenas, tanto nacional quanto internacionalmente.

Outras experiências

Conforme Souza, a forma encontrada pela UFRGS para contemplar esta demanda foi a instituição de um vestibular próprio para vagas abertas em vários cursos. “São 40 vagas a mais a cada ano abertas especialmente para os candidatos oriundos de comunidades indígenas”. Para Souza, outro desafio que deve ser pensado é a criação de políticas especiais para a permanência destes estudantes no âmbito universitário, já que, na maioria das vezes, não é viável o retorno para as comunidades todos os dia. “A inserção dos indígenas nos espaços acadêmicos é possibilitar a eles que possam pensar também como interlocutores, que sejam protagonistas de seu próprio destino”, avalia.

Outro que compartilhou experiências durante a mesa redonda “Inclusão Indígena na Universidade: experiências de ensino, pesquisa e extensão”, realizada na manhã de quarta-feira, foi o professor da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Lúcio Tadeu Mota. Conforme ele, no estado do Paraná está em andamento um programa com abertura de vagas suplementares nas sete universidades públicas existentes no estado. No total, são oferecidas 42 vagas todo o ano num processo de vestibular específico para os candidatos indígenas. Também participaram da mesa redonda na quarta-feira os professores Leonel Piovesana, da Unochapecó, e Rita Maria Trindade Rebonatto Oltramari, da Udesc.