Publicado em: 19 de setembro de 2023 15h09min / Atualizado em: 19 de setembro de 2023 15h09min
A comunidade universitária da Universidade Federal da Fronteira Sul se solidariza com o Instituto Federal Catarinense (IFC) diante das declarações do padre Mateus Réus dos Reis, pároco responsável pela Paróquia São João Paulo II, situada no bairro Nova Brasília, em Sombrio - SC.
As acusações proferidas pelo religioso, além de serem um ataque ao trabalho exemplar realizado pelo IFC, são um ataque a toda a educação pública superior. A Universidade Federal da Fronteira Sul repudia as declarações do religioso e afirma que toda educação pública deve se pautar na laicidade, na democracia e na pluralidade de ideias.
A UFFS também reitera e apoia a nota divulgada pelo IFC, que reproduzimos abaixo:
Nota oficial do IFC 18/09
O Instituto Federal Catarinense (IFC) vem a público repudiar veementemente as declarações do padre Mateus Réus dos Reis, pároco responsável pela Paróquia São João Paulo II, situada no bairro Nova Brasília, em Sombrio-SC.
Em sua homilia, no dia 10 de setembro, o padre afirma que, ao frequentar o Instituto Federal, os estudantes automaticamente se tornam “ateus convictos”, e que nossos professores estariam “propagando o ateísmo”. O religioso faz ainda uma associação preocupantemente irresponsável dessas ações inverídicas ao suicídio de jovens — em pleno Setembro Amarelo, diga-se.
Mesmo compreendendo o absurdo disparate de tais declarações, entendemos que devemos manifestar nosso repúdio diante delas, uma vez que somos uma instituição que baseia todas as suas ações na disseminação do conhecimento e da Educação.
A missão oficial do IFC é a seguinte: “Proporcionar educação profissional, atuando em ensino, pesquisa e extensão comprometidos com a formação cidadã, a inclusão social e o desenvolvimento regional”. Este é o norte de nossas ações, e que permeia todas as iniciativas da nossa comunidade acadêmica — incluindo-se aí os projetos pedagógicos de nossos cursos e a atuação dos professores. Diante disso, é simples perceber que interferir sobre as escolhas religiosas de nossos estudantes não só não nos cabe, também não nos interessa, uma vez que elas nada têm a ver com nossa missão.
Inclusive, convém ressaltar que o IFC, enquanto instituição federal, atua a partir da concepção constitucional de estado laico, o que, ao contrário do que se comumente acredita, não significa o combate às religiões, e sim o acolhimento irrestrito de todas elas — incluindo o Cristianismo. A Constituição Federal assegura a liberdade religiosa, o respeito e a proteção às diversas crenças e também a separação entre Estado e Igreja — conceitos diametralmente opostos a qualquer tipo de preconceito religioso ou pregação anti-religião. E que nos são caros, enquanto instituição que se baseia em uma cultura de respeito à diversidade.
Infelizmente, essa é apenas mais uma de diversas ações difamatórias provindas de uma parcela da população que acredita ter nas instituições federais de ensino um inimigo das suas noções de moral e bons costumes. Temos diversos exemplos, entre nossas ações de Ensino, Pesquisa e Extensão, de que a atuação do Instituto Federal resulta em significativo desenvolvimento socioeconômico e cultural para as comunidades em que seus campi estão inseridos e para todo o Estado, apoiado na multiplicação do conhecimento de nossos egressos e na inovação social e tecnológica produzida por nossos extensionistas e pesquisadores. O Campus Avançado Sombrio, em atuação desde 1993, é um exemplo dessa contribuição do IFC para a região. Convidamos a comunidade de Sombrio a conhecer de perto as nossas iniciativas, e reafirmamos que atitudes como a do supracitado pároco jamais abalarão nossa dedicação à educação de qualidade e à formação cidadã de nossos estudantes — seja qual for o seu credo religioso.
Instituto Federal Catarinense, em nota disponível neste link.
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