Professora da UFFS faz balanço da primeira semana do Serviço de Triagem Médica para combater a COVID-19
Equipe formada por alunos de Medicina, professores médicos e servidores de Tecnologia e Informação (TI) participam do projeto

Publicado em: 08 de abril de 2020 17h04min / Atualizado em: 09 de abril de 2020 17h04min

O Serviço de Triagem Médica iniciou o atendimento no início da semana passada, em parceria com a Administração Municipal de Chapecó, por meio da Secretaria de Saúde, a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e a Unochapecó. O Serviço foi montado com o objetivo de combater e enfrentar a proliferação da COVID-19. Trata-se de uma espécie de consulta pelo telefone 2049-6500. Atuam no atendimento, das 7h às 19h, um grupo de cerca de 70 pessoas, entre médicos especialistas de diversas áreas, professores e alunos dos cursos de Medicina.

A UFFS está contribuindo diretamente no projeto com 17 alunos do 5º ano do curso de Medicina e seis professores médicos do curso de Medicina, todos atuando de forma voluntária. Além disso, mais cinco servidores de Tecnologia e Informação da UFFS auxiliam na infraestrutura.

Para o reitor da UFFS, Marcelo Recktenvald, "ações dessa natureza materializam o que há de melhor nas universidades e são essenciais para proporcionar à comunidade auxílio com informação científica em uma linguagem acessível, relevante e no tempo adequado. É, na prática, um ponto de convergência entre a formação de pessoal, que é resultado do investimento público, com as necessidades da população, que justificam o investimento".

Conforme a professora da UFFS – Campus Chapecó Grasiela Marcon, os alunos são responsáveis por receber as ligações dos pacientes com sintomas suspeitos de COVID-19. Até a quinta-feira da semana passada, somaram 267 ligações recebidas, sendo que 184 ligações foram realizadas para fins de monitorização dos pacientes. “Quando os estudantes atendem as ligações aplicam um protocolo específico e, após supervisionado com um médico da equipe, encaminham a devolutiva para o paciente. Existe a possibilidade de o paciente necessitar de monitorização, dependendo do quadro apresentado, e o aluno, então, ligará para o paciente com vistas a acompanhar a evolução dos sintomas diariamente até que o caso seja encerrado”, informa Marcon.

A professora Grasiela Marcon dá alguns detalhes de como ocorrem os atendimentos no dia a dia do projeto. “A recomendação é que os indivíduos que apresentem algum sintoma busquem o serviço de triagem, sendo que a prefeitura de Chapecó disponibilizou um número para orientações, de forma geral, para indivíduos assintomáticos. De acordo com a gravidade identificada através do protocolo realizado, os pacientes são classificados em vermelho, amarelo ou verde. Os pacientes classificados como vermelho são os que apresentam algum sintoma de gravidade, sendo orientado a ligar para o SAMU ou buscar algum serviço de urgência/emergência. Os pacientes classificados como amarelo são aqueles que não apresentam critérios de gravidade no momento, porém apresentam-se no grupo de risco, são os pacientes que serão monitorizados. Além disso, é possível que seja estabelecido uma conduta, inclusive farmacológica, para evitar que esse paciente busque um serviço de emergência. Já os pacientes classificados como verde são aqueles que não apresentam critérios de gravidade e não estão no grupo de risco, sendo, na maioria das vezes, apenas fornecidas orientações”.

Sobre a experiência em participar do projeto, a professora é categórica: “sem dúvidas a experiência está superando as expectativas. Nosso principal objetivo com esse projeto é evitar que os pacientes se exponham de forma desnecessária, além de evitar a sobrecarga dos serviços de emergência e reduzir a disseminação do vírus. É muito gratificante poder atuar dessa maneira. Além disso, de forma muito técnica e acadêmica, estamos participando do processo de aprendizado dos alunos que estão atuando de forma direta no atendimento aos pacientes”.

Uma das alunas de Medicina da UFFS que participa das ações do projeto é Adriana Bohna. “As pessoas nos procuram em busca de informação e atendimento médico. Muitos estão sofrendo, ansiosos, com o isolamento doméstico. Percebo que, independente da conduta médica adotada para cada caso, a conversa que temos já ajuda as pessoas. Além disso, diminuir a quantidade dos que procuram pelo atendimento médico presencial é fator de grande impacto para conter o avanço do contágio da COVID-19. Poder contribuir nesse momento de crise é uma oportunidade valiosa”, diz Adriana.

A opinião de Kássia Kramer, também aluna do curso de Medicina do Campus Chapecó, acompanha a de Adriana. “Participar desse atendimento ao Serviço de Triagem Médica está sendo um aprendizado ímpar para minha formação, ainda mais considerando o contexto em que estamos. Esse novo cenário mundial é algo muito novo e desafiador, em que muitas pessoas precisaram adaptar diversos serviços, principalmente os da saúde. Poder estar aprendendo com profissionais tão dedicados, como os médicos que fazem parte desse serviço, é excepcional. Nós, como acadêmicos, atendemos uma pessoa que não conseguimos ver, isso quebra muitos paradigmas, precisamos ser resolutivo em ajudá-la. Diante disso, como pessoa, está fazendo crescer meu lado humano no atendimento médico”.

Na percepção de Kramer, “poder ajudar uma pessoa, passando orientações, para que, ao menos, se ela precisar ir a um serviço presencial, saiba como fazer, onde faze e de que forma se comportar frente aos sintomas da doença é muito gratificante. Portanto, tem sido uma experiência desafiadora. É claro, um serviço novo, em que precisamos nos atualizar, estar em contato diário, mesmo que remoto, e buscar sempre as novas informações, a cada dia para melhor atender aquela pessoa. E a palavra que fica aos médicos que montaram esse serviço e a todos colegas que estão juntos é gratidão, por poder fazer parte e poder ajudar um pouquinho com a profissão que escolhi, de forma mais humana, nesse cenário de tristeza mundial”.