Publicado em: 14 de novembro de 2019 11h11min / Atualizado em: 18 de novembro de 2019 08h11min
As tecnologias digitais da informação e comunicação têm sido incorporadas às práticas docentes como meio para promover aprendizagens mais significativas, dentro uma metodologia de ensino ativa. Nesse contexto, desde abril de 2019 professores de Matemática da Rede Municipal de Educação de Chapecó estão participando de uma oficina na UFFS – Campus Chapecó. Eles estão sendo formados em uma área que a partir de 2020 precisarão ensinar aos seus alunos: Pensamento Computacional.
A coordenadora do projeto Pensamento Computacional e Matemática: Conexão de saberes, ao qual a oficina está ligada, professora Janice Reichert, explica que essa competência aparece diversas vezes no texto da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), aprovado em 2018, e por isso a necessidade de formação dos professores. A professora explica que a oficina aconteceu em oito encontros, num total de 32h de formação. “Tivemos três frentes de atuação: atividades desplugadas, utilização do Scratch (linguagem de programação) e robótica educacional”, conta.
Nesta quinta-feira, dia 14, os professores socializaram os trabalhos finais da oficina. “Após o 5º encontro formamos grupos de 5 ou 6 integrantes. Cada grupo ficou responsável por elaborar uma sequência didática, abordando um ou mais assuntos trabalhados na oficina, para aplicação em sala de aula, na disciplina de Matemática. Esta aplicação já está ocorrendo nas escolas. Então, nesse encontro final, a ideia foi socializar ao grupo como está ocorrendo a aplicação desta sequência didática”, explica Janice.
O professor Eduardo Giordani, da Escola de Educação Básica Jacob Ghisi, foi um dos participantes da oficina. Como aplicação prática do conteúdo da oficina, Giordani desenvolveu, com uma turma de sétima série de 28 alunos, uma didática de aplicação da regra de três para movimentação de robôs. “O objetivo foi desenvolver com os alunos uma possibilidade real de aplicação da regra de três e também mostrar que podemos utilizar a robótica para a aprender Matemática”, comenta.
Eduardo conta que na escola têm oito robôs, conquistados através de patrocínios privados. Com esse material e com o suporte de um estagiário de Ciência da Computação da UFFS, foi desenvolvido um programa base no software Arduino, para que os robôs fizessem movimentos lineares, a fim de obter valores de tempo ou distância, para ver se a execução batia com os cálculos realizados pelos alunos. “Eles aprenderam o manejo do software, a lógica da programação e também a parte dos cálculos. Os alunos realmente ficaram interessados, vendo um objetivo e um resultado prático do que estavam fazendo – no caso, a regra de três”, conta Eduardo, que avalia como bastante relevante a inclusão da robótica e do pensamento computacional nos componentes curriculares.
A coordenadora avalia que a oficina cumpriu o objetivo inicial, que era introduzir as características do pensamento computacional aos professores de Matemática. “No diagnóstico inicial, 100% dos professores informaram não saber como utilizar estas características nas suas disciplinas. Com a aplicação efetiva nas escolas conseguimos levar até os estudantes o que propõe a BNCC com relação a esta competência. A Base propõe fortemente a inclusão do pensamento computacional no componente curricular da Matemática, mas isto não exclui os demais. Pois a metodologia pode ser trabalhada desde os anos iniciais do Ensino Fundamental até o Ensino Médio, de preferência iniciando com a forma desplugada, depois passando por uma linguagem de programação e após trabalhando com a robótica pedagógica. Todas estas etapas podem ser trabalhadas de forma integrada com os componentes curriculares”, comenta.
Para o ano de 2020 o projeto dará continuidade em forma de apoio e suporte para que os professores consigam dar andamento na efetiva implementação das atividades nas escolas. “Nós acreditamos que os conceitos de pensamento computacional e robótica pedagógica podem ser integrados em componentes curriculares e não apenas como atividades extraclasse. Mas, para isto, necessita-se de professores qualificados e estrutura, como computadores mais modernos e infraestrutura de internet que permitam que a turma toda tenha acesso aos recursos”, finaliza Janice.
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