Publicado em: 14 de outubro de 2024 14h10min / Atualizado em: 14 de outubro de 2024 14h10min
Profissionais da educação dos três estados da região sul, assim como representantes de outras regiões do país, estiveram presentes nos dias 10 e 11 de outubro, no Centro de Eventos Plínio Arlindo de Nês, em Chapecó, para o I Encontro de Pesquisa e Redes de Ensino em Educação Integral da Região Sul – I EPREI-Sul. O evento foi uma oportunidade para a troca de conhecimentos e experiências e, também, para o anúncio da continuidade do Programa de Formação Continuada para Profissionais da Educação Básica na Perspectiva da Educação Integral em Tempo Integral na Região Sul, coordenado pela UFFS, no próximo ano.
Antes da realização do evento, a coordenadora geral de Ensino Fundamental do Ministério da Educação (MEC), Tereza Santos Farias, esteve reunida com o pró-reitor de Graduação da UFFS, Élsio Corá, e o reitor João Alfredo Braida, para conversar sobre a continuidade da formação no próximo ano. Para ela, “é uma honra estar vendo a universidade e a educação básica juntas e entrelaçadas construindo esse tão bonito processo formativo para os profissionais da educação da região sul do Brasil”. Assim que todos os detalhes estiverem definidos, será anunciado de que forma se dará a formação em 2025.
Programação
O primeiro dia do EPREI-Sul iniciou com uma apresentação musical feita por alunos da Escola do Campo em Tempo Integral Bela Vista, do município de Nova Itaberaba (SC). As crianças encantaram o público ao demonstrar os resultados das aulas de violão e flauta que são realizadas na escola, como parte das atividades complementares do ensino integral em tempo integral. Em seguida, na mesa de abertura, estiveram presentes representantes das instituições parceiras na realização do evento, que, em suas falas, ressaltaram a importância da união de todos em prol da implantação e fortalecimento da Educação Integral.
Na sequência da programação do primeiro dia, foram realizadas três mesas redondas: “Política e currículo na Educação Integral”, “Educação Integral e território” e “Gestão e formação continuada”. Entre os integrantes das primeiras mesas redondas, uma das mais aguardadas e prestigiadas pelo público foi Raquel Franzim, coordenadora geral de Educação Integral e Tempo Integral do MEC. Raquel destacou a ampla adesão da região sul ao Programa Escola em Tempo Integral. Segundo ela, no Paraná, 83,4% dos municípios têm políticas de Educação Integral, em Santa Catarina são 75,6% e no Rio Grande do Sul são 70,5%.
De acordo com Raquel, uma política de Educação Integral não é feita “da noite para o dia, exige intenção, sustentabilidade e aderência social”. Ela ressalta que a política deve ser pensada levando em consideração as especificidades locais e ter “a cara” da terra onde será implantada. “Falar de política local é falar do reconhecimento dos bebês, das crianças, dos adolescentes, na sua inteireza. Falar de política é falar do estudante, se a gente não enxerga o estudante na política, é um documento de gaveta”, ressalta.
No primeiro dia do EPREI-Sul houve, ainda, um momento de acolhida aos participantes, com o tema “Educação integral: passado, presente e futuro”, feito de forma remota pela professora Jaqueline Moll, docente da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRG) e da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI). Para ela, “essa articulação orgânica de educação básica e educação superior é que vai fazer toda a diferença. Todos os cursos de formação de professores precisam começar a discutir Educação Integral”, destaca.
A manhã do segundo dia foi marcada por um painel de experiências, que trouxe exemplos exitosos da Educação Integral em unidades escolares dos três estados da região sul do Brasil. A programação da última tarde do EPREI-Sul foi aberta com uma apresentação da Escola do Campo em Tempo Integral Tarumãzinho, do município de Águas Frias (RS). Os pequenos encenaram a canção “Eu quero uma escola do campo” e fizeram uma divertida apresentação de sua fanfarra. Na sequência, foi realizada a última mesa redonda do evento, intitulada “Comitês territoriais de Educação Integral”.
A conferência final “Política de valorização docente na Educação Integral”, foi ministrada por Lourival José Martins Filho, diretor de Formação Docente e Valorização dos Profissionais da Educação da Secretaria de Educação Básica do MEC. Para Lourival, “não existe uma política de Educação Integral que seja exitosa que não tenha a dimensão da ação educativa intencional. Em outras palavras, nós precisamos de professores, de diretores, de coordenadores pedagógicos, de gestores escolares que tenham isso como opção de vida e não como anexo, não como bico. Mas como uma escolha pessoal, mesmo considerando as contradições e dificuldades desse país. Uma escolha feita em prol da aprendizagem das nossas crianças”.
O I EPREI-Sul foi encerrado com uma avaliação geral do evento e com apontamentos e perspectivas para a Educação Integral, feitos pelos coordenadores estaduais do programa de formação da UFFS, Alexandre Matiello (Santa Catarina), Gilza Souza Franco (Paraná) e Danusa de Lara Bonotto (Rio Grande do Sul), e pelo presidente da Comissão Científica do I EPREI-Sul, Juares Thiesen. Em breve, como resultado do evento, deve ser divulgada a Carta da Educação Integral da Região Sul.
Toda a programação do I EPREI-Sul foi transmitida ao vivo pelo canal de Youtube @uffseducacaointegral e segue disponível para todos os interessados. Link para o canal: https://www.youtube.com/@uffseducacaointegral.
Números do I EPREI-Sul
Conforme os dados finais da organização do I EPREI-Sul, foram realizadas 938 inscrições e registrados 702 credenciamentos. Quanto aos trabalhos, foram submetidos 351 resumos, destes, 343 foram aprovados e em torno de 200 foram apresentados nas duas sessões de pôsteres realizadas durante o evento. Os resumos farão parte dos anais digitais do I EPREI-Sul e os participantes interessados em submeter os trabalhos completos têm até o dia 21 de outubro para fazer o envio do texto.
Para o coordenador geral do programa de formação e pró-reitor de Graduação da UFFS, Elsio Corá, “nesses dias em Chapecó, nosso primeiro encontro foi tecido com sentimentos profundos, entrelaçando admiração e emoção. A dedicação de cada coordenador, formador, tutor, apoiador, colaborador terceirizado, de todos e todas que contribuíram para que esse encontro acontecesse, reafirma o compromisso que compartilhamos. Cada um foi um fio essencial que, juntos, formaram a trama desse coletivo formativo”.
“A Educação Integral não é apenas uma abordagem pedagógica, é um modo de ser, uma maneira de enxergar o mundo com amplitude, empatia e interconexão. O evento não só materializou essa visão, mas sua essência já estava presente muito antes, no cuidadoso entrelaçar de ideias e ações que delinearam essa jornada. Cada detalhe foi pensado dentro da grandeza da UFFS e da Educação Integral, onde a formação humana se entrelaça em todas as suas dimensões”, completa.
Visita a escola do campo
Na manhã do dia 10, um grupo de convidados, entre os quais esteve a coordenadora geral de Educação Integral e Tempo Integral do MEC, Raquel Franzim, fez uma visita à Escola do Campo em Tempo Integral Bela Vista, no município de Nova Itaberaba (SC). O grupo foi recebido pela coordenadora pedagógica da prefeitura, Juliani Bianchi Giliori, pelo professor Airton Kerbes, pela diretora da escola, Katia Reginatto Belle, pela coordenadora pedagógica Maria Carraro, e por um animado grupo de alunos, que apresentou com orgulho as atividades desenvolvidas na escola.
Após uma recepção calorosa no portão da escola, o grupo de visitantes foi convidado a conhecer alguns dos projetos desenvolvidos, como a produção de sabão artesanal, de chás e cri-cri de laranja. Alguns dos produtos estavam disponíveis para compra e foram negociados pelas próprias crianças, que tiveram grande êxito nas vendas, afinal, cativaram os convidados com muito carisma e entusiasmo. Após uma farta mesa de café da manhã, o grupo circulou pelos diversos ambientes da escola e, ao final, foram inúmeros os elogios à estrutura e ao trabalho dos profissionais que lá atuam.
Com 122 estudantes, a unidade escolar conta com duas turmas de educação infantil e seis turmas de ensino fundamental. Além das tradicionais salas de aula, a escola dispõe de um amplo ambiente externo, onde há um parque com brinquedos adquiridos e também com estruturas construídas pelos próprios alunos, assim como horta, espaço para criação de animais e o Mato Pedagógico – uma trilha ecológica organizada em uma área cedida pelo vizinho da escola, onde são realizadas diversas atividades. A UFFS tem sido uma das instituições parceiras da escola Bela Vista.
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