Programa Letras sin Fronteras realiza tradicional viagem de estudos para a Argentina
Grupo foi formado por 40 pessoas, entre estudantes e professores dos campi Cerro Largo, Chapecó e Realeza

Publicado em: 23 de maio de 2024 18h05min / Atualizado em: 23 de maio de 2024 18h05min

No início de maio foi realizada mais uma edição da já tradicional viagem de estudos do programa Letras sin Fronteras para a Argentina, com a participação de 40 pessoas, entre alunos e professores do curso de Letras – Português e Espanhol dos campi Chapecó, Realeza e Cerro Largo. Um dos principais objetivos da viagem é o intercâmbio com instituições de ensino, nas quais o grupo realiza diversas atividades relativas aos projetos desenvolvidos dentro do programa.

No dia 7 de maio foi visitada a Escuela Normal Superior de Professores n° 2 Mariano Acosta, onde o grupo fez uma atividade oral e uma apresentação teatral com o tema “Dom Quixote no Mariano Acosta”, como parte dos projetos Grandes personajes de la literatura e Contracapa. Em seguida, no dia 9, no CECIE nº 7 - Centro Educativo Complementario de Idiomas Extranjeros foi apresentado o trabalho “Lendas do folclore do Brasil no Cecie 7”, desenvolvido em conjunto pelos projetos PerCursos Literários, Contracapa e Libros conté.

O grupo voltou a Escuela Mariano Costa no dia 11 de maio para uma última apresentação, mais uma vez com a atividade “Dom Quixote no Mariano Acosta”, além da performance “Poemas de Cristina Perri Rossi”, esta última envolvendo o projeto de cultura Grupo de Teatro La Broma. De acordo com o grupo, foi essencial o apoio das autoridades responsáveis pelas instituições de ensino visitadas, foram elas:

Na Escuela Normal Superior de Profesores Mariano Acosta - diretor de Nível Médio, Hernán Amato, reitor Marcelo Carpintero e professora de português Florencia Cicale.

No CECIE - supervisora DE 7 y 2 Gabriela Llera, nas escolas CECIE 7 a diretora Sonia Pereira e a secretária Mónica Pascuzzo, e na CECIE 17 a diretora Alejandra Robert e a secretária Ayelen Saganias, assim como as docentes de português Carolina Barriga (CECIE 7) e Débora Gulle (CECIE 17).

 

Experiência

Para a estudante Laura Hanauer, do curso Letras do Campus Chapecó, a oportunidade de participar dos projetos do Letras sin Fronteras é única e enriquecedora, “que não apenas nos aproxima da língua espanhola e da literatura, como também das inúmeras formas de trabalhá-las e de aprendê-las”. Segundo ela, ver o público ovacionar o grupo após a apresentação teatral sobre o Quixote, foi uma das melhores experiências que poderia ter tido. “A apresentação extrapolou as expectativas dos alunos, de forma que essa experiência certamente permanecerá com eles por muito tempo e, quem sabe, os fará entrar em contato com a obra de Cervantes em algum momento, o que para nós já será uma grande vitória”, destaca.

A estudante Gabriel Bevilacqua do curso de Letras do Campus Realeza, conta que apresentar os projetos no exterior revelou-se uma experiência enriquecedora. “Ao declamar poemas de Cristina Peri Rossi em espanhol para nativos, deparei-me com um desafio instigante, mas plenamente recompensador. A eloquência na língua espanhola diante de uma plateia fluente proporcionou um canal autêntico para compartilhar a poesia, imergindo-me em um contexto de expressão genuína e profunda”, afirma.

Na opinião da estudante Laura Schmitt, do curso de Letras do Campus Cerro Largo, a viagem “foi uma oportunidade única e enriquecedora para colocar em prática toda a teoria aprendida ao longo do curso. Durante os dias vivenciados em Buenos Aires, pudemos praticar a língua espanhola com nativos de diversos países hispanohablantes, como Chile, Paraguai, Colômbia, Venezuela e residentes de diferentes regiões da Argentina. Essa troca foi extremamente importante para a nossa formação docente e construção do aprendizado em língua estrangeira/espanhola”.

 

Outros locais visitados

Além de realizar atividades em instituições de ensino, o grupo visitou a Feira Internacional del Libro, o Caminito, a Librería el Ateneo e o Museo de Arte Latinoamericana, todos na cidade de Buenos Aires. Também estiveram entre os locais visitados a Plaza de Mayo e a Casa Rosada, o Obelisco, a região de Puerto Madero, o Cementerio de la Recoleta, o Barrio Chino, o Palacio Barolo, o bairro de San Telmo, o bairro de Palermo (onde se encontram inúmeros jardins, parques, museus, monumentos e a Facultad de Derecho da UBA), o Museo Sitio de Memoria, o Museo Moderno, as Galerías Pacífico e Solar de French, a calle Florida e o Teatro Colón. Foram realizadas também atividades em grupo ao longo da avenida Corrientes, onde se encontram inúmeros restaurantes, sebos, livrarias e teatros, e onde foi assistida uma peça baseada em uma obra de Federico García Lorca, “La casa de Bernarda Alba”, no Teatro CPM Multiescena.

 

Destaques

Ao serem questionadas sobre o que gostariam de destacar sobre a viagem, as estudantes pontuaram alguns aspectos interessantes sobre a Argentina. Laura Hanauer diz que o que lhe chamou a atenção foi a valorização que se dá ao português e a personalidades brasileiras. “Nas escolas que fomos, para além do ensino de língua portuguesa, também vimos desenhos de Marielle Franco nas paredes (algo difícil de encontrar em escolas brasileiras) e elementos visuais que remetem a cultura brasileira, as crianças nos respondiam em português com os olhinhos brilhando, maravilhadas com as apresentações sobre as lendas brasileiras. Existe um interesse e um acolhimento para com a língua e as culturas brasileiras que enche o coração, porém paira o questionamento sobre se no Brasil temos a mesma recepção para com o espanhol e com as culturas de nossos países vizinhos, ou se nos sentimos e nos colocamos como tão ilhados em relação ao resto da América Latina, que não procuramos nos conectar com ela de nenhuma forma”, comenta.

Para Laura Schmitt o que se destaca é a preservação da história em Buenos Aires. “Passamos por muitos prédios antigos que são utilizados até hoje, restaurados e não derrubados, preservando a história do país em suas edificações, através da arquitetura. Não somente isso, mas a preservação da memória. Em vários locais públicos, como as escolas, encontramos referências diretas ao período sombrio da Ditadura Militar. Não se esconde nem se busca esquecer, se mantém viva a memória, se busca a verdade e a justiça. Ao visitar o Museu da Memória, localizado na antiga edificação onde localizava-se a Escola Superior de Mecânica da Armada, local onde ocorriam as prisões e interrogatórios regados a tortura, hoje se mantém preservado para contar esse triste capítulo da história argentina. Espaços assim fazem muita falta no Brasil, onde também ocorreu uma ditadura militar tão sórdida quanto a argentina. Porém aqui, se questiona, se esconde, se nega. Temos muito a aprender com nosso país vizinho, principalmente a enaltecer a memória, a verdade e a justiça”, pontua.

Gabriel Bevilacqua afirma que um aspecto que se destacou para ela foi a maneira como a arte está intrinsecamente entrelaçada com a vida cotidiana dos portenhos. “Em cada esquina, em cada praça, em cada rua, era evidente as expressões artísticas. A arte em Buenos Aires não é apenas uma forma de expressão, mas sim uma parte social e cultural da cidade. Os murais coloridos, os grafites expressivos e as esculturas impressionantes não apenas embelezam os espaços públicos, mas também contam histórias, provocam reflexões e celebram a diversidade e a riqueza da cultura argentina. Além disso, a presença marcante da arte se estende aos teatros, aos museus, às galerias de arte e aos espaços culturais da cidade, onde uma infinidade de produções e exposições oferecem experiências enriquecedoras e inspiradoras para todos os gostos e interesses. A música, a dança, o teatro, a pintura - todas essas formas de arte são valorizadas, refletindo não apenas a criatividade e talento dos argentinos, mas também o profundo apreço pela expressão humana”, diz.

 

Integrantes dos projetos

Letras sin fronteras: Santo Gabriel Vaccaro (professor), María José Laiño (professora), Solange Labbonia (professora), Ana Carolina Teixeira Pinto (professora), Roberta Kolling Escalante (professora), Laura Hanauer (bolsista voluntária) e Jozilaine de Oliveira (bolsista voluntária).

Contracapa: Stefany Alencar Lira, Claudia Cristina de Oliveira Soares, Gabriel César Moura da Silva, Náthaly Alberti, Santo Gabriel Vaccaro (professor e roteirista), Solange Labbonia (professora e diretora).

Grandes personajes de la literatura: Santo Gabriel Vaccaro (professor), María José Laiño (professora), Laura Hanauer, Tereza de Siqueira Mariano da Silva, Thyago Camargo Chaves, Janice Ferreira.

PerCursos Literários: Santo Gabriel Vaccaro (professor), Laura Hanauer, Tereza de Siqueira Mariano da Silva, Thyago Camargo Chaves, Diane Brandão Munerol, Gabriel César Moura da Silva, Náthaly Alberti, Stefany Alencar Lira, Claudia Cristina de Oliveira Soares, Gabriel Bevilacqua, Elen Cristina Fingen, Ricardo Luigui Živko, Rosaline Dias da Silva.

Libros conté: Ana Carolina Teixeira Pinto (professora ), Angela Piloni, Beatriz Rodrigues de Lima, Carine da Silva, Elen Cristina Finger, Gabriel Bevilacqua, Mayara Nonnenmacher, Marieli Cristina Ribeiro, Rosaline Dias da Silva, Ricardo Luigui Živko e Vinícius Ricardo Otelakoski Vidoto.

La Broma: Ana Carolina Teixeira Pinto (professora e diretora), Gabriel Bevilacqua, Elen Cristina Fingen, Ricardo Luigui Živko, Marieli Cristina Ribeiro e Vinícius Ricardo Otelakoski Vidoto.

Galeria de Imagens: