Publicado em: 29 de abril de 2020 11h04min / Atualizado em: 10 de junho de 2020 14h06min
Acadêmicos dos cursos de Enfermagem e Medicina do Campus Chapecó, coordenados pelo professor Anderson Funai, estão desenvolvendo uma cartilha sobre melhores práticas para teleatendimento em saúde. A ideia de um teleatendimento é acompanhar, por telefone, pacientes para esclarecimento de dúvidas, oferta de orientações sobre autocuidado e manejo das ações não farmacológicas possíveis de serem implementadas em contexto doméstico.
Segundo o professor Funai, existem diversos estudos e ensaios que apontam que o teleatendimento realizado pela enfermagem apresenta bons resultados. “O atendimento de pacientes por telefone é uma tecnologia leve e com comprovação, só não temos implementação na prática brasileira. Neste período como o que estamos passando em relação à pandemia, o teleatendimento pode ser uma estratégia para prevenir quadros de descompensação de doenças crônicas e, ao mesmo tempo, de promoção da saúde mental, pelo fato de os pacientes receberem orientações de equipe de saúde qualificada”, argumenta.
O projeto tem a parceria da Secretaria Municipal de Saúde de Chapecó e, neste primeiro momento, os estudantes estão desenvolvendo uma cartilha. O objetivo é que o material funcione como apoio para a prática do teleatendimento. “Abordamos no material, por exemplo, a maneira de fazer as perguntas por telefone. Rotineiramente, os profissionais da saúde realizam perguntas fechadas ao paciente, que possibilitam uma única resposta. No material, apontamos para a necessidade de as perguntas serem mais abertas, que permitam ao paciente relatar. A ênfase da cartilha, que é o eixo do projeto, é o acompanhamento de saúde mental de pacientes com doenças crônicas como hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus, então, uma das perguntas feitas no acompanhamento pode ser sobre alimentação. Geralmente se pergunta: ‘você comeu isso ou aquilo?’. Na nossa proposta a pergunta seria: ‘Me conte o que você comeu ontem’. Assim, conseguimos mais informações sobre o paciente.”, comenta.
Funai comenta que o material também aborda outras questões, relacionadas à conduta do tratamento. “Porém a ideia maior é o treinamento mesmo, dar sugestões e instrumentalizar os profissionais a fazerem uma avaliação sucinta das condições de saúde dos pacientes atendidos de como realizar essa prática. Essa abordagem pode sinalizar que a pessoa está apresentando algum sofrimento mental”, explica o professor.
Ainda, para o professor, esse material em desenvolvimento, vai disparar ações futuras. “Projetamos, como desdobramento dessa ação de extensão em saúde, a realização de uma pesquisa. Poderíamos desenvolver um protocolo de atuação em uma unidade de saúde e avaliar se esse tipo de intervenção no contexto do Oeste de Santa Catarina interfere no desempenho do tratamento. Avaliamos fazer uma revisão integrativa da literatura para verificar quais são as principais pesquisas que validam ou não essa prática, sobre a eficácia ou não dos efeitos das consultas via chamada telefônica”, prevê. E finaliza: “para mim, o principal produto desse projeto, para os estudantes e para o próprio sistema de saúde, é que essa situação decorrente da Covid-19 nos ensinará a fazer manejo de tratamento de pacientes de outras formas”, avalia.
A previsão de entrega do material elaborado pelo projeto é para a primeira quinzena de maio. Participam do projeto, como bolsistas, os estudantes Eduarda Valcarenghi, Georgia Baldo Klaus, Eduarda Luiza Maciel da Silva e Julia Canci.
O projeto “Promoção da saúde mental e monitoramento do autocuidado em pessoas idosas em tratamento de doenças crônicas” foi selecionado pelo Edital Nº 259/GR/UFFS/2020.
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