Publicado em: 09 de setembro de 2022 10h09min / Atualizado em: 09 de setembro de 2022 11h09min
O mês de setembro alerta sobre os cuidados com a saúde mental e prevenção ao suicídio a partir da campanha “Setembro Amarelo”. Várias ações e atividades podem contribuir para os cuidados com a mente, entre elas, os exercícios físicos. A prática de esportes é recomendada pelos profissionais de saúde para todas as pessoas, com os devidos cuidados e supervisão, entretanto, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que 47% dos brasileiros são sedentários. As consequências desta rotina alteram o funcionamento de todos os sistemas do organismo, e podem vir a desenvolver inúmeros problemas, entre doenças e até a morte prematura.
O professor do curso de Medicina da UFFS – Campus Chapecó, Paulo Henrique Guerra, explica sobre dois conceitos atuais: “Pessoas que não fazem atividade física são denominadas ‘inativas’, e pessoas que passam muito tempo sentadas são denominadas ‘sedentárias’. Nessa perspectiva, a pessoa pode ser, ao mesmo tempo, inativa e sedentária, o que aumenta o risco do desenvolvimento ou agravamento de distintos indicadores negativos de saúde”, salienta Paulo.
Guerra também aborda que promover a atividade física tende a ser uma tarefa difícil. Isto porque, estudos nacionais indicam fatores interpessoais (falta de companhia ou apoio familiar) e ambientais (clima, falta de espaços adequados próximos de casa, segurança pública) entre as justificativas para não adotar esta prática, e tudo isso precisa ser levado em consideração. Ademais, é necessário respeitar os gostos, preferências e possibilidades das pessoas. “Não existem atividades físicas melhores e piores: a melhor é aquela que a pessoa se sinta confortável e goste de fazer”, ressalta o professor.
Sedentarismo e impactos na saúde mental
Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), os transtornos mentais são a principal causa de incapacidade. Em 2019, quase um bilhão de pessoas – incluindo 14% dos adolescentes – viviam com algum problema associado à saúde mental. Pessoas com condições mentalmente graves morrem em média 10 a 20 anos mais cedo do que a população em geral, principalmente devido a doenças físicas evitáveis. A OMS também alerta que quatro a cinco milhões de mortes por ano poderiam ser evitadas se a população global fosse mais fisicamente ativa.
Os transtornos mentais muitas vezes ocasionam, em uma rotina inativa e sedentária, a falta de ânimo para a prática de exercícios físicos. Dados de 2021 do inquérito nacional da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção Para Doenças Crônicas Por Inquérito Telefônico (VIGITEL), mostram que a maior parte dos adultos que vivem no Brasil não atingem o tempo recomendado de 150 minutos semanais de atividade física moderada, o que pode impactar na saúde e longevidade.
De acordo com Guerra, essa inatividade está associada negativamente às distintas dimensões da vida humana, destacando o aumento do risco às doenças crônicas não-transmissíveis, como obesidade, hipertensão arterial, diabetes tipo 2 e alguns tipos de câncer, assim como a mortalidade precoce. Apesar das estimativas de tempo recomendado, o Guia de Atividade Física para a População Brasileira orienta que ‘todo minuto conta’ e ‘quanto mais melhor’.
O professor também explica que para além dos benefícios biológicos, a atividade física é importante para promover a aproximação e socialização entre as pessoas. “Não se trata ‘apenas’ de fazer a atividade, mas ser parte de um grupo com pessoas que têm objetivos próximos, aprender e compartilhar experiências. Estudos recentes apontam que essa prática regular está associada à proteção de diversos indicadores de saúde mental, como ‘transtornos mentais comuns’ e ‘depressão’”, salienta Paulo. Ainda de acordo com o professor, os impactos da ausência de atividade física na saúde mental ficaram bem perceptíveis nos momentos mais severos da pandemia de Covid-19.
Recomendações da OMS
Entre os diversos benefícios das atividades físicas, estão a diminuição da pressão arterial, a redução do risco de acidente vascular cerebral (AVC), o auxílio na circulação sanguínea e o bem-estar físico e mental. As recomendações das diretrizes da OMS para a atividade física e comportamento sedentário estabelecem tempo para a prática de exercícios conforme cada faixa etária:
- Adultos (18 a 65 anos): De 150 a 300 minutos por semana de atividade física de intensidade moderada, ou 75 a 150 minutos de atividade física aeróbica de intensidade vigorosa. Restrições para aqueles com doenças crônicas ou alguma “incapacidade”: devem começar fazendo pequenas quantidades de atividade física e aumentar gradualmente a frequência, intensidade e duração. Recomenda-se consultar um profissional de saúde especialista na condição antes do início da prática.
- Idosos (mais de 65 anos): Devem ser tão ativos fisicamente quanto sua capacidade funcional permitir. Se estiverem bem, as quantidades e as recomendações são similares às dos adultos. Devem realizar atividades físicas com múltiplos componentes, que enfatizem o equilíbrio funcional, e um treinamento de força em três ou mais dias da semana.
- Crianças e adolescentes (5 a 17 anos): Ao menos 60 minutos por dia de atividade física, em média, com intensidade moderada a vigorosa. Atividades que fortalecem músculos e ossos devem ser incorporadas pelo menos três dias por semana.
UFFS incentiva a prática de esportes
Com a rotina cansativa de estudos, os acadêmicos também tendem a ser inativos ou sedentários. Paulo avalia que é necessário promover a oferta de espaços qualificados e atividades de interesse, a partir do diálogo com uma escuta dos estudantes em seus gostos, preferências e possibilidades. Ao entender que a saúde mental tem sido um tema emergente na sociedade, e compreender que o esporte torna as pessoas mais produtivas e dispostas, além de prevenir e combater doenças do corpo e da mente, este ano a UFFS promove a quinta edição dos Jogos Universitários da Universidade Federal da Fronteira Sul (JUFFS). O evento tem como objetivo congregar os estudantes de todos os cursos de graduação da instituição, incentivando a prática de atividades físicas e desportivas, além de promover a integração entre os cursos e campi da universidade.
O V JUFFS 2022 será disputado em 11 modalidades esportivas, entre os dias 17 a 19 de novembro, em Chapecó. Estarão presentes os seis campi da UFFS: Chapecó, Cerro Largo, Erechim, Passo Fundo, Laranjeiras do Sul e Realeza. Para o professor Paulo, esses eventos são muito importantes. “O esporte em sua forma de lazer é essencial para a vida das pessoas, tendo muitos significados, e, reconhecendo isso, é uma das pautas de grande interesse das gestões da UFFS”, finaliza.
*Texto da estagiária Luana Poletto, sob supervisão de Flávia R. Durgante
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