Publicado em: 12 de dezembro de 2023 14h12min / Atualizado em: 12 de dezembro de 2023 14h12min
No início de dezembro a UFFS protocolou junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) o seu 15° depósito de patente, intitulado “Composição de nano inseticida natural e método de preparo”, sob o registro BR 10 2023 025323 7. O estudo foi desenvolvido pelas pesquisadoras Adelita Maria Linzmeier, Alini de Almeida, Edinéia Paula Sartori Schmitz e Gisele Louro Peres, dos campi Laranjeiras do Sul e Realeza.
Para o secretário da Agência de Internacionalização e Inovação Tecnológica (AGIITEC), Milton Kist, “o registro de patentes demonstra que as pesquisas realizadas na Instituição estão voltadas para soluções de problemas da sociedade. Para os pesquisadores, titulares das patentes, é um reconhecimento da relevância do trabalho por eles desenvolvido. Além disso, o registro da propriedade intelectual qualifica mais o currículo dos pesquisadores envolvidos e melhora os índices dos programas de pós-graduação aos quais os pesquisadores estão vinculados”.
Segundo Kist, existe um grande espaço de crescimento das temáticas da inovação e propriedade intelectual na UFFS. Para compreender o nível de conhecimento dos docentes da Instituição sobre estes temas, o Departamento de Propriedade Intelectual (DEPI), vinculado a AGIITEC, está propondo um levantamento diagnóstico, realizado por meio de um formulário eletrônico disponível em: https://forms.gle/D6PsLCzAAV4TbLLx5. Com base nas respostas a esta pesquisa a AGIITEC irá propor ações e formações para qualificar a difundir a cultura da inovação na UFFS.
Nano inseticida à base de produtos naturais
O estudo que resultou no 15º depósito de patente foi desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa em Química e Tecnologia Ambiental (GPQTA). A pesquisa representa uma alternativa sustentável e eficaz para o controle de pragas na agricultura, especialmente no sistema produtivo agroecológico. O nano inseticida desenvolvido pelo grupo de pesquisa utiliza compostos presentes na farinha de algas, ou seja, é de origem natural. O produto demonstrou ser eficiente no controle da lagarta Plutella xylostella. O inseto é conhecido por ocasionar prejuízos às culturas das plantas crucíferas, entre elas estão couve, couve-flor e repolho. “O produto desenvolvido é 100% orgânico, sendo testado até o momento em média escala nesta praga que acomete plantio de couve. Há a necessidade de testá-lo em outras culturas e com outras pragas, porém como a P. xylostella é uma praga que acomete as crucíferas em geral, o produto pode ser aplicado com o intuito de controlar o inseto em outros cultivares também”, explicou a pesquisadora e professora da UFFS - Campus Realeza, Adelita Maria Linzmeier.
Também foi preciso criar alguma forma eficiente para dispersar os compostos naturais, é nesse momento que as pesquisadoras investiram na nanotecnologia, um campo científico que possibilita a elaboração de novas estruturas ou materiais a partir dos átomos, numa escala extremamente pequena. Na agricultura, conforme salientou a pesquisadora e professora da UFFS – Campus Laranjeiras do Sul Gisele Louro Peres, a nanotecnologia é uma ferramenta promissora para a formulação de novos inseticidas à base de produtos naturais.
“A inovação deste produto está no uso da metodologia que desenvolvemos onde a farinha de algas é encapsulada, de forma nanométrica, algo tão pequeno que é impossível de ser vista a olho nu. Isso aumenta o poder de penetração e a capacidade do produto se espalhar pelas folhas da planta combatendo as pragas, além de atuar como um fertilizante orgânico rico em nutrientes essenciais para as plantas. Sendo assim, o produto não é prejudicial à saúde humana e ao meio ambiente quando comparado aos métodos tradicionais de controle. Também apresenta baixo custo de produção, fácil aplicação e manuseio em relação ao controle tradicional”, defendeu Gisele.
A ideia para o desenvolvimento do produto surgiu a partir de um projeto anterior que investigava o uso de agrotóxicos e casos de contaminação entre agricultores. Na época, a pesquisa contou com a participação da estudante do curso de Ciências Biológicas, Alini de Almeida (hoje doutoranda em entomologia pela Universidade Federal do Paraná), com a orientação das duas professoras e a técnica em química, Edinéia Paula Sartori Schmitz. “Esse primeiro estudo possibilitou que o grupo de pesquisa buscasse criar alternativas para uma agricultura mais sustentável e agroecológica, melhorando também as condições ambientais, de vida e de saúde para os agricultores”, lembrou Gisele.
O depósito de patente realizado pelas quatro pesquisadoras também foi resultado de uma política da UFFS para fomentar pesquisas e experimentos na área da agroecologia. O projeto de pesquisa recebeu recursos de aproximadamente R$ 250 mil para a compra de equipamentos e insumos essenciais para o desenvolvimento do produto. “Agradecemos a AGIITEC por toda orientação e incentivo fornecidos durante o processo de registro de patente. Além do estímulo financeiro da UFFS, através da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, para a realização deste trabalho”, comentou Gisele.
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